Prevenções primária e secundária
A prevenção primária tem como objetivo cessar a doença antes de seu aparecimento por meio de diminuição ou eliminação dos fatores de risco. A prevenção primária pode incluir imunoprofilaxia (vacinações), quimioprofilaxia ( Quimioprevenção e imunização para pacientes idosos) e mudanças no estilo de vida ( Medidas de estilo de vida que auxiliam na prevenção de doenças crônicas comuns).
A prevenção secundária, visa identificar e tratar a doença na fase inicial, antes do aparecimento dos sintomas ou perdas funcionais, minimizando dessa forma a morbidade e a mortalidade.
Quimioprevenção e imunização para pacientes idosos
Medidas de estilo de vida que auxiliam na prevenção de doenças crônicas comuns
Triagem
A triagem pode ser uma medida preventiva primária ou secundária. Pode-se usar a triagem para detectar fatores de risco, que pode ser alterada para prevenir doenças, ou para detectar doenças em pessoas assintomáticas, que podem então ser tratadas precocemente.
Várias organizações publicam diretrizes de triagem, que algumas vezes diferem. Seja qual for a recomendação da diretriz, também deve-se considerar as características e preferências individuais do paciente. Para a triagem de câncer, Recomendações para triagem* de câncer em pacientes idosos, e para certas outras doenças, Recomendações para triagem selecionada em pacientes idosos.
Recomendações para triagem selecionada em pacientes idosos
Doença a ser detectada |
Exame |
Frequência |
Comentários* |
Aneurisma aórtico abdominal |
Ultrassonografia abdominal |
Faixa etária entre 65 e 75 anos |
Para homens que sempre fumaram: recomendação B da USPSTF Para homens que nunca fumaram: recomendação C da USPSTF Para mulheres que sempre fumaram: recomendação I Para mulheres que nunca fumaram: recomendação D |
Abuso ou negligência |
Perguntar sobre maus tratos (p. ex., "Existem problemas na família ou com os membros da família que você quer comentar?") |
Pelo menos uma vez |
Para todos os pacientes idosos: recomendação I da USPSTF |
Uso abusivo de álcool |
Questionário de triagem para alcoolismo (p. ex., AUDIT, AUDIT-C) |
Anualmente |
Para todos os adultos, incluindo aqueles ≥ 65 anos: recomendação B da USPSTF Para pacientes com ≥ 65 anos e teste de triagem positivo: recomendação B da USPSTF para intervenções breves de aconselhamento comportamental Para pacientes que atendem aos critérios para o alcoolismo: abstinência recomendada |
DCVA (doença cardiovascular aterosclerótica) (1) |
Critérios de Framingham, classificação de risco de Reynolds (somente até os 80 anos), estudo multiétnico da aterosclerose (MESA)—até 85 anos |
Anualmente Pessoas com múltiplos fatores de risco globais com mais frequência |
Essas ferramentas de triagem tipicamente incluem análise do perfil lipídico (p. ex., colesterol total, LDL, HDL, às vezes triglicérides) Mulheres mais velhas: triadas da mesma forma como homens mais velhos |
Transtorno cognitivo (p. ex., demência, delirium) |
Instrumento de rastreamento de transtorno cognitivo (p. ex., Mini-Cog) |
NA |
Recomendação I da USPSTF |
Depressão (transtorno depressivo maior) |
Questionário de triagem para depressão (p. ex., PHQ-2) |
Anualmente |
Para todos os adultos, incluindo aqueles ≥ 65 anos: recomendação B da USPSTF† |
Diabetes melito tipo 2 |
Nível de glicose plasmática em jejum |
Anualmente |
Até aos 70 anos para adultos com sobrepeso ou obesos: recomendação B da USPSTF Para adultos > 45 com sobrepeso, obesidade ou outros fatores de risco‡: ADA recomenda triagem a cada 1 a 3 anos (2) |
Risco de quedas |
Interpelação sobre quedas no ano anterior e sobre a dificuldade de caminhar ou equilibrar-se |
Anualmente |
Recomendação da AGS e BGS Para pacientes residentes na comunidade com ≥ 65 que têm maior risco de quedas: recomendação B da USPSTF para exercícios e suplementação de vitamina D |
Glaucoma |
Medida de pressão intraocular |
Anualmente |
Recomendação I da USPSTF |
Deficiência auditiva |
Teste de audição à beira do leito |
Anualmente |
Para todos ≥ 65 anos: recomendação I da USPSTF |
HIV |
Teste de HIV no soro, sangue ou líquido oral |
Pelo menos uma vez |
Para todos de 15–65 anos e para pacientes > 65 com fatores de risco de HIV: recomendação A da USPSTF |
Hipertensão |
Avaliação da pressão arterial |
Pelo menos a cada 2 anos para pessoas com pressão arterial < 120/80 mmHg Anualmente para pessoas com pressão arterial mais alta e/ou fatores de risco (p. ex., com sobrepeso ou obesidade, sedentarismo, forte história familiar, afro-americano) |
Para todos ≥18 anos: recomendação da USPSTF |
Obesidade ou desnutrição |
Avaliação do peso e estatura Cálculo do IMC (kg/m2)§ |
Pelo menos anualmente |
Para todos os pacientes: recomendação B da USPSTF |
Osteoporose |
Densitometria óssea |
No máximo, a cada 2 anos |
Para todas as mulheres ≥ 65: recomendação B da USPSTF |
Disfunção da tireoide (hipotireoidismo ou hipertireoidismo) |
Nível de TSH |
ND |
Recomendação I da USPSTF |
Tabagismo |
Interpelação sobre tabagismo |
Pelo menos uma vez |
Recomendação da USPSTF Para todos os indivíduos que relataram tabagismo: aconselhamento sobre cessamento e terapia farmacológica apropriada |
Déficits visuais |
Teste de acuidade visual de Snellen |
Anualmente |
Para todos ≥ 65 anos: recomendação I da USPSTF |
*Recomendações da USPSTF baseadas em fortes evidências e benefício (benefício menos danos): |
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†A USPSTF recomenda triagem apenas em consultórios com sistemas de diagnóstico para assegurar precisão, tratamento eficaz e acompanhamento. |
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‡Fatores de risco (American Diabetes Association): inatividade física, raça/etnia de alto risco, parente de primeiro grau com diabetes, HDL-C < 35 mg/dL e/ou TG > 250 mg/dL, A1C ≥ 5,7% intolerância à glicose ou glicemia de jejum alterada, história de doença cardiovascular, hipertensão, distúrbios associados à resistência à insulina como obesidade grave, acantose nigricans, síndrome do ovário policístico |
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§IMC ≥ 25 = sobrepeso; IMC ≥ 30 = obesidade |
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AAOS = American Academy of Orthopedic Surgeons; AGS = American Geriatrics Society; AUDIT = Alcohol Use Disorder Identification Test; AUDIT-C = Abbreviated AUDIT Consumption Test; BGS = British Geriatrics Society; IMC = índice de massa corporal; MESA = estudo multiétnico da aterosclerose; NA = não aplicável; PHQ-2 = Patient Health Questionnaire-2; USPSTF = U.S. Preventive Services Task Force |
Recomendações para triagem* de câncer em pacientes idosos
Referências sobre triagem
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1. Jellinger PA, Handelsman Y, Rosenblit PD, et al: American Association of Clinical Endocrinologists and American College of Endocrinology Guidelines for Management of Dysipidemia and Prevention of Cardiovascular Disease. Endocrine Practice 23:1-87, 2017. doi:10.4158/EP171764.APPGL.
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2. American Diabetes Association: Standards of medical care in diabetes. Diabetes Care 40 (1): S4-S5, 2017. doi:10.2337/dc17-S003.
Prevenção terciária
Na prevenção terciária, uma doença crônica, normalmente sintomática, é conduzida de modo apropriado para prevenir perdas funcionais futuras. Melhora-se o tratamento da doença com o uso de diretrizes e protocolos práticos específicos às doenças. Vários programas de gerenciamento de doenças têm sido desenvolvidos:
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Gerenciamento de cuidados específicos às doenças: uma enfermeira com treinamento especial, trabalhando com um médico de cuidados primários ou geriatra, coordena os cuidados direcionados pelo protocolo, organiza serviços de suporte e ensina os pacientes.
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Cuidados clínicos crônicos: os pacientes com a mesma doença crônica são ensinados em grupos e são visitados por um profissional da saúde; esta abordagem pode auxiliar os pacientes com diabetes a alcançarem o melhor controle da glicose.
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Especialistas: pacientes com doença crônica difícil de estabilizar podem ser encaminhados a um especialista. Essa abordagem funciona melhor quando o especialista e o médico de cuidados primários trabalham em colaboração.
Os pacientes com as seguintes doenças crônicas, comuns em idosos, podem potencialmente se beneficiar da prevenção terciária.
Artrite
Osteoporose
Diabetes
A hiperglicemia, principalmente quando a concentração de hemoglobina A1c é > 7,9% por, pelo menos, 7 anos, aumenta o risco de retinopatia, nefropatia, neuropatia e DAC. Deve-se ajustar os objetivos do tratamento glicêmico com base nas preferências, comorbidades e expectativa de vida do paciente. Por exemplo, os objetivos apropriados de HbA1c podem ser
O controle da hipertensão e dislipidemia em pacientes diabéticos é particularmente importante.
Instrução do paciente e avaliação dos pés em cada consulta podem ajudar a prevenir úlceras nos pés.
Doenças vasculares
Os pacientes idosos com história de DAC, doença cerebrovascular ou vascular periférica estão em elevado risco de eventos incapacitantes. O risco pode ser diminuído pelo controle rigoroso dos fatores de risco vascular (p. ex., hipertensão, tabagismo, diabetes, obesidade, fibrilação atrial, dislipidemia).