Os gastrinomas são um tipo de tumor endócrino pancreático Visão geral dos tumores endócrinos pancreáticos Os tumores endócrinos pancreáticos se originam das ilhotas e das células produtoras de gastrina e frequentemente produzem vários hormônios. Embora esses tumores se desenvolvam com mais frequência... leia mais que surge a partir das células das ilhotas, mas também pode surgir das células produtoras de gastrina no duodeno e em outros locais no corpo. Os gastrinomas ocorrem no pâncreas ou na parede duodenal em 80 a 90% das vezes. O restante localiza-se no hilo esplênico, mesentério, estômago, linfonodos e ovário. Cerca de 50% dos pacientes têm tumores múltiplos.
Os gastrinomas geralmentesão pequenos (< 1 cm de diâmetro) e crescem lentamente. Cerca de 50% são malignos.
Cerca de 40 a 60% dos pacientes com gastrinoma têm neoplasia endócrina múltipla Visão geral da neoplasia endócrina múltipla (NEM) As síndromes de neoplasia endócrina múltipla (NEM) compreendem 4 doenças familiares geneticamente distintas envolvendo hiperplasia adenomatosa e tumores malignos em várias glândulas endócrinas... leia mais , uma síndrome que está associada a tumores neuroendócrinos do pâncreas (p. ex., gastrinoma), adenomas hipofisários Tumores hipofisários A maioria dos tumores pituitários é de adenomas. Os sintomas incluem cefaleia e endocrinopatias; as endocrinopatias resultam da produção de hormônios pelo tumor ou da destruição dos tecidos... leia mais , e hiperplasia da paratireoide.
Sinais e sintomas do gastrinoma
A síndrome de Zollinger-Ellison tipicamente se apresenta como doença ulcerosa péptica Doença ulcerosa péptica Úlcera péptica é a erosão em um segmento de mucosa gástrica, classicamente no estômago (úlcera gástrica) ou nos primeiros centímetros do duodeno (úlcera duodenal), que penetra a mucosa muscular... leia mais agressiva, com úlceras ocorrendo em localizações atípicas (mais ou menos 25% estão localizadas no bulbo duodenal distal). Entretanto, cerca de 25% dos pacientes não apresentam úlcera no diagnóstico. Sintomas Sinais e sintomas Úlcera péptica é a erosão em um segmento de mucosa gástrica, classicamente no estômago (úlcera gástrica) ou nos primeiros centímetros do duodeno (úlcera duodenal), que penetra a mucosa muscular... leia mais típicos de úlcera e suas complicações Complicações Úlcera péptica é a erosão em um segmento de mucosa gástrica, classicamente no estômago (úlcera gástrica) ou nos primeiros centímetros do duodeno (úlcera duodenal), que penetra a mucosa muscular... leia mais (p. ex., perfuração, sangramento, obstrução) podem ser observados. A diarreia é o sintoma inicial em 25 a 40% dos pacientes.
Diagnóstico do gastrinoma
Nível de gastrina sérica
TC, cintilografia ou positron emission tomography (PET) para localizar
Suspeita-se de gastrinoma pela história, particularmente quando os sintomas são refratários à terapia supressora de ácido padrão.
O nível de gastrina sérica é o teste mais confiável. Todos os pacientes têm níveis > 150 pg/mL (> 72 pmol/L); níveis acentuadamente elevados de > 1.000 pg/mL (> 480 pmol/L) em um paciente com características clínicas compatíveis e hipersecreção de ácido gástrico > 15 mEq/hora estabelecem o diagnóstico. Entretanto, hipergastrinemia moderada pode ocorrer em estados de hipocloridria (p. ex., anemia perniciosa, gastrite crônica, uso de inibidores da bomba de prótons), na insuficiência renal com depuração reduzida das gastroínas, na ressecção intestinal maciça e no feocromocitoma.
O teste provocativo com secretina pode ser útil para pacientes com níveis de gastrina < 1.000 pg/mL (< 480 pmol/L). Secretina IV, em bolus, 2 mcg/kg, é administrada com mensuração seriada da gastrina sérica (10 e 1 minuto antes e 2, 5, 10, 15, 20 e 30 minutos depois da injeção). A resposta característica no gastrinoma é um aumento paradoxal dos níveis de gastrina, o contrário do que acontece em pacientes com hiperplasia de células G antrais ou úlcera péptica. Os pacientes também devem ser avaliados quanto à presença de Helicobacter pylori Diagnóstico Helicobacter pylori é um patógeno gástrico comum que causa gastrite, doença ulcerosa péptica, adenocarcinoma gástrico e linfoma gástrico de baixo grau. A infecção pode ser assintomática... leia mais , que costuma causar a formação de úlceras pépticas e o aumento moderado da secreção de gastroina.
Depois que se estabelece o diagnóstico de gastrinoma, deve-se localizar o tumor ou tumores. O primeiro teste é a TC de abdome ou a cintilografia de receptores de somatostatina, que pode identificar tanto o tumor primário quanto suas eventuais metástases. Arteriografia seletiva com magnificação e subtração é também útil. Se nenhum sinal de metástases está presente e o local do tumor primário é incerto, deve-se realizar ultrassonografia endoscópica. Injeção arterial seletiva de secretina pode ser alternativa.
Tratamento do gastrinoma
Supressão ácida
Remoção cirúrgica em casos de doença localizada
Quimioterapia para a doença metastática
Supressão ácida
Inibidores da bomba de prótons Inibidores da bomba de prótons Fármacos que diminuem a acidez gástrica são usados contra úlcera péptica, doença de refluxo gastroesofágico (DRGE) e muitas formas de gastrite. Alguns fármacos são usados em regimes para tratar... leia mais são os medicamentos de escolha (p. ex., omeprazol ou esomeprazol, 40 mg por via oral 2 vezes ao dia). A dose pode ser reduzida paulatinamente assim que os sintomas melhorarem e a produção de ácido diminuir. É necessária uma dose de manutenção; os pacientes precisam tomar esses medicamentos indefinidamente, a menos que sejam submetidos à cirurgia.
Injeções de octreotida, 100 a 500 mcg por via subcutânea 2 a 3 vezes ao dia, podem também diminuir a produção de ácido pelo estômago e ser paliativas em pacientes que não respondam adequadamente aos inibidores da bomba de prótons. Uma forma de octreotida de longa ação (20 a 30 mg IM 1 vez por mês) pode ser utilizada.
Cirurgia
A remoção cirúrgica deve ser tentada nos pacientes sem metástases aparentes por causa do alto risco de câncer subjacente. Na cirurgia, duodenotomia e transiluminação endoscópica intraoperatória ou ultrassonografia ajudam a localizar tumores.
A cura cirúrgica é possível em 20% dos pacientes se o gastroinoma não for parte de síndrome de neoplasia endócrina múltipla.
Quimioterapia
Em pacientes com doença metastática, estreptozocina em combinação com 5-fluorouracila ou doxorrubicina constitui a quimioterapia preferida para tumores das células das ilhotas pancreáticas. A combinação pode reduzir a massa tumoral (em 50 a 60%) e os níveis de gastrina sérica é um eficaz adjunto ao omeprazol.
Quimioterapias mais recentes sob investigação para insulinoma incluem regimes à base de temozolomida, everolimo ou sunitinibe. Pacientes com metástases não são curados com a quimioterapia.
Prognóstico do gastrinoma
A sobrevida de 5 e 10 anos é > 90% quando um tumor isolado é removido cirurgicamente, contra 43% em 5 anos e 25% em 10 anos quando a remoção é incompleta.
Pontos-chave
A maioria dos gastrinomas se manifesta com sintomas de úlcera péptica, mas alguns pacientes apresentam diarreia.
Cerca de metade dos pacientes tem múltiplos gastrinomas e aproximadamente metade tem síndrome de neoplasia endócrina múltipla; metade dos gastrinomas é maligna.
Os níveis de gastrina sérica geralmente são diagnósticos, mas os pacientes com níveis elevados limítrofes podem precisar fazer um teste provocativo de secretina.
Os tumores geralmente podem ser localizados com uma TC, cintilografia do receptor da somatostatina ou positron emission tomography (PET).
A secreção ácida é suprimida com um inibidor da bomba de prótons e, às vezes, também com octreotida, enquanto se aguarda a remoção cirúrgica.