Fatores de risco para gravidez de alto risco

PorRaul Artal-Mittelmark, MD, Saint Louis University School of Medicine
Revisado/Corrigido: set 2022
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Alguns fatores de risco já estão presentes quando a mulher fica grávida. Estes fatores de risco incluem

Outros problemas que aumentam o risco podem surgir durante a gravidez ou durante o trabalho de parto e parto.

A necessidade de realizar uma cirurgia, sobretudo cirurgia abdominal durante a gravidez, aumenta o risco de parto prematuro e aborto espontâneo, especialmente no início da gravidez. Assim, a cirurgia geralmente é postergada, se possível. No entanto, se necessário, a cirurgia deve ser realizada sem demora e ainda é, em geral, razoavelmente segura.

Características físicas

As seguintes características das mulheres afetam o risco durante a gravidez.

Idade

Aproximadamente 13% de todas as gravidezes ocorrem em adolescentes. As adolescentes têm um risco maior de apresentar:

As adolescentes podem ter um bebê que nasce com baixo peso (pequeno para a idade gestacional).

Parte do motivo desses riscos é que as adolescentes têm menos propensão de procurar assistência médica durante a gravidez. Assim, é possível que elas não compreendam quais atividades e comportamentos (por exemplo, fumar, beber álcool e ter relações sexuais sem um preservativo) podem colocar a gravidez em risco. Muitas adolescentes fumam. Elas também têm um risco mais elevado de contrair uma infecção sexualmente transmissível. Utilizar preservativos pode ajudar a prevenir as infecções sexualmente transmissíveis.

Mulheres com 35 anos de idade ou mais têm maior risco de ter:

Os filhos de mulheres com 35 anos de idade ou mais são mais propensos a ter defeitos congênitos, tais como defeitos cardíacos, estreitamento do esôfago (atresia esofágica), um defeito da uretra chamado hipospádia ou um defeito do crânio chamado craniossinostose.

À medida que a mulher envelhece, a avaliação genética para detectar anomalias cromossômicas se torna mais importante. Em gestantes mais velhas, uma ultrassonografia pode ser realizada para ajudar a determinar se o feto tem defeitos congênitos.

Peso

Mulheres excessivamente magras, cujo índice de massa corporal (IMC) é inferior a 19,8 (consulte a tabela Como determinar o índice de massa corporal) ou peso inferior a 45,3 kg antes de engravidarem, estão mais propensas a apresentar

  • Bebês pequenos e abaixo do peso

Mulheres com excesso de peso (cujo IMC era 25 a 29,9 antes da gravidez) e mulheres obesas (cujo IMC é superior a 30) estão mais propensas a ter os seguintes problemas:

Os médicos incentivam mulheres com excesso de peso e obesas a exercitarem-se pelo menos três vezes por semana, por um total de 150 minutos por semana. Essas mulheres devem conversar com o médico sobre quais exercícios são adequados para elas. Possivelmente será recomendado fazer alterações na dieta, de modo a torná-la mais saudável.

Altura

Mulheres de estatura inferior a 1,5 metro têm mais probabilidade de terem uma pelve pequena, o que pode dificultar a passagem do feto através da pelve e da vagina (canal vaginal) durante o trabalho de parto. Por exemplo, é provável que o ombro do feto se encaixe no osso púbico. Essa complicação é chamada de distócia de ombro. Além disso, mulheres de baixa estatura estão mais propensas a ter partos prematuros e bebês que nascem abaixo do peso (ou seja, são pequenos para a idade gestacional).

Anomalias reprodutivas

Anomalias estruturais no útero ou no colo do útero aumentam o risco de ter o seguinte:

As anomalias estruturais incluem útero duplo, miomas uterinos e um colo do útero fraco (incompetente) (insuficiência istmocervical) que tende a abrir (dilatar) conforme o feto cresce. Miomas ocasionalmente fazem com que a placenta fique mal localizada (um quadro clínico denominado placenta prévia), o trabalho de parto comece muito cedo (trabalho de parto prematuro) e causam abortos espontâneos. A insuficiência istmocervical aumenta o risco de um bebê nascer muito cedo (parto prematuro).

Problemas em uma gravidez anterior

Uma mulher que tenha tido algum problema em uma gravidez está mais propensa a ter um problema, frequentemente o mesmo, nas gestações seguintes. Esses problemas incluem a ocorrência de qualquer um dos eventos a seguir:

É possível que a mulher tenha uma doença que faça com que o mesmo problema ocorra novamente. Por exemplo, mulheres com diabetes estão mais propensas a darem à luz a bebês que pesam mais de 4,5 kg ao nascimento.

Mulheres que tiveram um bebê com doença genética ou com defeito congênito estão mais propensas a dar à luz a outro bebê com um problema semelhante. É possível que a realização de exames genéticos dos pais e do bebê, mesmo se natimorto, seja indicada antes de se tentar engravidar novamente. Se essas mulheres engravidarem novamente, exames como ultrassonografia de alta resolução, amostragem das vilosidades coriônicas e amniocentese podem ajudar a determinar se o feto tem uma doença genética ou um defeito congênito. É possível que essas mulheres sejam encaminhadas a um especialista.

Ter tido cinco ou mais gestações aumenta o risco de trabalho de parto muito rápido e sangramento excessivo após o parto.

Ter gêmeos ou mais fetos em uma mesma gravidez aumenta o risco de apresentar:

Distúrbios presentes antes da gravidez

Antes de ficar grávida, a mulher já pode presentar algum distúrbio que aumente o risco de ter problemas durante a gravidez. Essas doenças incluem

Mulheres que já tiveram algum desses distúrbios devem consultar um médico e tentar atingir o melhor estado físico possível antes de engravidar. Depois de engravidarem, é possível que elas precisem de assistência especial, que costuma ser prestada por uma equipe interdisciplinar. Essa equipe pode incluir um obstetra (que pode também ser um especialista no distúrbio), um especialista no distúrbio e outros profissionais de saúde (por exemplo, nutricionistas).

Doenças durante a gravidez

Durante a gravidez, é possível que surja um problema ou doença que faça com que a gravidez se torne de alto risco.

Alguns distúrbios que ocorrem durante a gravidez estão relacionados à gravidez (são complicações dela). Outras doenças não estão diretamente relacionadas à gravidez (consulte Gravidez complicada por doença). Determinados distúrbios têm mais probabilidade de ocorrer durante a gravidez por causa das diferentes alterações pelas quais o corpo da mulher passa durante este período.

Complicações da gravidez são problemas que ocorrem durante a gravidez. Elas podem afetar a mulher, o feto ou ambos e surgir várias vezes durante a gravidez. Por exemplo, complicações tais como placenta deslocada (placenta prévia) ou o descolamento prematuro da placenta do útero (ruptura prematura da placenta) podem causar hemorragia vaginal durante a gravidez. Mulheres com sangramento intenso têm o risco de perder o bebê ou entrar em choque e, se não forem tratadas imediatamente, podem falecer durante o trabalho de parto.

Outras complicações da gravidez incluem:

Exposições durante a gravidez

A exposição aos seguintes agentes durante a gravidez pode aumentar o risco de ter um bebê com um defeito congênito:

Estas substâncias e condições são denominadas agentes teratogênicos.

Os defeitos congênitos têm mais propensão de ocorrer se a mulher for exposta a um agente teratogênico entre a 2ª e a 8ª semana de gestação (quatro a dez semanas após o último ciclo menstrual), porque é durante essa época que ocorre a formação dos órgãos do feto. Ocorre também um aumento do risco de haver um aborto espontâneo.

Infecções que são especialmente nocivas durante a gravidez incluem

Drogas que podem aumentar o risco de apresentar defeitos congênitos incluem:

Foi demonstrado um vínculo entre a exposição a temperaturas altas (por exemplo, em uma sauna) durante o 1º trimestre e o surgimento da espinha bífida.

Mercúrio em peixes e frutos do mar

Consumir mercúrio em excesso que está presente em peixes e frutos do mar pode ser nocivo ao feto. Contudo, peixes e frutos do mar contêm nutrientes que são importantes para o crescimento e o desenvolvimento do feto e para a amamentação. Por isso, a Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos dos EUA (Food and Drug Administration, FDA) tem as seguintes recomendações para as mulheres que estão grávidas, que podem engravidar ou que estão amamentando:

  • Nunca coma peixe-agulha do Golfo do México, tubarão, peixe-espada, atum patudo, peixe-olho-de-vidro laranja ou cavala.

  • Limitar o consumo de atum branco a aproximadamente 115 gramas (uma refeição média) por semana.

  • Antes de comer peixes de lagos, rios e áreas litorâneas da sua região, pesquise as advertências sobre a segurança desses peixes e se o teor de mercúrio nesses peixes é baixo; caso não exista um aconselhamento disponível, limite o consumo a aproximadamente 115 gramas (uma refeição média) por semana e não coma outros peixes e frutos do mar com alto teor de mercúrio na mesma semana.

  • Coma entre 220 e 340 gramas (duas ou três refeições médias) de vários tipos de peixes e frutos do mar que têm baixo teor de mercúrio.

Os peixes-agulha do Golfo do México têm os níveis mais elevados de mercúrio de todos os peixes (conforme analisados pela Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos dos EUA (Food and Drug Administration, FDA), mas os peixe-agulha do Oceano Atlântico podem ser consumidos com segurança.

Peixes e frutos do mar com baixo teor de mercúrio incluem linguado, camarão, atum enlatado em água, salmão, escamudo, tilápia, bacalhau e bagre (consulte Orientações para o consumo de pescado para pessoas que podem engravidar ou que estão grávidas ou amamentando e crianças entre 1 e 11 anos de idade). Algumas autoridades (Consumer Reports: Choose the Right Fish To Lower Mercury Risk Exposure) aconselham a não consumir nenhum tipo de atum durante a gravidez.

Mais informações

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que o MANUAL não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

  1. Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC): Doenças sexualmente transmissíveis durante a gravidez: Essa página na internet oferece links para fichas informativas sobre gravidez e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), dados estatísticos (incluindo links para a prevalência de vários tipos de ISTs e seu efeito sobre gestantes e seus bebês) e links para o tratamento de vários tipos de ISTs. Ela também fornece links para informações gerais sobre gravidez e ISTs.

  2. Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos dos EUA (Food and Drug Administration, FDA): Advice about Eating Fish For Those Who Might Become or Are Pregnant or Breastfeeding and Children Ages 1–11 Years: Esse site fornece informações que podem ajudar as gestantes (bem como outras mulheres e os pais de crianças pequenas) a escolher peixes que são nutritivos e seguros para o consumo.

  3. Consumer Reports: Choose the Right Fish To Lower Mercury Risk Exposure (Como escolher o tipo correto de pescado para reduzir o risco de exposição ao mercúrio): Esse site identifica quais peixes têm baixos teores de mercúrio e quais não têm. Ele também discute qual a quantidade de mercúrio que é de fato excessiva.

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