-
O TDAH é um distúrbio cerebral presente desde o nascimento ou que se desenvolve logo após o nascimento.
-
Algumas crianças têm dificuldades principalmente com a atenção prolongada, com a concentração e com a capacidade de concluir tarefas; algumas crianças são hiperativas e impulsivas e algumas têm ambos os problemas.
-
Os médicos usam questionários preenchidos pelos pais e professores assim como observação da criança para realizar o diagnóstico.
-
Medicamentos psicoestimulantes ou outros tipos de medicamentos, além de ambientes estruturados, rotinas, um plano de intervenção escolar e modificação das técnicas de educação dos pais são, com frequência, necessárias.
O transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um distúrbio do neurodesenvolvimento. Embora crianças com TDAH geralmente se comportem de maneira hiperativa e impulsiva, o TDAH não é um distúrbio de comportamento.
Embora exista considerável controvérsia sobre o número de crianças afetadas, estima-se que o TDAH afete 8% a 11% das crianças em idade escolar, e seja duas vezes mais comum em meninos.
Muitas características do TDAH são notadas antes dos quatro e invariavelmente antes dos 12 anos de idade, mas podem não interferir significativamente no desempenho acadêmico e social até os anos escolares intermediários.
O TDAH era chamado anteriormente apenas transtorno do déficit de atenção (TDA). No entanto, a ocorrência comum de hiperatividade nas crianças afetadas, que é na verdade uma extensão física do déficit de atenção e impulsividade, levou a uma alteração da terminologia atual.
Existem três tipos de TDAH
Os sintomas do TDAH vão de leves a graves e podem se tornar exagerados ou se tornar um problema em certos ambientes, como em casa ou na escola. As restrições da escola e estilos de vida organizados tornam o TDAH um problema, enquanto que em gerações anteriores os sintomas podem não ter interferido significativamente no desempenho das crianças porque as pessoas tinham expectativas diferentes sobre o comportamento infantil normal. Embora alguns dos sintomas do TDAH possam também ocorrer em crianças sem esse transtorno, eles são mais frequentes e graves nas crianças com o déficit.
TDAH em adultos
Embora o TDAH seja considerado um transtorno que afeta crianças e sempre tem início na infância, algumas vezes ele pode não ser reconhecido até a adolescência ou idade adulta. As diferenças neurológicas continuam na idade adulta e cerca de metade das pessoas continuam a ter sintomas comportamentais na idade adulta.
Os sintomas em adultos incluem
Pode ser ainda mais difícil diagnosticar o TDAH na idade adulta. Os sintomas podem ser semelhantes àqueles dos transtornos mentais, incluindo os transtornos do humor e os transtornos da ansiedade. Adultos que praticam o abuso de álcool e de drogas recreativas podem ter sintomas semelhantes. Para poder diagnosticar o TDAH, o médico pede ao adulto para responder questionários, mas ele pode também examinar o histórico escolar para confirmar a existência de um padrão de desatenção ou impulsividade.
Os adultos com TDAH podem se beneficiar dos mesmos tipos de medicamentos estimulantes que as crianças afetadas. Eles possivelmente precisarão de terapia com o psicólogo para ajudá-los a melhorar sua habilidade de administrar o tempo e desenvolver outras técnicas para lidar com os problemas.
Causas
O TDAH não tem uma causa única específica, mas fatores genéticos (hereditários) estão com frequência presentes. Pesquisas indicam ser provável que o TDAH envolva anomalias dos neurotransmissores (substâncias que transmitem impulsos nervosos no cérebro). Alguns fatores de risco incluem baixo peso ao nascimento (abaixo de 1.500 g), traumatismo craniano, infecção cerebral, deficiência de ferro, apneia obstrutiva do sono e exposição a chumbo, assim como exposição a álcool, tabaco ou cocaína antes do nascimento.
Algumas pessoas expressaram preocupação quanto à possibilidade de aditivos alimentares e açúcar poderem causar TDAH. Ainda que algumas crianças pareçam se tornar hiperativas ou impulsivas após comer alimentos contendo açúcar, estudos confirmaram que as diferenças cerebrais que causam o TDAH estão presente ao nascimento e que alimentos e fatores ambientais não causam o transtorno.
Sintomas
O TDAH é principalmente um problema da atenção prolongada, da concentração e da persistência (capacidade de terminar uma tarefa). As crianças afetadas podem ser também superativas e impulsivas. As crianças em idade pré-escolar com TDAH podem ter problemas com a comunicação e parecem ter problemas com as interações sociais. À medida que as crianças atingem a idade escolar, elas podem parecer desatentas. Elas podem se remexer nervosamente. Elas podem ser impacientes e falar impulsivamente. Durante as últimas etapas da infância, essas crianças mexem constantemente as pernas e as mãos de forma nervosa, falam impulsivamente, esquecem coisas com facilidade e podem ser desorganizadas. Elas geralmente não são agressivas.
Cerca de 20% a 60% das crianças com TDAH têm transtornos de aprendizagem afetando a leitura, a matemática ou a linguagem escrita, e a maioria tem problemas acadêmicos como notas baixas devido à desorganização ou tarefa de casa incompleta (habilidades executivas). O trabalho escolar pode ser desorganizado, com erros motivados pelo descuido e falta de reflexão. As crianças afetadas comportam-se frequentemente como se sua mente estivesse em outro lugar e elas não estivessem ouvindo. Elas frequentemente não atendem a solicitações, nem terminam as tarefas escolares e domésticas ou outros deveres. Pode haver constantes alternâncias de uma tarefa não concluída para outra.
As crianças afetadas podem ter problemas de autoestima, depressão, ansiedade ou oposição à autoridade pela época em que alcançam a adolescência. Cerca de 60% das crianças pequenas têm problemas como ataques de raiva e a maioria das crianças maiores possui baixa tolerância à frustração.
Diagnóstico
O diagnóstico de TDAH se baseia no número, frequência e gravidade dos sinais. As crianças devem ter seis ou mais sinais de desatenção ou de hiperatividade e impulsividade (ou seis de cada grupo para diagnosticar o tipo combinado de TDAH; consulte Sinais de TDAH). Os sinais devem estar presentes em, pelo menos, dois ambientes separados (tipicamente, casa e escola). A ocorrência dos sinais apenas em casa ou apenas na escola, e em nenhum outro lugar, não se qualifica como TDAH, porque esses sinais podem ser causados pela situação específica. Os sinais devem também ser mais pronunciados do que seria esperado para o nível de desenvolvimento da criança e devem estar presentes por, pelo menos, seis meses. O diagnóstico é geralmente difícil, pois depende da opinião do observador. Além disso, as crianças que são principalmente desatentas podem não ser percebidas até o seu desempenho acadêmico ser afetado de maneira adversa.
Não existem exames de laboratório para o TDAH. Questionários sobre diferentes aspectos do comportamento e desenvolvimento podem ajudar os médicos e psicólogos a estabelecer um diagnóstico. Como os distúrbios de aprendizagem são frequentes, muitas crianças são submetidas a exames psicológicos para determinar se elas têm TDAH e para detectar a presença de um distúrbio de aprendizagem específico, seja como causa da desatenção ou como um problema coexistente.
Um exame físico e, às vezes, também são realizados vários exames de sangue e outros para excluir outros distúrbios.
Prognóstico
De forma significativa, a grande maioria das crianças com TDAH se torna adultos produtivos e pessoas com TDAH parecem se adaptar melhor ao trabalho do que à escola. Contudo, se o distúrbio não for tratado na infância, o risco de abuso de álcool ou drogas e de suicídio pode aumentar.
A desatenção das crianças com TDAH geralmente não desaparece com a idade, ainda que as crianças com hiperatividade tendam a se tornar um tanto menos impulsivas e hiperativas com a idade. Contudo, a maioria dos adolescentes e dos adultos aprende a se adaptar à sua falta de atenção. Cerca de um terço das pessoas percebem que elas continuam a se beneficiar do uso de medicamentos estimulantes.
Outros problemas que podem se manifestar e persistir na adolescência e na idade adulta incluem baixo rendimento acadêmico, desorganização (conhecidas como habilidades executivas ruins), baixa autoestima, ansiedade, depressão e dificuldade para aprender comportamentos sociais apropriados.
Tratamento
As crianças são tratadas com terapia comportamental e com medicamentos estimulantes. Os medicamentos ajudam a aliviar os sintomas e facilitam a participação das crianças na escola e em outras atividades. A terapia combinada é especialmente benéfica para crianças mais novas. Já nas crianças em idade pré-escolar, a terapia comportamental pode ser suficiente.
A lei federal dos EUA sobre educação para indivíduos com deficiências (Individuals with Disabilities Education Act, IDEA) exige que as escolas públicas ofereçam educação gratuita e apropriada para crianças e adolescentes com TDAH. A educação deve ser fornecida no ambiente menos restritivo e mais inclusivo possível, ou seja, um ambiente no qual a criança tem todas as oportunidades para interagir com outras crianças não afetadas e tenha igual acesso aos recursos da comunidade. A Americans with Disability Act e a Seção 504 da Rehabilitation Act também fornecem acomodações em escolas e outros ambientes públicos.
Farmacoterapia
Os medicamentos psicoestimulantes são o tratamento farmacológico mais eficaz. Metilfenidato e outros medicamentos semelhantes à anfetamina são os psicoestimulantes mais frequentemente receitados. Eles são igualmente eficazes e têm efeitos colaterais similares. Diversos preparados de liberação lenta (de ação mais longa) estão disponíveis, além das formas regulares, e permitem a administração da dose uma vez ao dia, podendo ajudar a evitar o uso inadequado.
Os efeitos colaterais dos medicamentos psicoestimulantes podem incluir
A maioria das crianças não apresenta efeitos colaterais, exceto talvez redução do apetite. Todos os efeitos colaterais desaparecem quando o medicamento é interrompido. Contudo, quando tomados em altas dosagens por muito tempo, os estimulantes podem ocasionalmente retardar o crescimento das crianças. Por isso, os médicos monitoram o peso e a altura. Caso a criança esteja crescendo lentamente ou apresente efeitos colaterais significativos, é possível que o médico indique tirar “férias terapêuticas”. Durante as “férias terapêuticas”, os medicamentos estimulantes são interrompidos nos períodos em que as crianças não precisam estar atentas ou concentradas, por exemplo, durante o fim de semana ou nas férias de verão. Contudo, algumas crianças têm muita dificuldade em desempenhar suas atividades mesmo fora da escola e talvez não consigam tolerar as “férias terapêuticas”.
Diversos outros medicamentos podem ser usados para tratar a falta de atenção e os sintomas comportamentais. Esses medicamentos incluem
Às vezes, uma combinação de medicamentos é usada.
Controle do comportamento
Para minimizar os efeitos do TDAH, são geralmente necessárias rotinas, estruturas, um plano de intervenção na escola e modificação das técnicas de educação dos pais. Crianças sem desafios comportamentais significativos podem se beneficiar do tratamento medicamentoso sozinho. Contudo, estimulantes não funcionam durante todo o dia, por isso adaptações podem ser necessárias para ajudar com as habilidades organizacionais e de outra natureza. Terapia comportamental conduzida por um psicólogo infantil é às vezes combinada com tratamento medicamentoso.