A maioria das lesões em músculos e tecidos que os ligam resulta de lesões ou esforço excessivo.
A parte lesionada dói (sobretudo quando for usada), fica geralmente inchada e pode apresentar hematomas.
Também pode haver presença ou desenvolvimento de outras lesões, como fraturas, luxações, danos em vasos sanguíneos e nervos, síndrome compartimental, infecções e problemas articulares duradouros.
Às vezes, os médicos conseguem diagnosticar esses problemas baseados nos sintomas, nas circunstâncias que causaram a lesão e nos resultados de um exame físico, mas às vezes são necessárias radiografias ou outros exames de diagnóstico por imagem.
A maioria das lesões cicatriza bem e causa poucos problemas, mas o tempo que demoram para cicatrizar varia, dependendo de muitos fatores, como idade da pessoa, tipo e gravidade da lesão e presença de outros distúrbios.
O tratamento depende do tipo e da gravidade da lesão e pode incluir analgésicos, PRICE (proteção, repouso, gelo, compressão e elevação [protection, rest, ice, compression, and elevation]), imobilização da parte lesionada (por exemplo, com gesso ou tala) e, às vezes, cirurgia.
Os ossos, os músculos e os tecidos que os ligam (ligamentos, tendões e outros tecidos conjuntivos, coletivamente chamados tecidos moles) formam o sistema musculoesquelético. Essas estruturas conferem ao corpo sua forma, tornando-o estável e permitindo que se movimente.
Os tecidos do sistema musculoesquelético podem ser danificados de várias formas:
Entorses: Os ligamentos (que prendem osso a osso) podem sofrer ruptura.
Estiramentos: Os músculos podem ser lacerados.
Ruptura de tendão: Os tendões (que prendem músculo a osso) podem sofrer ruptura.
Fraturas Considerações gerais sobre fraturas Uma fratura é uma rachadura ou quebra de um osso. A maioria das fraturas resulta de uma força aplicada ao osso. As fraturas geralmente resultam de lesões ou esforço excessivo. A parte lesionada... leia mais
: Os ossos podem apresentar fissuras ou fraturas. Geralmente, os tecidos circundantes também sofrem lesão.
Luxações Considerações gerais sobre luxações Uma luxação é uma separação completa dos ossos que formam uma articulação. Na subluxação, os ossos na articulação ficam parcialmente fora de posição. Muitas vezes, uma articulação permanece... leia mais : Os ossos numa articulação podem separar-se completamente um do outro (chamado luxação) ou ficar somente parcialmente fora de posição (chamado subluxação).
Entorses, estiramentos e outras lesões musculoesqueléticas variam consideravelmente quanto à gravidade e ao tratamento necessário.
Entorses e estiramentos podem ser
Leves (de 1º grau): as fibras nos músculos e ligamentos são esticadas, mas não laceradas, ou apenas algumas fibras são laceradas.
Moderados (de 2º grau): algumas ou quase todas as fibras são laceradas.
Graves (de 3º grau): todas as fibras são laceradas.
Um tendão pode também sofrer ruptura parcial ou total. Se houver ruptura total do tendão, geralmente não é possível movimentar parte do corpo afetada. Se apenas parte do tendão for rompida, o movimento não é afetado, mas o tendão pode continuar a romper-se e, mais tarde, pode romper-se totalmente, principalmente se as pessoas exercerem pressão substancial na parte afetada.
Muitas rupturas parciais em ligamentos, tendões ou músculos cicatrizam espontaneamente.
Rupturas completas muitas vezes precisam de cirurgia.
Os músculos e outros tecidos moles podem ser seriamente danificados quando um osso sofre uma fratura ou luxação. Pele, nervos, vasos sanguíneos e órgãos também podem sofrer danos. Essas lesões podem causar problemas temporários ou permanentes.
Mais frequentemente, as lesões de tecidos moles envolvem os membros, mas qualquer parte do corpo, como o pescoço Dor no pescoço Juntamente com a dor lombar, a dor no pescoço é um motivo bastante comum para consultar um médico. A dor é geralmente o resultado de problemas no sistema musculoesquelético – a coluna vertebral... leia mais ou as costas Dor lombar Dor lombar e dor no pescoço estão entre os motivos mais frequentes para consultas médicas. A dor geralmente resulta de problemas no sistema musculoesquelético, especialmente na coluna vertebral... leia mais , podem ser lesionadas.
Causas
Traumatismo é a causa mais comum de lesões nos tecidos moles e outras lesões musculoesqueléticas.
O traumatismo inclui
Força direta, como ocorre durante uma queda ou acidente com veículo motorizado, ou durante certos esportes, como futebol.
Desgaste por uso repetido, como ocorre durante as atividades diárias ou resulta de vibração ou solavancos
Uso excessivo, como ocorre quando atletas treinam em demasia
A gravidade da lesão depende parcialmente da força do impacto.
Entorses e estiramentos são lesões provocadas por esportes Lesões provocadas por esportes que ocorrem com frequência. Por exemplo, podem ocorrer durante uma corrida, principalmente quando as pessoas mudam de direção de repente, ou durante um treino de força – por exemplo, quando halterofilistas levantam ou soltam o peso muito rapidamente, em vez de realizarem o movimento lentamente.
Sintomas
O sintoma mais óbvio de lesões dos tecidos moles é
Dor
A parte lesionada dói, sobretudo quando as pessoas tentam colocar peso sobre ela ou usá-la. A área ao redor da lesão fica sensível ao toque. Outros sintomas incluem
Inchaço
Mancha roxa ou descoloração
Espasmos musculares (contração involuntária dos músculos)
Incapacidade de usar a parte lesionada normalmente
Possível perda de sensação (dormência ou sensações anormais)
Uma área que parece deformada, torcida ou fora de lugar (o que sugere que uma fratura ou luxação também ocorreu)
Muitas vezes, não é possível mover normalmente a parte lesionada (como braço, perna, mão, dedo da mão ou do pé) porque o movimento é doloroso e/ou uma estrutura (músculo, tendão ou ligamento) está lesionada.
O inchaço pode levar várias horas para se desenvolver. Se não houver nenhum inchaço após esse tempo, uma entorse grave é improvável.
Os hematomas surgem quando há sangramento debaixo da pele. O sangue pode originar-se de vasos sanguíneos rompidos no tecido lesionado. No início, o hematoma apresenta uma cor negra violácea, tornando-se verde e amarelo à medida que o sangue é degradado e reabsorvido pelo organismo. O sangue pode se mover a uma boa distância da lesão, causando um grande hematoma ou um hematoma a certa distância da lesão. Por exemplo, um hematoma na testa pode levar ao aparecimento de um hematoma debaixo dos olhos, mais tarde. Pode levar algumas semanas para o sangue ser reabsorvido. O sangue pode causar dor e rigidez temporárias nas estruturas circundantes.
Como dói muito mover a parte lesionada, algumas pessoas não querem ou não conseguem movê-la. Se as pessoas (como crianças pequenas ou pessoas idosas) não puderem falar, a recusa em mover uma parte do corpo pode ser o único sinal de uma lesão. Contudo, algumas lesões não impedem que as pessoas movam a parte lesionada. Conseguir mover uma parte lesionada não significa que não há lesão.
Complicações
As lesões de tecidos moles podem vir acompanhadas de outros problemas (complicações) ou levar a estes. Por exemplo, um membro lesionado pode não ser mais capaz de funcionar normalmente. Entretanto, complicações sérias são pouco comuns. O risco de complicações sérias aumenta se a pele for lacerada ou se os vasos sanguíneos ou nervos forem danificados.
Algumas complicações (como danos em vasos sanguíneos e nervos) surgem durante as primeiras horas ou dias após a lesão. Outras (como problemas de cicatrização Reabilitação e prognóstico e com as articulações) desenvolvem-se com o passar do tempo.
Hemorragia
Lesões de tecidos moles significativas causam sangramento sob a pele (hematomas).
Se uma pessoa estiver tomando um medicamento para evitar a formação de coágulos sanguíneos (um anticoagulante), lesões relativamente pequenas podem causar sangramento substancial.
Danos em vasos sanguíneos
Raramente, o que parece ser uma entorse grave (por exemplo, do joelho) pode ser uma luxação que se corrigiu espontaneamente. Essas luxações podem lesionar uma artéria e interromper o suprimento sanguíneo para o membro lesionado. A interrupção do fornecimento de sangue pode não causar nenhum sintoma até várias horas depois da lesão. Se não forem tratadas, essas lesões podem levar à perda do membro.
Lesão nervosa
Às vezes, os nervos são distendidos, contundidos, esmagados ou lacerados. Um golpe direto pode machucar ou esmagar um nervo. O esmagamento causa mais danos do que a contusão. Lesão nervosa provoca dormência e, às vezes, formigamento na região posterior do local da lesão do nervo. Essas lesões geralmente cicatrizam por si ao longo de semanas até meses a anos, dependendo da gravidade da lesão. Nervos lacerados não saram espontaneamente e podem ter que ser reparados cirurgicamente. Algumas lesões nervosas nunca saram totalmente.
Problemas nas articulações
As articulações podem ficar rígidas se precisarem ser mantidas imóveis (imobilizadas) por um longo período – por exemplo, numa tala ou gesso. O joelho, cotovelo e o ombro estão particularmente propensos a enrijecer-se depois de uma lesão, sobretudo em pessoas idosas.
Geralmente, é necessário fisioterapia para prevenir a rigidez e ajudar a articulação a mover-se o mais normalmente possível.
Entorses graves podem desestabilizar uma articulação. Ter articulações instáveis pode ser incapacitante e aumentar o risco de osteoartrite Osteoartrite (OA) A osteoartrite é uma doença crônica que danifica a cartilagem e os tecidos circundantes e caracteriza-se por dor, rigidez e perda da função. A artrite decorrente de lesões na cartilagem das... leia mais . O tratamento adequado pode ajudar a evitar problemas permanentes.
Síndrome compartimental
Em casos raros, o inchaço (geralmente sob o gesso) é grave o suficiente para agravar a síndrome compartimental Síndrome compartimental Síndrome compartimental é o aumento da pressão no espaço ao redor de certos músculos. Ela ocorre quando os músculos lesionados incham tanto que cortam seu suprimento de sangue. A dor no membro... leia mais . Como o inchaço exerce pressão nos vasos sanguíneos adjacentes, o fluxo sanguíneo para o membro lesionado fica reduzido ou bloqueado. Consequentemente, os tecidos no membro podem ficar danificados ou necrosar e o membro pode ter de ser amputado.
Diagnóstico
Avaliação médica
Radiografias, se necessário, para verificar se há fraturas
Às vezes, imagem por ressonância magnética ou tomografia computadorizada
Para diagnosticar entorses, estiramentos e lesões de tendão, os médicos fazem perguntas detalhadas sobre a lesão e um exame físico minucioso. Eles frequentemente podem diagnosticar lesões dos tecidos moles com base nestas informações e nos resultados do exame físico.
Se um problema musculoesquelético ocorrer subitamente, as pessoas precisam decidir se devem ir ao pronto-socorro, ligar para o médico ou aguardar e ver se o problema (dor, inchaço ou outros sintomas) desaparece e diminui por si só.
As pessoas devem ser levadas ao pronto-socorro, muitas vezes de ambulância, se quaisquer dos seguintes eventos se aplicar:
O problema é evidentemente sério (por exemplo, se tiver sido consequência de um acidente de carro ou se as pessoas não conseguirem usar a parte do corpo lesionada).
Elas suspeitarem que têm uma fratura (uma possível exceção é uma lesão em um dedo do pé ou ponta dos dedos).
Elas suspeitarem que têm uma luxação grave ou uma lesão em tecido mole (como ruptura de tendão ou entorse ou estiramento grave).
Elas apresentarem diversas lesões.
Elas tiverem sintomas de uma complicação, por exemplo, se perderem a sensação na parte do corpo lesionada, não puderem movê-la normalmente, a pele ficar fria ou azulada ou a parte lesionada ficar fraca.
Elas não conseguirem colocar nenhum peso na parte do corpo afetada.
Uma articulação lesionada parecer instável.
As pessoas devem ligar para um médico quando
A lesão causar dor ou inchaço, mas elas não acharem que a parte lesionada está fraturada ou gravemente lesionada.
Se nenhuma das opções acima se aplicar e a lesão parecer de menor gravidade, as pessoas podem ligar para o médico ou aguardar e observar se o problema desaparece por si só.
Se as lesões resultarem de um acidente sério, a primeira prioridade do médico será
Investigar se há lesões e complicações graves, como uma ferida aberta, lesão a nervos, perda de sangue significativa e síndrome compartimental Síndrome compartimental Síndrome compartimental é o aumento da pressão no espaço ao redor de certos músculos. Ela ocorre quando os músculos lesionados incham tanto que cortam seu suprimento de sangue. A dor no membro... leia mais , que podem se desenvolver quando o suprimento sanguíneo a um membro lesionado fica reduzido ou bloqueado
Por exemplo, os médicos verificam se há dormência, medem a pressão arterial (que é baixa em pessoas que perderam muito sangue), aferem as pulsações (que estão ausentes ou fracas quando há interrupção do fluxo sanguíneo) e investigam se há outros sinais de interrupção do fluxo sanguíneo, como pele pálida e fria. Havendo quaisquer dessas lesões ou complicações, os médicos as tratam conforme necessário, depois prosseguem na avaliação.
As pessoas devem ser examinadas quanto a fraturas e luxações, bem como lesões de ligamentos, tendões e músculos. Às vezes, os médicos devem primeiro se certificar de que não há fraturas antes de realizarem partes dessa avaliação.
Descrição da lesão
Os médicos pedem à pessoa (ou uma testemunha) para descrever o que aconteceu. Muitas vezes, a pessoa pode não se lembrar de como aconteceu a lesão ou não conseguir descrevê-la com exatidão. Saber como a lesão ocorreu pode ajudar os médicos a determinar o tipo de lesão. Por exemplo, se uma pessoa relatar que houve um estalo ou estouro, a causa pode ser uma lesão a um ligamento ou tendão (ou uma fratura). Além disso, os médicos perguntam em que direção a articulação foi tensionada durante a lesão. Essas informações podem ajudar os médicos a determinar que ligamentos e/ou ossos podem estar danificados.
Os médicos também perguntam quando a dor começou. Se ela tiver começado imediatamente após a lesão, a causa pode ser uma entorse grave. Se a dor tiver começado horas ou dias depois, a lesão é geralmente menos grave. Se a dor for mais intensa do que o esperado para a lesão ou se a dor piorar continuamente durante as primeiras horas depois da lesão, pode ter havido desenvolvimento de síndrome compartimental ou interrupção do fluxo sanguíneo.
O médico também pergunta à pessoa sobre lesões passadas e uso de medicamentos que possam aumentar o risco de rupturas de tendões (incluindo corticosteroides e antibióticos fluoroquinolonas, como o ciprofloxacino).
Exame físico
O exame físico inclui os seguintes (em ordem de prioridade):
Verificar se há danos aos vasos sanguíneos próximos à parte do corpo lesionada
Verificar se há danos aos nervos próximos à parte do corpo lesionada
Examinar e mover a parte lesionada
Examinar as articulações acima e abaixo da parte lesionada
Para verificar se há sinais de danos aos vasos sanguíneos e fluxo sanguíneo interrompido, os médicos verificam o pulso, a cor da pele e a temperatura. Quando o fluxo sanguíneo é interrompido (como pode ocorrer na síndrome compartimental), o pulso pode estar ausente ou fraco, e a pele pode estar pálida e fria. Os médicos medem a pressão arterial, que geralmente está baixa nas pessoas que perderam muito sangue.
Para ver se há danos aos nervos, os médicos também avaliam a sensação na pele – se a pessoa consegue sentir normalmente – e perguntam se ela tem sensações anormais, como formigamento ou dormência. Sensações anormais sugerem que os nervos foram danificados.
Os médicos tocam cuidadosamente na parte lesionada para determinar se a área está sensível e se os tendões ou os músculos parecem anormais ao toque. Se houver uma fratura ou luxação, os médicos podem sentir que os ossos estão fragmentados ou fora de lugar. Os médicos também verificam se há inchaço e manchas roxas. Eles perguntam se a pessoa consegue usar, exercer peso sobre parte lesionada e movimentá-la.
Os médicos testam a estabilidade de uma articulação movendo-a gentilmente de um modo que exerce uma tensão sobre a articulação (chamado teste de estresse). Se a articulação parecer muito instável, os médicos suspeitam que haja uma lesão grave a um ligamento (ou uma luxação). Entretanto, se é possível que haja fratura, são feitas radiografias primeiro para determinar se é seguro movimentar a articulação.
Mover a articulação afetada também pode ajudar os médicos a determinar a gravidade de uma lesão. Por exemplo, eles podem determinar a gravidade de uma entorse (ruptura de ligamento) baseados no quanto a pessoas conseguem mover a articulação e o quanto o movimento é doloroso. Quando há ruptura parcial de um ligamento, mover a articulação é muito doloroso. Quando há ruptura total de um ligamento, mover a articulação é menos doloroso porque o ligamento rompido não está sendo distendido ao se mover a articulação. Em geral, uma articulação pode ser movida mais livremente quando há ruptura de um ligamento do que quando não há e pode ser movida mais livremente quando há ruptura total do ligamento do que quando há ruptura parcial.
Como os tendões ligam os músculos aos ossos, os médicos muitas vezes determinam a gravidade de uma lesão no tendão movendo o músculo ao qual o tendão está preso. Quando há ruptura total de um tendão, mover o músculo preso ao tendão pode não mover o osso. Por exemplo, se houver ruptura total do tendão de Aquiles (que fixa os músculos da panturrilha ao osso do calcanhar), o pé não pode se mover. As rupturas parciais podem ser difíceis de detectar, pois pode parecer que a articulação está se movendo normalmente.
Se o exame físico não detectar um problema na articulação identificada como dolorosa, a lesão pode estar em outra parte. Esse tipo de dor é denominado dor referida Trajeto da dor . Por exemplo, se a articulação entre o esterno e a clavícula for lesionada, as pessoas podem sentir dor no ombro. Assim, os médicos sempre examinam a articulação acima e abaixo da articulação dolorosa para verificar a presença de lesão.
Se a dor ou os espasmos musculares interferirem no exame, os médicos podem administrar um analgésico e/ou relaxante muscular por via oral ou injeção, ou um anestésico local pode ser injetado na área lesionada para facilitar o exame. Ou a parte lesionada pode ser imobilizada até que os espasmos parem, geralmente por poucos dias, e depois examinada.
Exames
Exames de imagem são feitos para verificar se há fraturas e luxações e para identificar lesões de tecidos moles. Esses testes incluem
Radiografias, se necessário
Ressonância magnética (RM)
Às vezes, tomografia computadorizada (TC)
As radiografias não são sempre necessárias. Elas não mostram lesões nos ligamentos, tendões ou músculos. Elas mostram somente os ossos (e o líquido que se acumula ao redor de uma articulação lesionada). Entretanto, podem ser feitas radiografias para procurar fraturas e luxações, que também podem estar presentes. Além disso, as radiografias podem mostrar anormalidades na posição dos ossos, sugerindo uma entorse ou outra lesão de tecidos moles.
Se for necessário tirar radiografias, elas são feitas de, pelo menos, dois ângulos. Se houver fratura, duas radiografias podem mostrar como os fragmentos ósseos estão alinhados.
A RM pode mostrar tecidos moles, os quais não costumam ser visíveis nas radiografias. A RM ajuda a detectar lesões nos tendões, ligamentos, cartilagem e músculos.
TC ou RM podem ser feitas para procurar fraturas sutis, que podem acompanhar uma lesão de tecidos moles.
Outros exames podem ser feitos para procurar lesões que acompanham uma lesão de tecidos moles:
Angiografia Angiografia Na angiografia, raios X são usados para produzir imagens detalhadas dos vasos sanguíneos. Algumas vezes, é chamada de angiografia convencional para diferenciá-la da angiografia por tomografia... leia mais (radiografias ou TC realizadas após injeção de um meio de contraste nas artérias) para verificar se há danos em vasos sanguíneos
Tratamento
Tratamento de qualquer lesão grave ou de complicações
Alívio da dor
Proteção, repouso, gelo, compressão e elevação (PRICE)
Imobilização, geralmente com tala ou gesso
Às vezes, cirurgia
Se as pessoas acharem que têm uma lesão grave, elas devem ir ao pronto-socorro. Se elas não conseguirem caminhar ou tiverem várias lesões, elas devem ir de ambulância. Até que consigam obter ajuda médica, elas devem fazer o seguinte:
Impedir a movimentação do membro lesionado (imobilizá-lo) e apoiá-lo com uma tala improvisada, tipoia ou almofada.
Elevar o membro, se possível acima nível do coração, para limitar o inchaço
Aplicar gelo (envolvido em uma toalha ou pano) para controlar a dor e o inchaço
Tratamento de lesões sérias
No pronto-socorro, os médicos procuram lesões que requerem tratamento imediato ou que possam causar complicações sérias, como a síndrome compartimental Síndrome compartimental Síndrome compartimental é o aumento da pressão no espaço ao redor de certos músculos. Ela ocorre quando os músculos lesionados incham tanto que cortam seu suprimento de sangue. A dor no membro... leia mais . Sem tratamento, as complicações podem piorar, tornando-se mais dolorosas e tornando a perda de função mais provável.
Para garantir que a parte lesionada não fique privada de sangue, os médicos reparam cirurgicamente as artérias danificadas, a menos que elas sejam pequenas e o fluxo sanguíneo não esteja afetado.
Nervos rompidos também são reparados cirurgicamente, mas esta cirurgia pode ser adiada por até vários dias após a lesão, se necessário. Se os nervos forem machucados ou danificados, eles podem sarar por si só.
Se a pele estiver lacerada, a ferida é coberta com curativo estéril, e a pessoa machucada recebe uma vacina para prevenir tétano Vacina contra difteria, tétano e coqueluche A vacina para difteria, tétano e coqueluche é uma vacina de combinação que protege contra essas três doenças: A difteria geralmente causa inflamação da garganta e das membranas mucosas da boca... leia mais e antibióticos para ajudar a prevenir infecção. Além disso, a ferida é limpa, geralmente depois de usar um anestésico local para entorpecer a área.
Depois que as lesões graves são tratadas, os médicos se concentram no alívio dos sintomas e na imobilização das lesões de tecidos moles, conforme necessário.
Alívio da dor
A dor é tratada, normalmente com paracetamol e/ou analgésicos opioides Analgésicos opioides Analgésicos são os principais medicamentos usados para tratar a dor. O médico escolhe o analgésico em função do tipo e da duração da dor, ponderando os possíveis riscos e benefícios. A maioria... leia mais . Aspirina e outros medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides Analgésicos são os principais medicamentos usados para tratar a dor. O médico escolhe o analgésico em função do tipo e da duração da dor, ponderando os possíveis riscos e benefícios. A maioria... leia mais ) não costumam ser recomendados, pois em geral não são mais eficazes do que o paracetamol e, em algumas pessoas, podem piorar o sangramento.
PRICE
PRICE (protection, rest, ice, compression, and elevation) se refere à combinação de proteção, repouso, gelo, compressão (pressão) e elevação. Este tratamento é usado para tratar músculos, ligamentos e tendões lesionados.
A proteção ajuda a prevenir mais lesões, que poderiam piorar a original. Em geral, coloca-se uma tala ou outro dispositivo.
O repouso previne mais lesões e pode acelerar a cura. As pessoas devem limitar sua atividade e evitar usar e/ou exercer peso sobre a parte do corpo lesionada. Por exemplo, elas não devem participar de esportes de contato e devem usar muletas, se necessário.
Gelo e compressão minimizam o inchaço e a dor. O gelo é colocado em um saco plástico, toalha ou pano e aplicado por 15 a 20 minutos por vez, sempre que possível durante as primeiras 24 a 48 horas. Em geral, a compressão é aplicada à lesão com uma bandagem elástica.
Elevar o membro lesionado ajuda a drenar os líquidos para fora da lesão e, desta forma, reduzir o inchaço. O membro lesionado é elevado acima do nível do coração durante os primeiros dois dias.
Depois de 48 horas, as pessoas podem aplicar calor periodicamente (por exemplo, com uma compressa quente) por 15 a 20 minutos por vez. O calor pode aliviar a dor e acelerar a cura. No entanto, não está claro se calor ou gelo é o melhor e o que funciona melhor pode variar de uma pessoa para outra.
Imobilização
Impedir a movimentação do membro (imobilização) reduz a dor e ajuda na consolidação prevenindo lesão adicional em tecidos adjacentes. As articulações em ambos os lados da lesão são imobilizadas.
Se a imobilização for mantida por muito tempo (por exemplo, por mais do que algumas semanas em adultos jovens), a articulação pode ficar rígida, às vezes permanentemente, e os músculos podem encurtar-se (causando contraturas) ou encolher (desgastar-se, ou atrofiar). Podem surgir coágulos de sangue. Esses problemas podem se desenvolver rapidamente, e as contraturas podem ser permanentes, geralmente em pessoas idosas. Consequentemente, os médicos incentivam a movimentação assim que a lesão sarar. Eles também tendem a usar tratamentos que permitam às pessoas idosas caminharem assim que possível, em vez dos que exijam sua imobilização por um longo período (como repouso na cama ou gesso).
A necessidade de imobilização e a técnica que será usada dependem do tipo de lesão.
Se houver suspeita de ruptura parcial de um tendão ou se o diagnóstico for incerto, os médicos podem aplicar uma tala para imobilizar a parte lesionada para que o tendão possa cicatrizar. Algumas rupturas graves do tendão são imobilizadas por dias ou semanas, às vezes com gesso.
As entorses leves são imobilizadas por curto período, se tanto. Mover a parte lesionada assim que possível costuma ser o melhor tratamento. As entorses moderadas são frequentemente imobilizadas com uma tipoia ou tala por alguns dias. Algumas entorses graves e lacerações do tendão são imobilizadas por dias ou semanas, às vezes com gesso. No entanto, muitas entorses graves precisam ser reparadas cirurgicamente e nem sempre são imobilizadas.
Geralmente se usa gesso em lesões que precisam ser mantidas imobilizadas por semanas.
Para aplicar gesso, os médicos envolvem a parte lesionada em um pano, depois aplicam uma camada de material de algodão macio para proteger a pele contra pressão e fricção. Sobre esse enchimento, os médicos aplicam bandagens de algodão preenchidas com gesso umedecido ou tiras de fibra de vidro que endurecem ao secar. Frequentemente utiliza-se gesso comum para imobilizar ossos fraturados que foram separados porque ele molda bem e tem menos probabilidade de atritar-se contra o corpo. Gessos de fibra de vidro são mais fortes, mais leves e mais duráveis. Depois de uma semana mais ou menos, o inchaço cede. Aí o gesso comum pode, às vezes, ser substituído por gesso de fibra de vidro para encaixe mais confortável do membro.
As pessoas que necessitam de gesso recebem instruções especiais para seus cuidados. Se não houver cuidados certos com o gesso, podem surgir problemas. Por exemplo, se o gesso ficar úmido, o enchimento de proteção debaixo dele poderá ficar úmido e pode ser impossível secá-lo completamente. Consequentemente, a pele pode amolecer e romper-se e podem se formar feridas. Além disso, se o gesso comum ficar úmido, ele pode se desfazer e deixar de proteger e imobilizar a área lesionada. As pessoas são instruídas a manter o gesso o mais elevado possível, ao nível do coração ou acima dele, principalmente nas primeiras 24 a 48 horas. Elas também devem flexionar e estender seus dedos regularmente ou mexer seus dedos. Essas estratégias ajudam a drenar o sangue do membro lesionado e, assim, prevenir inchaço.
Raramente, o gesso causa dor, pressão ou dormência que permanece constante ou piora com o tempo. Esses sintomas devem ser relatados ao médico imediatamente. Esses sintomas podem ser devidos ao desenvolvimento de uma úlcera de decúbito Úlceras de decúbito As úlceras de decúbito são áreas de pele danificadas que decorrem da falta de irrigação sanguínea devido à pressão prolongada. As úlceras de decúbito muitas vezes resultam da pressão combinada... leia mais ou síndrome compartimental Síndrome compartimental Síndrome compartimental é o aumento da pressão no espaço ao redor de certos músculos. Ela ocorre quando os músculos lesionados incham tanto que cortam seu suprimento de sangue. A dor no membro... leia mais . Nesses casos, os médicos podem ter que retirar o gesso e aplicar outro.
Pode-se usar uma tala para imobilizar algumas entorses e outras lesões, principalmente se elas tiverem que ser mantidas imóveis por apenas alguns dias ou menos. As talas permitem às pessoas aplicar gelo e movimentar-se com mais liberdade do que um gesso.
A tala é uma haste comprida e estreita de gesso comum, fibra de vidro ou alumínio aplicada com bandas elásticas ou uma cinta. Como a tala não circunda completamente o membro, há espaço para alguma expansão devido ao inchaço. Assim, uma tala não aumenta o risco de desenvolver uma síndrome compartimental. Algumas lesões que acabam por exigir gesso são primeiramente imobilizadas com uma tala até que a maior parte do inchaço ceda.
Uma tala é capaz de fornecer algum apoio por si só. As tipoias podem ser úteis quando a imobilização completa tem efeitos indesejáveis. Por exemplo, se um ombro for completamente imobilizado, os tecidos ao redor da articulação podem ficar rígidos, às vezes em dias, impedindo que o ombro se mova (chamado ombro congelado). As tipoias restringem o movimento do ombro e do cotovelo, mas permitem o movimento da mão.
Uma bandagem, que é um pedaço de pano ou tira, pode ser usada com a tipoia para impedir que o braço balance para fora, sobretudo à noite. A bandagem é colocada ao redor das costas da pessoa e sobre a parte lesionada.
Técnicas frequentemente utilizadas para imobilizar uma articulação
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Cirurgia
Muitas entorses de 3º grau e lacerações de tendão requerem reparo cirúrgico.
Às vezes, é utilizada a cirurgia artroscópica Cirurgia minimamente invasiva . Para este procedimento, um tubo de visualização do tamanho de um lápis é inserido na articulação por uma incisão diminuta. Este procedimento é feito mais frequentemente para reparar ligamentos no joelho (entorses de joelho Entorses no joelho e lesões relacionadas As entorses do joelho ocorrem quando há ruptura dos ligamentos que prendem o osso da coxa (fêmur) ao osso da canela (tíbia). Os amortecedores de cartilagem (meniscos), que atuam como absorvedores... leia mais
) ou almofadas de cartilagem (meniscos) no joelho.
Reabilitação e prognóstico
A maioria das lesões de tecidos moles sara bem e gera poucos problemas. Entretanto, algumas não saram completamente mesmo que forem diagnosticadas e tratadas adequadamente.
O tempo que uma lesão demora para sarar varia de semanas a meses dependendo do(a)
Tipo de lesão
Localização da lesão
A idade da pessoa
Outros distúrbios presentes
Por exemplo, crianças saram muito mais depressa do que adultos, e alguns distúrbios (incluindo os que causam problemas com a circulação, como diabetes Complicações dos vasos sanguíneos no diabetes A pessoa com diabetes mellitus pode apresentar várias complicações de longo prazo que afetam muitas áreas do corpo, sobretudo os vasos sanguíneos, os nervos, os olhos e os rins. (consulte também... leia mais e doença arterial periférica Considerações gerais sobre a doença arterial periférica A doença arterial periférica causa a diminuição do fluxo sanguíneo nas artérias do tronco, braços e pernas. Na maioria das vezes, os médicos usam o termo doença arterial periférica para descrever... leia mais
), retardam a cura. As rupturas parciais nos ligamentos, tendões e músculos tendem a sarar espontaneamente, mas as rupturas completas muitas vezes requerem cirurgia.
Ficar imobilizado enrijece as articulações, e os músculos enfraquecem e encolhem porque não são usados. Se um membro for imobilizado em gesso, a articulação afetada fica mais rígida a cada semana, e as pessoas acabam não conseguindo estender e flexionar o membro totalmente. Esses problemas podem se desenvolver rapidamente e se tornar permanentes, geralmente em pessoas idosas. Depois de usar um gesso longo na perna (parte superior da coxa até dedos do pé) por algumas semanas, os músculos geralmente encolhem tanto que as pessoas conseguem enfiar a mão no espaço, antes estreito, entre o gesso e a coxa. Quando o gesso é retirado, os músculos estão muito fracos e parecem nitidamente menores.
Para prevenir ou minimizar a rigidez e ajudar as pessoas a manter a força muscular, os médicos ou fisioterapeutas recomendam exercícios diários, incluindo exercícios de amplitude de movimento Exercícios de amplitude de movimento Fisioterapia, um componente de reabilitação, consiste em exercitar e manipular o corpo com ênfase nas costas, nos braços e nas pernas. Pode melhorar a função articular e muscular, ajudar as... leia mais e exercícios de fortalecimento muscular Exercícios de fortalecimento muscular Fisioterapia, um componente de reabilitação, consiste em exercitar e manipular o corpo com ênfase nas costas, nos braços e nas pernas. Pode melhorar a função articular e muscular, ajudar as... leia mais . Enquanto a lesão está cicatrizando, as pessoas podem exercitar o resto do corpo, conforme instruído pelo médico ou fisioterapeuta.
Depois que a lesão tiver cicatrizado o suficiente e a articulação não estiver mais imobilizada, as pessoas podem começar a exercitar o membro lesionado. Ao realizar exercícios, elas devem prestar atenção às sensações que derivam do membro lesionado e evitar realizar exercícios fortes demais. Se os músculos estiverem fracos demais para que as pessoas os exercitem, o fisioterapeuta move os membros por elas (chamado exercício passivo Aumento da amplitude de movimento dos ombros ). Contudo, basicamente, para reconquistar a força total de um membro lesionado, as pessoas precisam mover seus próprios músculos (chamado exercício ativo).
Exercícios para melhorar a amplitude de movimento e a força muscular, bem como para fortalecer e estabilizar a articulação lesionada, podem ajudar a prevenir a recorrência de lesões e o comprometimento duradouro.
A maioria das pessoas sente algum desconforto durante as atividades, mesmo depois que as lesões tiverem sarado o suficiente para permitir que coloquem seu peso todo sobre a parte lesionada.