O exame do olho

PorLeila M. Khazaeni, MD, Loma Linda University School of Medicine
Revisado/Corrigido: mai 2022
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Uma pessoa com sintomas nos olhos deve ser examinada por um médico. No entanto, algumas doenças oculares causam poucos ou nenhum sintoma nos estágios iniciais, por isso os olhos devem ser examinados com regularidade (a cada um ou dois anos, ou mais frequentemente nos casos em que existe alguma doença ocular) por um oftalmologista ou um optometrista. O oftalmologista é o médico especializado na avaliação e tratamento (cirúrgico e não cirúrgico) de doenças oculares. O optometrista é o profissional de saúde especializado no diagnóstico e tratamento de problemas de visão ou de refração (erros de refração).

O interior do olho

O diagnóstico das doenças oculares inicialmente se baseia nos sintomas, no aspecto dos olhos e nos resultados do exame.

A pessoa com problemas no olho ou de visão descreve o local e a duração dos sintomas e o oftalmologista procede ao exame dos olhos, da zona circundante a estes e, possivelmente, de outras partes do corpo, dependendo da causa suspeita. Em geral um exame do olho inclui refração, exame de campo visual, oftalmoscopia (também chamado de fundoscopia), um exame com lâmpada de fenda e tonometria. Depois de pedir que o paciente olhe em toda as direções, o examinador pode determinar como os nervos cranianos que suprem os músculos que movimentam os olhos (músculos extraoculares) estão funcionando.

Refração

Refração é o procedimento pelo qual se avaliam os erros de focalização. Os problemas de acuidade visual (nitidez da visão) resultantes de erros de refração, tal como a miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia são diagnosticados por refração. Geralmente, a acuidade visual é medida usando uma escala que compara a visão de uma pessoa a 6 metros com a de alguém com uma visão perfeita. Desse modo, uma pessoa com visão de 20/20 vê objetos que se encontram a 6 metros de distância com a mesma nitidez que uma pessoa com visão normal, mas uma pessoa que tem visão de 20/200 vê a 6 metros, com nitidez, somente o que a pessoa com visão perfeita vê a cerca de 61 metros.

Um importante exame de acuidade visual é medido através da tabela de Snellen (gráfico ocular), um cartão grande ou uma caixa iluminada, que mostra filas de letras que vão diminuindo de tamanho. O gráfico é lido a uma distância padrão. O grau de acuidade visual é determinado pelo tamanho das letras que a pessoa consegue ler. Para pessoas que não sabem ler, é utilizada uma tabela modificada na qual as letras são representadas pela letra "E" maiúscula e que é girada aleatoriamente. A pessoa deve dizer para que lado o "E" está voltado. Se a pessoa não consegue ler nada que está na tabela, o examinador pode tentar saber se a pessoa consegue contar os dedos dele e se as mãos dele se movem. A visão de perto também é examinada ao se pedir à pessoa que leia um cartão colocado próximo ou um impresso a uma distância de 35 centímetros.

Refração automatizada é feita com um dispositivo que determina o erro de refração do olho ao medir como a luz muda ao entrar no olho. A pessoa se senta de frente para o auto refratômetro, um feixe de luz é emitido do aparelho, e é aferida a resposta do olho. O dispositivo utiliza essa informação para calcular a prescrição das lentes, necessária para corrigir o erro de refração. Fazer essa determinação demora apenas alguns segundos.

O foróptero é o dispositivo frequentemente utilizado, junto com a tabela de Snellen, para determinar quais as melhores lentes corretivas para uma pessoa que precisa de óculos ou lentes de contato. O foróptero contém uma gama de lentes corretoras que permite à pessoa comparar os diferentes níveis de correção enquanto visualiza a tabela. Geralmente, o oftalmologista utiliza o foróptero para retificar a informação obtida a partir do auto refratômetro, antes de prescrever as lentes.

Teste de campo visual

O campo visual é a totalidade da área de visão, perceptível a partir de cada olho, incluindo os cantos (visão periférica). O campo visual faz parte do exame oftalmológico de rotina. Também pode ser realizado com mais detalhes se uma pessoa notar alterações específicas na visão como por exemplo, se continua indo de encontro aos objetos em um lado. A forma mais simples de examinar a visão periférica é aquela em que o médico se senta, de frente para o paciente, e move um dedo ou outro pequeno objeto na direção do centro da visão da pessoa, de cima para baixo, esquerda e direita. O paciente avisa o médico quando detecta o movimento do dedo. Para o resultado do teste ser válido, a pessoa deve fixar a visão na face do médico (e não olhar para o dedo ou para o objeto). O olho que não está sendo testado fica fechado.

O campo visual pode ser medido em detalhes com uma tela tangente ou um perímetro de Goldmann. Com esses testes, a pessoa olha para o centro de uma tela negra ou para um buraco no centro de um dispositivo esférico de cor branca (que se assemelha a uma pequena antena parabólica). Então, partindo de diferentes pontos da tela ou da esfera, move-se lentamente um objeto (ou uma luz), desde a periferia até o centro do campo visual. A pessoa indica quando vê a luz do canto do olho. É colocada uma marca na tela ou no perímetro para indicar onde o paciente consegue ver e onde reconhece os pontos cegos. Os campos visuais também podem ser medidos usando um perímetro automatizado ou computadorizado. Nesse teste, a pessoa olha para o centro de um disco grande e pressiona um botão quando vê um raio de luz.

A grade de Amsler é utilizada para examinar a área central da visão. A grade consiste de um cartão negro, coberto por uma grade branca e um ponto branco no centro. A pessoa deve apontar qualquer distorção das linhas que compõem a grade. Cada olho é testado a distância normal de leitura e se a pessoa usa óculos, estes devem ser usados durante o teste. Se uma área da grade não for vista, pode haver um ponto cego anormal. Além da área testada da tela de Amsler, há um ponto cego normal e pequeno onde o nervo óptico sai do olho. Contudo, as pessoas não têm consciência desse ponto cego normal. Linhas onduladas ou uma área inexistente (que não o ponto cego normal) sugerem um possível problema na mácula. O teste é muito simples e pode ser realizado em casa para monitorar a degeneração macular.

Testes de visão de cor

Podem ser utilizados vários testes para detectar a diminuição da percepção de algumas cores (daltonismo). As placas de cor de Ishihara, mais frequentemente utilizadas, são pequenos pontos coloridos e agrupados em um fundo branco formando um grande círculo. Números ou símbolos coloridos ficam escondidos nas áreas dos pontos coloridos. Os pontos são dispostos de maneira que as pessoas com visão normal para cores vejam um determinado número. As pessoas com daltonismo veem outro número ou nenhum, dependendo do tipo de daltonismo que tenham.

Oftalmoscopia

Um oftalmoscópio direto é um dispositivo manual, semelhante a uma pequena lanterna com lente de aumento. Com o oftalmoscópio o médico ilumina o olho para examinar a córnea, cristalino, humor vítreo (substância gelatinosa que preenche o a parte posterior do olho), retina, nervo óptico e veias e artérias da retina (consulte Estrutura e função dos olhos). A pessoa olha para a frente enquanto o raio de luz ilumina dentro do olho. É comum usar colírio para dilatar a pupila, o que permite ao médico ter uma visão melhor do olho.

A oftalmoscopia é indolor, mas se for usado colírio para dilatar as pupilas, a visão pode ficar temporariamente turva e a sensibilidade à luz aumenta durante algumas horas depois.

O que é o oftalmoscópio?

O oftalmoscópio é um instrumento que permite examinar a parte interior do olho. O instrumento é composto por um espelho angulado, várias lentes e uma fonte de luz. Com esse aparelho, o médico consegue ver a retina, o nervo óptico, a veia e as artérias da retina, e alguns problemas que podem afetar o humor vítreo (a substância gelatinosa do olho).

A oftalmoscopia faz parte de um exame regular dos olhos. A oftalmoscopia é útil não só para detectar alterações na retina, devido a doenças próprias do olho, mas também para detectar algumas doenças que afetam outras partes do corpo. Por exemplo, ela é usada para

Os tumores na retina podem ser observados através da oftalmoscopia. Também pode ser diagnosticada a degeneração da mácula por meio da oftalmoscopia.

Oftalmologistas e optometristas também usam um instrumento chamado oftalmoscópio indireto. Na oftalmoscopia indireta, um dispositivo binocular é colocado na cabeça do examinador, enquanto este segura uma lente na mão, colocada à frente do olho do paciente, para focalizar a imagem no interior do olho. Esse método oferece uma visualização tridimensional permitindo uma visão melhor de objetos com profundidade, incluindo a retina descolada. Ele também permite utilizar uma fonte de luz brilhante, o que é especialmente importante se o interior do olho estiver turvo, como por exemplo, no caso de catarata. O oftalmoscópio indireto possibilita um exame ocular mais amplo do que o oftalmoscópio direto, uma vez que permite ao médico visualizar uma área maior da retina.

Exame com lâmpada de fenda

O que é uma lâmpada de fenda?

Uma lâmpada de fenda é um instrumento que permite ao médico examinar a totalidade do olho em alta resolução e que também permite o exame em profundidade. A lâmpada de fenda focaliza uma luz brilhante no olho.

A lâmpada de fenda consiste num microscópio binocular, montado sobre uma mesa, que emite uma luz brilhante, permitindo ao médico examinar a totalidade do olho com uma alta resolução. A lâmpada de fenda tem um sistema óptico melhor que o do oftalmoscópio, possibilitando a ampliação da imagem e a visão tridimensional, com a qual se pode medir a profundidade. Uma lâmpada de fenda é o melhor instrumento para examinar as seguintes estruturas:

  • Pálpebras

  • Tecidos e pele ao redor dos olhos

  • Íris

  • Superfície do olho (incluindo a córnea e a conjuntiva)

  • Humor aquoso (o líquido na parte frontal do olho entre a córnea e a íris)

É comum o uso de colírio para dilatar a pupila para que o médico possa ter uma visão melhor dos olhos, incluindo cristalino, humor vítreo, retina e nervo óptico. Por vezes, nas pessoas que têm ou possam ter glaucoma, é colocada uma lente adicional à frente do olho, que permite examinar o ângulo entre a íris e a parte frontal do olho (superfície interior da córnea). Esse exame se chama gonioscopia.

Tonometria

Com a tonometria é medida a pressão dentro do olho. A pressão normal dentro do olho é de 8 a 21 milímetros de mercúrio (mmHg). A pressão no olho é medida para detectar determinados tipos de glaucoma e controlar o seu tratamento.

O tonômetro de sopro de ar sem contato com a córnea é utilizado para registrar a pressão elevada no olho. Apesar de esse dispositivo não ser muito exato, é útil para identificar pessoas que possam precisar de outros exames. É dirigido à córnea um ligeiro sopro de ar que obriga a piscar, mas não é incômodo. O sopro de ar aplana a córnea e o dispositivo mede o tempo (em milésimos de segundo) em que este isto ocorre. A córnea de um olho com pressão normal demora menos tempo para aplanar do que a de um olho com pressão elevada.

A tonometria por aplanamento é um método mais exato. O tonômetro por aplanamento quase sempre é fixado à lâmpada de fenda. Depois de anestesiar o olho com colírio, o tonômetro de aplanamento é movido com cuidado e apoiado sobre a córnea, enquanto o médico observa pela lâmpada de fenda. A quantidade de pressão necessária para aplanar a córnea é diretamente proporcional à pressão dentro do olho.

Instrumentos de aplanação portáteis também são usados para tonometria. É utilizado colírio para anestesiar o olho e o instrumento é colocado com cuidado sobre a córnea e obtém-se a leitura. Tonômetro de aplanação portáteis podem ser usados no pronto-socorro ou no consultório do médico, para detectar rapidamente o aumento da pressão no olho. Um tonômetro de rebote manual pode ser usado para medir a pressão dentro do olho sem o uso de colírios para anestesiar o olho. Ele é útil em crianças e é amplamente usado no pronto-socorro por médicos que não são oftalmologistas.

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