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Complicações do Diabetes mellitus

Por

Erika F. Brutsaert

, MD, New York Medical College

Revisado/Corrigido: out 2022
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A pessoa com diabetes mellitus pode apresentar várias complicações de longo prazo que afetam muitas áreas do corpo, sobretudo os vasos sanguíneos, os nervos, os olhos e os rins.

Existem dois tipos de diabetes mellitus:

Em ambos os tipos, a quantidade de açúcar (glicose) no sangue está elevada.

As pessoas com diabetes tipo 1 ou tipo 2 têm grande probabilidade de apresentar complicações, como resultado de nível elevado de glicose. No entanto, uma vez que o diabetes tipo 2 pode estar presente por algum tempo antes de ser diagnosticado, as complicações no diabetes tipo 2 podem ser mais graves ou estar mais avançadas quando são descobertas.

As pessoas com diabetes mellitus podem ter muitas complicações graves em longo prazo. Algumas dessas complicações começam meses depois do surgimento de diabetes; no entanto, a maioria tende a surgir após alguns anos. A maioria das complicações piora gradualmente. Controlar rigorosamente o nível de glicose no sangue em pessoas com diabetes faz com elas fiquem menos propensas a ter essas complicações ou que elas venham a piorar.

Causas das complicações do diabetes mellitus

A maioria das complicações do diabetes são o resultado de problemas com os vasos sanguíneos. Os níveis glicêmicos que permanecem elevados durante um longo período fazem com que pequenos e grandes vasos sanguíneos estreitem. O estreitamento reduz o fluxo de sangue para várias partes do corpo e leva a problemas. Há várias causas para o estreitamento dos vasos sanguíneos:

Tipos de complicações do diabetes

Complicações dos vasos sanguíneos no diabetes

Com o passar do tempo, o estreitamento dos vasos sanguíneos pode causar danos ao coração, cérebro, pernas, olhos, rins, nervos e pele, dando origem à angina Angina Angina é uma dor no peito temporária ou uma sensação de pressão que ocorre quando o músculo cardíaco não está recebendo oxigênio suficiente. O indivíduo com angina costuma sentir desconforto... leia mais , insuficiência cardíaca Insuficiência cardíaca (IC) Insuficiência cardíaca é um distúrbio em que o coração não consegue suprir as necessidades do corpo, causando redução do fluxo sanguíneo, refluxo (congestão) de sangue nas veias e nos pulmões... leia mais Insuficiência cardíaca (IC) , acidentes vasculares cerebrais Considerações gerais sobre o acidente vascular cerebral Um acidente vascular cerebral ocorre quando uma artéria no cérebro fica bloqueada ou se rompe, resultando na morte de uma área do tecido cerebral devido à perda do suprimento sanguíneo (infarto... leia mais , cãibras nas pernas ao caminhar (claudicação), visão prejudicada, doença renal crônica Doença renal crônica A doença renal crônica é uma diminuição lenta e progressiva (durante meses ou anos) da capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue. As causas principais são diabetes e pressão... leia mais , danos aos nervos (neuropatia Polineuropatia A polineuropatia é a disfunção simultânea de vários nervos periféricos por todo o organismo. Infecções, toxinas, medicamentos, câncer, deficiências nutricionais, diabetes, doenças autoimunes... leia mais ) e ulcerações na pele.

Infecção no diabetes

As pessoas com diabetes frequentemente apresentam infecções bacterianas e fúngicas, geralmente na pele e boca. Quando os níveis de glicose no sangue são elevados, os glóbulos brancos não conseguem combater as infecções de maneira eficaz. Toda a infecção que surge tende a ser mais grave e demorar mais tempo para sarar em pessoas com diabetes. Às vezes, uma infecção é o primeiro sinal de diabetes.

Um exemplo desse tipo de infecção é uma infecção fúngica denominada candidíase Candidíase A candidíase é uma infecção fúngica causada por várias espécies da levedura Candida, principalmente Candida albicans. O tipo mais comum de candidíase é uma infecção superficial... leia mais Candidíase . A levedura Candida reside, normalmente, na boca, no aparelho digestivo e na vagina e, de forma geral, não causa lesão. No entanto, em pessoas com diabetes, a Candida pode infectar as membranas mucosas e as regiões úmidas da pele causando erupções cutâneas nesses locais.

Além disso, as pessoas com diabetes são particularmente propensas a apresentar úlceras e infecções nos pés e nas pernas devido à má circulação na pele. É muito frequente que essas feridas tenham uma cicatrização muito lenta ou nunca cheguem a cicatrizar. Quando as feridas não cicatrizam, elas normalmente ficam infectadas e isso pode causar gangrena Gangrena gasosa A gangrena gasosa é uma infecção do tecido muscular com risco à vida causada principalmente pela bactéria anaeróbia Clostridium perfringens e por várias outras espécies de clostrídios... leia mais (morte do tecido) e infecção óssea (osteomielite Osteomielite A osteomielite é uma infecção óssea geralmente causada por bactérias, micobactérias ou fungos. As bactérias, micobactérias ou fungos podem infeccionar os ossos, disseminando-se através da corrente... leia mais ). Pode ser necessário amputar o pé ou parte da perna.

Problemas nos olhos no diabetes

O dano nos vasos sanguíneos do olho pode causar perda de visão (retinopatia diabética Retinopatia diabética A retinopatia diabética é uma lesão da retina (estrutura transparente e sensível à luz, localizada na parte posterior do olho) que tem como causa o diabetes. Os vasos sanguíneos na retina podem... leia mais Retinopatia diabética ). A cirurgia a laser pode selar o sangramento dos vasos sanguíneos do olho e evitar o dano permanente à retina. Às vezes, é possível utilizar outras formas de cirurgia ou medicamentos injetáveis. Por esse motivo, os diabéticos devem realizar anualmente um exame ocular para verificar se há sinais prévios de danos.

Retinopatia diabética
VÍDEO

Danos hepáticos no diabetes

Lesão renal no diabetes

É possível que ocorra um mau funcionamento dos rins, que causa doença renal crônica Doença renal crônica A doença renal crônica é uma diminuição lenta e progressiva (durante meses ou anos) da capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue. As causas principais são diabetes e pressão... leia mais que pode precisar de diálise Diálise A diálise é um processo artificial para remover os resíduos e excesso de líquidos do corpo, um processo que é necessário quando os rins não estão funcionando adequadamente. Há uma série de razões... leia mais Diálise ou transplante renal Transplante de rim Transplante renal é a remoção de um rim saudável de uma pessoa viva ou recentemente falecida e sua transferência para uma pessoa com insuficiência renal terminal. (Consulte também Considerações... leia mais Transplante de rim . O médico normalmente examina a urina dos diabéticos quanto à presença de uma concentração excepcionalmente elevada de proteína (albumina), que é um sinal precoce de danos renais. Assim que surgem os primeiros sinais de complicações renais, as pessoas costumam receber medicamentos que retardam o avanço de danos renais, como, por exemplo, inibidores do cotransportador de sódio-glicose tipo 2 (SGLT2) (medicamentos que aumentam a secreção da glicose na urina), inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA) ou bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA).

Nefropatia diabética
VÍDEO

Lesão nervosa no diabetes

As lesões nervosas podem se manifestar de várias formas. Caso ocorra o mau funcionamento de um único nervo, pode haver o enfraquecimento repentino do braço ou da perna. Caso ocorra lesão aos nervos das mãos, pernas e pés (polineuropatia Polineuropatia A polineuropatia é a disfunção simultânea de vários nervos periféricos por todo o organismo. Infecções, toxinas, medicamentos, câncer, deficiências nutricionais, diabetes, doenças autoimunes... leia mais diabética), a sensação pode ficar alterada, com o surgimento de formigamento ou ardência e fraqueza nos braços e pernas. As lesões nos nervos da pele tornam as lesões repetidas mais frequentes porque as pessoas tendem a não sentir mais as mudanças na pressão ou na temperatura.

Problemas de pé no diabetes

O diabetes causa muitas mudanças no corpo. As seguintes alterações nos pés são frequentes e difíceis de tratar:

  • As lesões no nervo (neuropatia) afetam a sensibilidade dos pés ao ponto de não se sentir dor. Irritação e outras formas de lesão podem passar desapercebidas. Uma lesão pode perfurar a pele antes de a pessoa sentir qualquer dor.

  • As alterações na sensibilidade mudam a forma como o diabético suporta o peso em seus pés e os concentra em determinadas áreas para formarem calosidades. As calosidades (e pele seca) aumentam o risco de feridas na pele.

  • O diabetes pode causar má circulação nos pés, formar úlceras mais provavelmente quando a pele estiver lesionada e formar úlceras mais difíceis de curar.

Como o diabetes pode afetar a capacidade de o organismo combater infecções, uma úlcera no pé, após formada, torna-se facilmente infectada. Devido à neuropatia, é possível que a pessoa não sinta desconforto decorrente da infecção até ela ter se tornado grave e difícil de ser tratada, o que dá origem à gangrena Gangrena gasosa A gangrena gasosa é uma infecção do tecido muscular com risco à vida causada principalmente pela bactéria anaeróbia Clostridium perfringens e por várias outras espécies de clostrídios... leia mais . O diabético tem 30 vezes mais probabilidade de ter de amputar um pé ou uma perna do que um não diabético.

O cuidado com os pés é fundamental (consulte Cuidado com os pés Cuidados com os pés A doença arterial periférica oclusiva consiste no bloqueio ou estreitamento de uma artéria nas pernas (ou, raramente, nos braços), geralmente devido a aterosclerose e resultando em diminuição... leia mais Cuidados com os pés ). Os pés devem ser protegidos contra lesões e a pele deve ser mantida hidratada com um bom creme hidratante. Os sapatos devem se ajustar adequadamente e não provocarem nenhuma área de irritação. Os sapatos devem ter amortecimento adequado para distribuir a pressão originada quando se está de pé. Não é aconselhável andar descalço. O cuidado regular de um podólogo (médico especializado em cuidar dos pés) para lixar as unhas dos pés e tratar as calosidades, pode ser útil. Além disso, a sensibilidade e a circulação sanguínea dos pés devem ser avaliadas em intervalos regulares pelo médico.

Tabela

Monitoramento e prevenção de complicações do diabetes

No momento do diagnóstico e, em seguida, pelo menos anualmente, as pessoas com diabetes tipo 2 são monitoradas quanto à presença de complicações do diabetes, como danos nos rins, olhos e nervos. Em pessoas com diabetes tipo 1, os médicos começam a monitorar as complicações cinco anos após o diagnóstico. Normalmente, os exames preventivos incluem o seguinte:

  • Exame dos pés para testar a sensibilidade e verificar sinais de má circulação (úlceras, perda de cabelo)

  • Exame dos olhos (realizado por um oftalmologista)

  • Exames de sangue e urina da função renal

  • Exames de sangue para medir os níveis de colesterol

  • Às vezes, um eletrocardiograma

Cuidados adequados com os pés e exames oftalmológicos regulares podem ajudar a prevenir ou retardar o início das complicações do diabetes. Pessoas com diabetes recebem a vacina contra o Streptococcus pneumoniae, hepatite B e COVID-19, e o médico normalmente recomenda que elas tomem a vacina anual contra a gripe, uma vez que pessoas com diabetes correm risco de contrair infecções.

Você sabia que...

  • As pessoas que conseguem controlar rigorosamente a glicemia talvez consigam minimizar ou adiar as complicações do diabetes.

Prevenção da hipoglicemia

Um dos desafios de tentar controlar rigorosamente os valores da glicemia é que níveis baixos de glicose no sangue (hipoglicemia Hipoglicemia A hipoglicemia é a presença de níveis excepcionalmente baixos de açúcar (glicose) no sangue. A causa mais comum da hipoglicemia são os medicamentos tomados para controlar o diabetes. Causas... leia mais ) podem ocorrer com alguns dos medicamentos hipoglicemiantes que costumam ser tomados (por exemplo, insulina ou sulfonilureias). O reconhecimento da presença de um nível baixo de glicose no sangue é importante, porque o tratamento da hipoglicemia representa uma emergência. Os sintomas podem incluir dor de fome, batimento cardíaco acelerado, tremores, sudorese e incapacidade de pensar com clareza.

Se a hipoglicemia for muito grave, é preciso fornecer glicose ao organismo rapidamente para evitar a ocorrência de danos permanentes e aliviar os sintomas. Na maioria das vezes, as pessoas podem ingerir açúcar. Praticamente qualquer forma de açúcar é suficiente, embora a glicose funcione mais rapidamente do que o açúcar de mesa (o açúcar de mesa geralmente é a sacarose). Muitos diabéticos levam consigo comprimidos de glicose ou bolsas de gel de glicose. Outras opções são beber um copo de leite (que contém lactose, um tipo de açúcar), água glicosada ou suco de frutas, ou comer um pedaço de bolo, alguma fruta ou outro alimento doce. Em situações mais graves, talvez seja necessário que profissionais de saúde de emergência injetem glicose na veia.

Outro tratamento para hipoglicemia inclui a utilização de glucagon. O glucagon pode ser injetado no músculo ou inalado na forma de pó nasal, estimulando o fígado a liberar grandes quantidades de glicose no prazo de alguns minutos. Pequenos kits portáteis contendo uma seringa ou uma caneta injetora automática contendo glucagon estão disponíveis para pessoas que frequentemente têm episódios de níveis baixos de glicose no sangue usarem em emergências quando elas não têm como consumir açúcar por via oral.

Mais informações

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo conteúdo dos recursos.

OBS.: Esta é a versão para o consumidor. MÉDICOS: VISUALIZAR A VERSÃO PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE
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