Câncer de esôfago

(Câncer do esôfago)

PorMinhhuyen Nguyen, MD, Fox Chase Cancer Center, Temple University
Revisado/Corrigido: mar 2021
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Fatos rápidos
  • O câncer de esôfago se origina nas células que revestem a parede do esôfago (o tubo que conecta a garganta ao estômago).

  • O uso de tabaco e de álcool, infecções por papilomavírus humano e certos distúrbios esofágicos são os principais fatores de risco para certos tipos de câncer de esôfago.

  • Os sintomas característicos incluem dificuldade em engolir, perda de peso e posteriormente, dor.

  • O diagnóstico é baseado em uma endoscopia.

  • A menos que detectado com antecedência, quase todos os casos de câncer de esôfago são fatais.

  • Cirurgia, quimioterapia e várias outras terapias podem ajudar a aliviar os sintomas.

Os tipos mais comuns de câncer de esôfago se desenvolvem nas células que revestem a parede do esôfago e incluem:

  • o carcinoma de células escamosas, que ocorre com mais frequência na parte superior do esôfago;

  • o adenocarcinoma, que ocorre com mais frequência na parte inferior.

Esses tipos de câncer podem se assemelhar a uma estenose (constrição) do esôfago, uma saliência, uma zona plana anormal (placa) ou uma ligação anormal (fístula) entre o esôfago e as vias respiratórias que abastecem os pulmões.

Entre os tipos menos frequentes de câncer de esôfago encontram-se os leiomiossarcomas (câncer do músculo liso esofágico) e o câncer metastático (disseminado a partir de outra parte do corpo).

Estima-se que o câncer de esôfago seja responsável por 18.440 casos e 16.170 mortes por ano nos Estados Unidos. Tanto o carcinoma de células escamosas quanto o adenocarcinoma, são mais comuns em homens. O carcinoma de células escamosas é mais comum entre os negros, enquanto o adenocarcinoma é mais comum entre brancos. O carcinoma de células escamosas é o tipo mais comum de câncer de esôfago no mundo, mas a frequência do adenocarcinoma tem aumentado rapidamente nos Estados Unidos e é, atualmente, o tipo mais comum, sobretudo em homens da raça branca.

Fatores de risco do câncer de esôfago

O tabagismo (de qualquer tipo) e a ingestão de álcool são os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de esôfago, embora isso ocorra com frequência no carcinoma de células escamosas do que no adenocarcinoma. Pessoas que tiveram determinadas infecções causadas pelo papilomavírus humano, que tiveram câncer de cabeça ou de pescoço, ou receberam radioterapia esofágica para o tratamento de câncer em regiões próximas, correm um risco maior de desenvolver de câncer de esôfago.

Pessoas com distúrbios esofágicos de base como, por exemplo, a acalasia, membranas esofágicas (síndrome de Plummer-Vinson) ou estenose causada pela ingestão de substâncias corrosivas (como soda cáustica), também apresentam maior risco de desenvolver o câncer esofágico de célula escamosa. A maioria dos adenocarcinomas desenvolve-se em pessoas com um quadro clínico pré-canceroso, chamado de esôfago de Barrett. O esôfago de Barrett desenvolve-se pela irritação prolongada do esôfago, devido a um refluxo repetido de ácido gástrico (refluxo gastroesofágico). Pessoas obesas apresentam maior risco de adenocarcinoma, devido ao maior risco de desenvolvimento de refluxo gastroesofágico.

Esôfago de Barrett
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Um constante vai e vem do ácido gástrico (refluxo) pode fazer com que as células do esôfago sofram alterações e se tornem pré-cancerosas. Nessa fotografia, as áreas vermelhas são exemplos dessas alterações.
Imagem fornecida pela Dra. Kristle Lynch.

Sintomas do câncer de esôfago

Na sua fase inicial, o câncer de esôfago pode não ser detectado. O primeiro sintoma do câncer esofágico costuma ser a dificuldade em engolir alimentos sólidos, que se desenvolve à medida que o câncer cresce e causa o estreitamento do esôfago. Várias semanas mais tarde, torna-se difícil engolir sólidos moles e em seguida, até líquidos e saliva. A perda de peso é comum, mesmo quando a pessoa afetada mantém boa alimentação. A pessoa pode sentir dores no peito que dão a impressão de radiar para as costas.

À medida que o câncer avança, vários nervos e outros tecidos e órgãos são frequentemente afetados. O tumor pode comprimir o nervo responsável pelo controle das cordas vocais, podendo causar rouquidão. A compressão dos nervos circundantes pode causar dor na coluna vertebral, paralisia do diafragma e soluços. O câncer costuma se disseminar aos pulmões, onde pode causar falta de ar, e ao fígado, podendo causar febre e inchaço abdominal. A disseminação para os ossos pode causar dor. A disseminação para o cérebro pode causar dor de cabeça, confusão e convulsões. A disseminação para o intestino pode causar vômitos, sangue nas fezes e anemia por deficiência de ferro. A disseminação para os rins é geralmente assintomática.

Nas suas fases finais, o câncer pode obstruir completamente o esôfago. A deglutição torna-se impossível, causando acúmulo de secreções na boca, o que pode causar grande aflição.

Diagnóstico do câncer de esôfago

  • Endoscopia e biópsia

  • Ingestão de bário

  • Tomografia computadorizada (TC)

  • Ultrassonografia

A endoscopia, procedimento no qual um tubo flexível de visualização (endoscópio) é inserido por via oral para visualizar o esôfago, é o procedimento diagnóstico mais indicado quando há suspeita de câncer de esôfago. A endoscopia também permite ao médico a coleta de amostras de tecido (biópsia) e células soltas (citologia esfoliativa) para análise posterior.

Um procedimento radiológico denominado estudo radiológico com ingestão de bário (em que a pessoa ingere uma solução de bário visível nas radiografias) também pode ser útil para evidenciar a obstrução. Tomografia computadorizada torácica e abdominal e ultrassonografia realizada por um endoscópio (consulte exame de imagem por ultrassom) no esôfago podem ser feitas para melhor avaliar a extensão do câncer.

Prognóstico do câncer de esôfago

Como o câncer de esôfago não é geralmente diagnosticado antes da disseminação da doença, o índice de mortalidade é muito alto. Menos de 5% das pessoas têm sobrevida superior a cinco anos. Muitas morrem no prazo de um ano após os primeiros sintomas. As exceções incluem adenocarcinomas que são diagnosticados quando ainda são muito rasos (superficiais). Esses tipos de câncer rasos são ocasionalmente curados pela cauterização por ondas de rádio (ablação por radiofrequência) ou por remoção endoscópica.

Como quase todos os casos de câncer de esôfago são fatais, o principal objetivo do médico é controlar os sintomas, sobretudo a dor e a dificuldade em engolir, o que pode assustar muito a pessoa e os seus parentes.

Tratamento do câncer de esôfago

  • Remoção cirúrgica

  • Quimioterapia combinada com radioterapia

  • Imunoterapia combinada com quimioterapia no caso de câncer avançado

  • Alívio dos sintomas

A cirurgia para eliminar o tumor oferece um alívio mais prolongado, mas raramente pode curá-lo, uma vez que, no momento da intervenção cirúrgica, o câncer pode já ter se disseminado. A quimioterapia, em associação à radioterapia ( see page Terapia de câncer combinada) pode aliviar os sintomas e prolongar a sobrevida por alguns meses. Às vezes, uma combinação de radioterapia com quimioterapia é realizada antes da cirurgia e pode aumentar a sobrevida.

A imunoterapia engloba a administração de medicamentos que estimulam o sistema imunológico do organismo a combater o câncer. Esses tratamentos são direcionados a características genéticas específicas das células tumorais. A imunoterapia combinada com quimioterapia é um tratamento recomendado para o carcinoma de células escamosas do esôfago avançado e para o adenocarcinoma de esôfago.

Outras medidas têm como objetivo aliviar os sintomas, principalmente a dificuldade em engolir. Tais medidas incluem a dilatação da área estenosada do esôfago e, em seguida, a inserção de um tubo flexível de malha de metal (um stent vascular) para manter o esôfago aberto, a queima do câncer por laser para ampliar a abertura e o uso de radioterapia para destruir o tecido canceroso responsável pela obstrução do esôfago.

Uma técnica mais recente para aliviar os sintomas é a terapia fotodinâmica, em que um produto fotossensível (meio de contraste) é administrado por via intravenosa 48 horas antes do tratamento. O contraste é absorvido pelas células cancerosas em maior grau do que pelas células normais que rodeiam o tecido esofágico. Quando ativadas pela luz de um laser que se introduz no esôfago através de um endoscópio, o produto fotossensível destrói o tecido, desobstruindo assim o esôfago. A terapia fotodinâmica destrói as lesões obstrutivas mais rapidamente do que a radioterapia ou a quimioterapia, em pessoas incapazes de tolerar a cirurgia devido à deterioração avançada do seu estado de saúde.

Uma orientação nutricional adequada faz com que o tratamento seja possível e mais bem tolerado. Se a pessoa for capaz de engolir, poderá tomar complementos concentrados de líquidos nutritivos. É possível que pessoas que não conseguem engolir precisem ser alimentadas através de um tubo estomacal inserido pela parede abdominal (tubo de gastrostomia).

Uma vez que a morte é provável, uma pessoa com câncer de esôfago deve tomar todas as providências necessárias. A pessoa deve conversar francamente com o médico sobre as suas preferências em relação aos cuidados médicos (consulte Instruções Prévias) e sobre a necessidade de cuidados terminais.

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