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Incongruência de gênero e disforia de gênero

PorGeorge R. Brown, MD, East Tennessee State University
Revisado/Corrigido: jul 2023
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A incongruência de gênero é uma experiência marcada e persistente de incompatibilidade entre a identidade de gênero de uma pessoa e o gênero esperado com base no sexo ao nascimento. A disforia de gênero é diagnosticada quando uma pessoa com incongruência de gênero apresenta angústia psicológica significativa (por exemplo, depressão ou ansiedade) ou comprometimento funcional associados à incongruência de gênero. O diagnóstico é definido pela angústia que a pessoa sente e não pela presença de incongruência de gênero.

  • Algumas pessoas sentem que seu gênero não é compatível com seu sexo ao nascimento (transgênero) (consulte Definições da terminologia em relação a sexo e gênero).

  • Algumas pessoas transgênero desenvolvem disforia de gênero e sofrem angústia ou comprometimento do desempenho funcional relacionados a uma incompatibilidade entre sua identidade de gênero e o gênero de nascimento.

  • O médico faz o diagnóstico da disforia de gênero tomando por base os sintomas significativos de angústia psicológica (por exemplo, ansiedade ou depressão).

  • As opções de tratamento para aliviar a angústia incluem transição social (viver como o gênero identificado, mesmo sem tratamentos médicos ou cirúrgicos), psicoterapia para tratar depressão ou ansiedade, terapia hormonal de afirmação de gênero e/ou cirurgia de confirmação de gênero.

Algumas pessoas sentem constantemente que estão vivendo em um corpo que não é compatível com sua percepção interna de ser do sexo masculino, feminino ou outro gênero (identidade de gênero). Esses sentimentos podem começar durante a infância. Por exemplo, algumas pessoas que são designadas como do sexo masculino ao nascimento sentem como se fossem uma mulher aprisionada no corpo de um homem e vice-versa.

Algumas pessoas sentem que não são nem do sexo masculino nem do feminino, que são algo entre os dois, que são uma combinação dos dois ou que sua identidade de gênero muda. Embora a terminologia continue a evoluir, os termos a seguir costumam ser usados atualmente:

  • Cisgênero descreve pessoas cuja identidade de gênero e expressão de gênero se alinham com o sexo atribuído ao nascimento.

  • Transgênero é um termo geral que descreve pessoas cujas identidades de gênero ou expressões de gênero diferem daquelas normalmente associadas ao sexo atribuído ao nascimento (transsexual é um termo desatualizado que parou de ser usado por especialistas em identidade de gênero).

  • O termo não conformidade de gênero descreve pessoas cuja identidade de gênero ou expressão de gênero difere das normas de gênero associadas ao sexo atribuído ao nascimento.

  • O termo gênero não binário descreve pessoas que têm mais de uma identidade de gênero simultaneamente ou em momentos diferentes.

  • O termo genderqueer (não binário) descreve pessoas cuja identidade de gênero não é estritamente masculina nem feminina e pode incluir ambas ou nenhuma delas.

(consulte Definições da terminologia em relação a sexo e gênero para obter uma definição expandida deste e de outros termos).

O número de pessoas que se identificam como transgênero é desconhecido. Alguns estudos descobriram que entre 0,5% e 1% dos adultos e ente 1% e 8% das crianças e adolescentes se consideram transgênero ou com diversidade de gênero. Entre as pessoas transgênero, um número menor de indivíduos atende aos critérios para disforia de gênero.

Uma sensação de incompatibilidade entre o sexo de nascimento e a identidade de gênero não é considerada um transtorno de saúde mental. Às vezes, uma pessoa transgênero sente angústia emocional significativa ou problemas funcionais que estão relacionados à sensação de incompatibilidade de identidade de gênero. Os termos médicos para essas experiências incluem

  • A incongruência de gênero é uma experiência marcada e persistente de incompatibilidade entre a identidade de gênero de uma pessoa e o gênero esperado com base no sexo que lhe foi atribuído ao nascimento. Isso é considerado uma variante normal da identidade de gênero humano, não um transtorno de saúde mental.

  • A disforia de gênero é um diagnóstico que talvez seja feito pelo médico quando uma pessoa com incongruência de gênero apresenta angústia psicológica significativa ou comprometimento funcional associados à incongruência de gênero. O diagnóstico é definido pela angústia que a pessoa sente e não pela presença de incongruência de gênero. A angústia normalmente é uma combinação de ansiedade, depressão e irritabilidade.

É possível que a pessoa com incongruência de gênero ou disforia de gênero queira mudar sua expressão de gênero (transição de gênero). Elas talvez procurem ajuda e apoio de amigos, familiares, grupos de apoio ou profissionais de saúde para tomar decisões e tomar medidas para fazer uma transição social (viver como o gênero identificado) ou uma transição médica (medicamentos ou cirurgia para mudar as características físicas para corresponder ao gênero com o qual se identificam).

Definições da terminologia em relação a sexo e gênero

As definições da terminologia em relação a sexo e gênero incluem:

  • Sexo: diz respeito a características biológicas, tais como órgãos genitais, cromossomos e hormônios, usadas para classificar uma pessoa como sendo do sexo masculino ou feminino (em casos raros, uma pessoa pode nascer com órgãos genitais ambíguos que incluem tanto características masculinas como femininas, algo que é denominado intersexo). Quando uma pessoa é transgênero, usa-se a frase “sexo atribuído ao nascimento” para se referir ao seu sexo de nascimento; uma pessoa pode ser do sexo masculino (“designado como do sexo masculino ao nascimento” [AMAB, na sigla em inglês]) ou feminino (“designado como do sexo feminino ao nascimento” [AFAB, na sigla em inglês]).

  • Identidade de gênero: A maneira pela qual a pessoa vê a si mesma, seja masculino, feminino ou alguma outra identidade de gênero, que pode ou não corresponder ao sexo atribuído ao nascimento. Exemplos de identidades de diversidade de gênero incluem identidades transgênero, genderqueer, gênero não binário e outras identidades de gênero.

  • Expressão de gênero: a maneira pela qual a pessoa se apresenta em público em termos de gênero. Ela pode incluir a maneira pela qual a pessoa se veste, fala ou arruma o cabelo.

  • Disforia de gênero: um diagnóstico que talvez seja feito pelo médico quando uma pessoa com incongruência de gênero apresenta angústia psicológica significativa ou comprometimento funcional associados à incongruência de gênero. O diagnóstico é definido pela angústia que a pessoa sente e não pela presença de incongruência de gênero. A angústia normalmente é uma combinação de ansiedade, depressão e irritabilidade.

  • Cisgênero: um termo usado para descrever pessoas cuja identidade de gênero e expressão de gênero se alinham com o sexo atribuído ao nascimento.

  • Transgênero: um termo geral que descreve pessoas cujas identidades de gênero ou expressões de gênero diferem daquelas normalmente associadas ao sexo atribuído ao nascimento (transsexual é um termo desatualizado que parou de ser usado por especialistas em identidade de gênero).

  • Não conformidade de gênero: descreve pessoas cuja identidade de gênero ou expressão de gênero difere das normas de gênero associadas ao sexo atribuído ao nascimento.

  • Genderqueer: descreve pessoas cuja identidade de gênero não é estritamente masculina nem feminina e pode incluir ambas ou nenhuma delas

  • Gênero não binário: descreve pessoas que têm mais de uma identidade de gênero simultaneamente ou em momentos diferentes.

  • Mulher trans: uma pessoa que foi designada como sendo do sexo masculino ao nascimento (AMAB, na sigla em inglês) e que adotou uma identidade de gênero como mulher, independentemente de ter ou não realizado algum tipo de transição médica de gênero.

  • Homem trans: uma pessoa que foi designada como sendo do sexo feminino ao nascimento (AFAB, na sigla em inglês) e que adotou uma identidade de gênero como homem, independentemente de ter ou não realizado algum tipo de transição médica de gênero.

  • Transafirmativo: ter ciência, respeitar e dar apoio às necessidades de indivíduos transgênero e com não conformidade de gênero.

  • Orientação sexual: padrão de atrações emocionais, amorosas e/ou sexuais que a pessoa tem em relação aos outros.

Adaptado de um glossário de termos da American Psychological Association.

Sintomas da incongruência/disforia de gênero

A incongruência de gênero ou disforia em crianças pode surgir já aos dois ou três anos de idade. Algumas pessoas não reconhecem os sentimentos de incongruência de gênero até a adolescência ou a idade adulta.

Incongruência de gênero e sintomas de disforia de gênero em crianças

A maioria das crianças que dá preferência a atividades consideradas mais adequadas ao sexo oposto (o que é chamado de comportamento não compatível com o gênero) não é transgênero nem tem disforia de gênero, As crianças, ocasionalmente, dão preferência a atividades que muitas pessoas da sociedade a que pertencem consideram ser mais adequadas ao sexo oposto (um comportamento denominado não conformidade com o gênero). Esses tipos de comportamento fazem parte do desenvolvimento normal. Isso não significa que a criança é transgênero.

É possível que uma criança que apresenta disforia de gênero faça o seguinte:

  • Prefere se vestir como pessoas do sexo oposto (transvestir-se)

  • Insiste que pertencem ao sexo oposto

  • Diz que quer acordar um dia e ser do outro sexo

  • Prefere participar de jogos e atividades associados ao outro sexo

  • Tem sentimentos negativos em relação aos seus órgãos genitais

Por exemplo, uma menina pode insistir que nela vai nascer um pênis e ela que se tornará um menino e pode urinar em pé. Um menino pode fantasiar com a ideia de ser uma mulher e evitar brincadeiras fisicamente intensas e jogos competitivos. É possível que ele também queira se livrar do próprio pênis e testículos. No caso de meninos com incongruência de gênero, a angústia causada pelas mudanças físicas da puberdade costuma ser seguida pela solicitação de um tratamento que faça com que seu corpo tenha uma aparência mais feminina.

Os estudos de pesquisa chegaram a diferentes conclusões sobre se uma criança que se identifica como sendo transgênero ou tem disforia de gênero continuará ou não a ter uma identidade de diversidade de gênero na idade adulta.

Incongruência de gênero e sintomas de disforia de gênero em adultos

A maioria das pessoas com incongruência de gênero ou disforia de gênero começa a apresentar sintomas ou a se sentir diferente logo no começo da infância, mas algumas não reconhecem esses sentimentos até a idade adulta.

Algumas pessoas transgênero fazem escolhas inicialmente consistentes com o sexo de nascimento, tais como fazer um trabalho que normalmente está associado àquele sexo ou se casar com uma pessoa com o gênero esperado pela sociedade, como uma maneira de escapar ou negar seus sentimentos de querer ser do sexo oposto. É possível que alguns homens comecem primeiro a se travestir e não reconheçam sua identificação com o sexo oposto até uma fase posterior da vida. Assim que a pessoa aceita esses sentimentos, muitas fazem a transição para seu gênero preferido, com ou sem terapia hormonal ou cirurgia de afirmação de gênero. Outros passam por problemas, como ansiedade, depressão e comportamento suicida. O estresse de não ser aceito pela sociedade e/ou pela família pode causar ou contribuir para esses problemas.

Diagnóstico de incongruência/disforia de gênero

  • Avaliação de um médico com base em critérios psiquiátricos padrão

A maioria das crianças com incongruência de gênero ou disforia de gênero não é avaliada até ter atingido entre 6 e 9 anos de idade.

Durante a avaliação da incongruência de gênero ou disforia de gênero (independentemente da idade), o médico:

  • Realiza uma entrevista para fazer perguntas sobre questões de identidade de gênero e expressão de gênero (atuais e passadas). Se uma criança estiver envolvida, o médico também entrevista os pais e/ou cuidadores.

  • Avalia quanto à presença de indícios de incongruência ou disforia de gênero.

  • Examina o histórico de saúde física e mental relevante. No caso de crianças, o médico também examina o histórico de desenvolvimento.

  • Determina se há fatores de estresse ou riscos pessoais e/ou familiares (por exemplo, uso de substâncias, exposição à violência e pobreza).

  • Avalia quanto à presença de outros problemas de saúde mental que costuma estar associados à disforia de gênero (por exemplo, depressão, ansiedade, transtornos por uso de substâncias, uso de tabaco, tendência suicida).

Os médicos diagnosticam a disforia de gênero quando uma pessoa (criança ou adulto) apresenta todos os comportamentos a seguir:

  • Sente que seu sexo anatômico não é compatível com a identidade de gênero e vem se sentido dessa maneira há seis meses ou mais

  • Sente muita angústia ou não desempenha funções normalmente devido a esse sentimento

Algumas pessoas com disforia de gênero apresentam outros sintomas. Os sintomas das crianças variam levemente dos sintomas de adolescentes e adultos.

Para ser diagnosticada com disforia de gênero, a criança também precisa apresentar pelo menos seis dos seguintes sintomas:

  • Um forte e persistente desejo de serem ou a insistência de que são do sexo oposto (ou algum outro gênero)

  • Uma forte preferência por vestirem-se com roupas do gênero oposto e, em garotas, resistência em vestir roupas tipicamente femininas

  • Uma forte preferência por fingirem ser do gênero oposto quando estão brincando

  • Uma forte preferência por brinquedos, jogos e atividades típicas do outro gênero

  • Uma forte preferência por companheiros de brincadeiras do outro gênero

  • Uma forte rejeição de brinquedos, jogos e atividades típicas do gênero correspondente ao seu sexo anatômico (por exemplo, meninos se recusam a brincar com carrinhos ou jogar futebol)

  • Uma forte aversão à sua anatomia

  • Um forte desejo de que sua anatomia ou por outras características sexuais (por exemplo, pelos faciais) correspondam à sua identidade de gênero

A criança deve sentir grande angústia ou ter dificuldade em desempenhar funções sociais, escolares ou em outras áreas importantes.

Uma criança que expressa o desejo de ser de um gênero diferente apenas para se beneficiar das vantagens que ela acredita estarem associadas ao outro gênero provavelmente não tem disforia de gênero. Por exemplo, um menino que diz que quer ser menina porque acredita que sua irmã mais nova recebe tratamento especial provavelmente não tem disforia de gênero.

Adolescentes e adultos também precisam apresentar um ou mais dos seguintes sintomas:

  • Um forte desejo de se livrar de suas características sexuais e, no caso de adolescentes jovens, evitar o desenvolvimento de características sexuais secundárias (as que ocorrem durante a puberdade)

  • Um forte desejo por características sexuais que correspondem à sua identidade de gênero

  • Um forte desejo de ser de outro gênero

  • Um forte desejo de viver ou ser tratado como o gênero oposto

  • Uma forte crença de que se sentem e reagem como o gênero oposto

Tratamento da disforia de gênero

  • Para muitos adultos ou adolescentes, terapia hormonal de afirmação de gênero e, às vezes, cirurgias de confirmação de gênero (cirurgia de mama, genital ou facial)

  • Às vezes, outros tratamentos (por exemplo, terapia da voz ou eletrólise)

  • A psicoterapia com adolescentes e adultos costuma ser útil para lidar com eventuais problemas de saúde mental concomitantes ou questões relacionadas à transição, mas não é obrigatória

De acordo com a Associação Mundial de Profissionais de Saúde Transgênero, o objetivo do tratamento para pessoas transgênero com disforia de gênero é alcançar “conforto pessoal duradouro com seu próprio gênero com o objetivo de otimizar sua saúde física geral, bem-estar psicológico e realização pessoal”.

Alguns adultos transgênero estão satisfeitos em mudar sua expressão de gênero trabalhando, vivendo e se vestindo na sociedade de maneira consistente com sua identidade de gênero. Isso é chamado de transição social. É possível que eles mudem de nome ou obtenham um documento de identificação (por exemplo, carteira de motorista) que os ajude a trabalhar e viver em sociedade como alguém do gênero oposto.

A maioria dos adultos transgênero que buscam tratamento médico quer que a terapia hormonal e/ou cirurgia faça com que sua aparência física se assemelhe ao gênero identificado. Elas não querem tratamento psicológico. Usar psicoterapia para tentar “converter” a identidade transgênero estabelecida de uma pessoa (chamada terapia reparadora ou terapia de conversão) é ineficaz e pode ser prejudicial.

Quando o tratamento médico ou cirúrgico é administrado, o objetivo é aliviar a angústia da pessoa e ajudá-la a se adaptar em vez de tentar dissuadi-la de sua identidade.

Os tratamentos médicos ou cirúrgicos incluem uma combinação dos seguintes:

  • Terapia hormonal de afirmação de gênero

  • Eletrólise

  • Terapia da voz

  • Cirurgia de afirmação de gênero

Antes de iniciar a terapia hormonal ou realizar uma cirurgia, a pessoa deve discutir opções de preservação da fertilidade com um médico se quiser ter filhos no futuro. Além disso, a terapia hormonal pode diminuir a fertilidade, mas não é eficaz como contracepção, e as pessoas realizando terapia hormonal devem usar métodos anticoncepcionais conforme necessário.

Realizar sessões de psicoterapia antes de uma pessoa poder receber terapia hormonal e/ou realizar uma cirurgia de afirmação de sexo parou de ser obrigatório. Contudo, os profissionais de saúde mental podem ajudar com o seguinte:

  • Determinar se algum transtorno de saúde mental (por exemplo, depressão ou um transtorno por uso de substâncias) está presente

  • Ajudar a pessoa a lidar com reações negativas de outras pessoas (por exemplo recriminação ou discriminação)

  • Ajudar a pessoa a encontrar uma maneira de expressar sua identidade de gênero com o qual se sinta confortável

  • Se for o caso, prestar-lhe apoio quando ela “sai do armário” (informa outras pessoas sobre sua identidade transgênero) e faz a transição para outro gênero

Pessoas que nasceram com órgãos genitais que não são claramente masculinos ou femininos (órgãos genitais ambíguos; quadros clínicos intersexo) ou que têm uma anomalia genética como, por exemplo, a síndrome de Turner ou a síndrome de Klinefelter, podem vir a apresentar graus variados de disforia de gênero. Contudo, quando uma criança é clara e consistentemente considerada um menino ou menina e criada como tal, mesmo quando os órgãos genitais são ambíguos, a maioria tem um claro senso de sua identidade de gênero na idade adulta. A cirurgia nos órgãos genitais de crianças com genitália ambígua, se for necessária, costuma ser adiada até que a criança esteja mais velha e possa participar da tomada de decisão.

Terapia hormonal de afirmação de gênero

Algumas pessoas com disforia de gênero, além de adotarem o comportamento, o vestuário e os trejeitos do sexo oposto, recebem tratamentos hormonais para alterarem suas características sexuais secundárias:

  • No caso de uma pessoa designada como do sexo masculino ao nascimento, o tratamento com o hormônio feminino estrogênio causa crescimento das mamas e outras alterações corporais, como a diminuição dos pelos faciais e corporais e a redistribuição de gordura para os quadris.

  • No caso de uma pessoa designada como do sexo feminino ao nascimento, o tratamento com o hormônio masculino testosterona provoca mudanças como crescimento de barba, voz mais grave, bem como alterações no odor corporal e na distribuição da gordura corporal e dos músculos.

Além dos efeitos físicos, a terapia hormonal tem efeitos psicológicos benéficos significativos, incluindo permitir que a pessoa se sinta mais à vontade, menos ansiosa e mais capaz de interagir na forma do gênero preferido.

Cirurgia de afirmação de gênero

A cirurgia de afirmação de gênero é irreversível e os médicos a recomendam apenas para pessoas que receberam cuidados médicos por um profissional de saúde devidamente treinado e experiente e que foram tratadas de acordo com os padrões de cuidados atuais.

Antes de realizar uma cirurgia, o médico geralmente aconselha à pessoa transgênero que

  • Use terapia hormonal de afirmação de gênero

  • Viva em tempo integral em seu papel de gênero preferido por pelo menos um ano

No caso de uma pessoa transgênero que foi designada como do sexo masculino ao nascimento, a cirurgia envolve a extração de parte do pênis e dos testículos e a criação de uma vagina artificial. A parte restante do pênis geralmente é sexualmente sensível e possibilita o orgasmo e é deixada para agir como um clitóris. A transformação de homem para mulher também pode incluir cirurgias cosméticas não genitais para criar ou realçar atributos feminino (por exemplo, cirurgia de aumento da mama, rinoplastia, cirurgia para levantar a sobrancelha, raspagem da proeminência laríngea [cirurgia para redução do pomo de Adão] e/ou reconfiguração da mandíbula). Algumas pessoas realizam cirurgia das cordas vocais para alterar as características da voz.

No caso de uma pessoa transgênero que foi designada como do sexo feminino ao nascimento, a cirurgia envolve a extração cirúrgica das mamas (mastectomia) e, às vezes, dos órgãos reprodutores internos (útero e ovários), a oclusão da vagina e a criação de um pênis artificial e geralmente um escroto. Os resultados de uma cirurgia de transformação de feminino para masculino geralmente são menos satisfatórios, em termos da aparência e função, o que possivelmente explica por que um número menor de homens transgênero pedem para fazer a cirurgia de afirmação de gênero. Além disso, complicações, principalmente problemas urinários, ocorrem com frequência. Porém, as técnicas cirúrgicas de transformação de masculino para feminino continuam a melhorar e um número maior de pessoas está solicitando a cirurgia.

Muitas pessoas que se submetem à cirurgia de afirmação de gênero conseguem ter relações sexuais satisfatórias. É comum que, após a cirurgia, se conserve a capacidade de se atingir o orgasmo e algumas pessoas afirmam que se sentem, pela primeira vez, sexualmente satisfeitas. No entanto, poucas pessoas se submetem a uma cirurgia de afirmação de gênero com o único propósito de agir sexualmente como alguém do sexo oposto. A confirmação do seu sentimento interno de identidade de gênero costuma ser a motivação.

Mais informações

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

  1. World Professional Association for Transgender Health (WPATH): Uma organização sem fins lucrativos focada na saúde transgênero que apoia pesquisas clínicas e acadêmicas para desenvolver medicina baseada em evidência e promover uma alta qualidade de cuidados para indivíduos transgênero e com não conformidade de gênero internacionalmente.

  2. American College of Obstetricians and Gynecologists: Perguntas frequentes sobre adultos transgêneros e não binários.

  3. Trans Lifeline: Linha direta de apoio a pessoas transgênero por pessoas em situação semelhante.

  4. LGBT National Help Center: Linhas diretas nacionais e programas on-line que oferecem apoio por pessoas em situação semelhante, informações e recursos locais.

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