Covid-19

(Doença do coronavírus 2019; covid)

PorBrenda L. Tesini, MD, University of Rochester School of Medicine and Dentistry
Revisado/Corrigido: nov 2023
Visão Educação para o paciente

A covid-19 é uma doença respiratória causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2. A infecção pode ser assintomática ou apresentar sintomas que variam desde sintomas respiratórios superiores leves até insuficiência respiratória aguda e morte. A covid-19 pode envolver múltiplos sistemas de órgãos (p. ex., cardíaco, renal, neurológico, coagulação). A prevenção é por meio de vacinação e precauções de controle de infecção (p. ex., máscaras faciais, lavagem das mãos, distanciamento social, isolamento de indivíduos infectados). O diagnóstico é por antígeno ou PCR (reação em cadeia da polimerase) das secreções respiratórias superiores ou inferiores. O tratamento é com cuidados de suporte, fármacos antivirais ou corticoides.

A covid-19 foi relatada pela primeira vez no final de 2019 em Wuhan, China, e declarada pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020. É causada por SARS-CoV-2, um coronavírus descoberto em 2019. A infecção por SARS-CoV-2 causa um espectro de gravidade da doença, que vai de assintomática a insuficiência respiratória aguda e morte. Os fatores de risco para doença grave incluem idade avançada, imunocomprometimento, presença de comorbidades (p. ex., diabetes, doença renal crônica) e gestação. Vacinas demonstraram ser relativamente eficazes na prevenção da transmissão e muito eficazes na prevenção de doenças graves e mortalidade.

Para informações atuais sobre o número de casos e mortes, ver Centers for Disease Control and Prevention (CDC): COVID Data Tracker e o WHO Coronavirus (COVID-19) Dashboard.

Transmissão da covid-19

O vírus SARS-CoV-2 dissemina-se pelo contato próximo de uma pessoa com outra, principalmente por meio de gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada tosse, espirra, canta, faz exercícios ou fala. A disseminação ocorre por meio de grandes gotículas respiratórias que podem percorrer distâncias curtas e aterrissar diretamente nas superfícies mucosas ou por pequenos aerossóis de partículas respiratórias que podem permanecer no ar por várias horas e percorrer distâncias mais longas (> 6 pés) antes de serem inalados. A disseminação do vírus também pode ocorrer por meio do contato com superfícies contaminadas (fômites) por secreções respiratórias, se uma pessoa toca uma superfície contaminada e então toca uma membrana mucosa na face (olhos, nariz, boca).

O vírus da SARS-CoV-2 se dissemina facilmente entre as pessoas. O risco de transmissão está diretamente relacionado com a quantidade de vírus a que uma pessoa é exposta. Em geral, quanto mais próxima e mais longa a interação com uma pessoa infectada, maior o risco de disseminação do vírus. Tanto pacientes assintomáticos como sintomáticos podem transmitir o vírus, dificultando o controle da disseminação. Uma pessoa sintomática infectada oferece maior risco de contágio alguns dias antes e alguns dias depois do início dos sintomas, momento em que a carga viral em suas secreções respiratórias é maior.

Fatores como distância de uma pessoa infectada, número de pessoas infectadas na sala, duração do tempo passado com pessoas infectadas, tamanho do espaço aéreo, atividade geradora de aerossol (p. ex., cantar, gritar ou fazer exercícios), ventilação no local e a direção e velocidade do fluxo de ar podem contribuir para esse risco.

Variantes genéticas do vírus SARS-CoV-2 surgem à medida que ele evolui. As variantes com potencial de transmissibilidade aumentada, doença mais grave, falhas de detecção no diagnóstico ou resposta reduzida aos tratamentos e/ou vacinas disponíveis são identificadas como Variantes de Preocupação; são comumente rotuladas com letras do alfabeto grego designadas pela OMS ou seu número de linhagem Pango. Uma mutação genética que confere uma vantagem adaptativa, ou seja, uma transmissibilidade aumentada, pode substituir rapidamente as variantes previamente circulantes. A progressão das variantes dominantes nos Estados Unidos e em boa parte do mundo inclui alfa, beta, delta e ômicron. A variante ômicron predomina em todo o mundo desde março de 2022, com subvariantes ômicron mais recentes e mais transmissíveis (p, ex., BA.4 e BA.5) substituindo a ômicron original (B.1.1.529). Ver também CDC: Variants & Genomic Surveillance.

As situações com alto risco de transmissão consistem em ambientes de convivência (p. ex., casas de repouso, instituições de longa permanência, residências estudantis, prisões, embarcações), bem como ambientes lotados e mal ventilados, como serviços religiosos internos, ginásios, bares, casas noturnas, restaurantes fechados e instalações de empacotamento de carne. Essas situações têm alta densidade populacional em que é difícil manter distância e precauções de ventilação. Os residentes de casas de repouso também têm alto risco de doença grave por causa da idade e doenças clínicas concomitantes. Grandes eventos em ambientes fechados ou aglomerações privadas, como reuniões ou casamentos, também foram associados a altas taxas de transmissão. Os chamados eventos ou situações superdisseminadores provavelmente decorrem de uma combinação de fatores biológicos, ambientais e comportamentais.

Os determinantes sociais da saúde (condições nos locais em que as pessoas nascem, vivem, aprendem, trabalham e se divertem) impactam em uma ampla variedade de riscos e desfechos à saúde, como exposição à infecção por SARS-CoV-2, covid-19 grave e morte, bem como acesso a testes, vacinas e tratamento. Nos Estados Unidos, as taxas de casos de covid-19, hospitalização e mortalidade são mais altas em alguns grupos étnicos minoritários, incluindo entre pessoas negras, hispânicas ou latinas, índios americanos e nativos do Alasca.

Para pessoas infectadas com covid-19, recomendam-se medidas de isolamento e precaução na tentativa de limitar a disseminação da infecção por SARS-CoV-2. (Ver também CDC: Isolation and Precautions for People with COVID-19.) Para pessoas expostas à covid-19, são recomendadas precauções para ajudar a reduzir o risco de disseminação do vírus. (Ver também CDC: What to Do If You Were Exposed to COVID-19.)

Sinais e sintomas da covid-19

A gravidade e a constelação dos sintomas variam em pessoas com covid-19. Alguns têm poucos ou nenhum sintoma e alguns ficam gravemente enfermos e morrem. Os sintomas podem incluir

  • Febre

  • Tosse

  • Dor de garganta

  • Congestão ou coriza

  • Falta de ar ou dificuldade em respirar

  • Calafrios ou agitação repetida com calafrios

  • Perda recente de olfato ou paladar

  • Fadiga

  • Dor muscular

  • Cefaleia

  • Náuseas ou vômitos

  • Diarreia

O período de incubação (isto é, o período de tempo entre a exposição e o início dos sintomas) varia de 2 a 10 dias, com uma mediana estimada de apenas 2 a 4 dias para a variante ômicron (1). Muitas pessoas infectadas não apresentam sintomas ou têm doença leve; a probabilidade disso varia dependendo da variante de SARS-CoV-2 e do risco da pessoa de ter doença grave, incluindo o estado de imunização contra a covid.

Doença grave é caracterizada por dispneia, hipóxia e extenso envolvimento pulmonar em exames de imagem. Isso pode progredir para insuficiência respiratória que requer ventilação mecânica, choque, falência de múltiplos órgãos e morte.

Fatores de risco para doença grave

O risco de doença grave e morte nos casos de covid-19 aumenta em pessoas com mais de 65 anos, em tabagistas atuais ou pregressos e em pessoas com outras doenças crônicas graves, como

  • Câncer

  • Doença crônica cardíaca, pulmonar, renal ou hepática

  • Diabetes

  • Acidente vascular encefálico ou doença cerebrovascular

  • Condições que envolvem comprometimento imunitário

  • Infecção pelo HIV

  • Tuberculose

  • Anemia falciforme

  • Talassemia

  • Demência

  • Obesidade

  • Gestação (até 42 dias após a gestação)

  • Alguns tipos de deficiências

  • Transtornos por uso de substâncias

  • Sedentarismo

  • Alguns transtornos de saúde mental como depressão e esquizofrenia

(Ver também CDC: COVID-19 Understanding Risk.)

A vacinação reduz drasticamente o risco de doença grave para todas as faixas etárias — taxas mais baixas de vacinação em faixas etárias mais jovens alteraram a demografia etária dos pacientes hospitalizados (ver CDC: COVID Data Tracker).

Complicações

Além da doença respiratória que pode progredir para síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e morte, outras complicações graves incluem:

Uma síndrome inflamatória pós-infecciosa denominada síndrome inflamatória multissistêmica em crianças (SIM-C) foi observada como uma complicação rara da infecção por Sars-CoV-2 em crianças. Tem características semelhantes à doença de Kawasaki ou síndrome do choque tóxico. Crianças com SIM-C mais comumente apresentam febre, taquicardia, sinais de inflamação sistêmica e comprometimento multissistêmico (p. ex., cardíaco, gastrointestinal, renal) em 2 a 6 meses após uma infecção por SARS-CoV-2 geralmente leve ou mesmo assintomática. Os casos que atendem os seguintes critérios devem ser notificados aos departamentos de saúde locais, estaduais ou regionais como suspeitos de SIM-C: indivíduos com idade < 21 anos e febre por tempo > 24 horas, evidências laboratoriais de inflamação, sinais de envolvimento multissistêmico grave (≥ 2 órgãos) exigindo hospitalização e associação laboratorial ou epidemiológica com infecção recente por SARS-CoV-2 (2). A vacinação parece ser altamente protetora contra o desenvolvimento de SIM-C (2). Uma síndrome inflamatória multissistêmica semelhante em adultos jovens e de meia-idade (MIS-A) também foi relatada (3).

Resolução dos sintomas

Na maioria dos pacientes, os sintomas desaparecem em cerca de uma semana. Entretanto, alguns pacientes começam com sintomas leves e então se deterioram clinicamente após uma semana, progredindo para doença grave, incluindo SDRA. Enfermidade prolongada parece ser mais comum naqueles com doença grave, mas mesmo pacientes com doença leve podem ter sintomas persistentes como dispneia, tosse e mal-estar que duram semanas ou mesmo meses. Os testes de PCR viral em pacientes podem permanecer positivos por pelo menos 3 meses, independentemente dos sintomas. Contudo, mesmo pacientes com sintomas persistentes geralmente não são considerados infecciosos, uma vez que dificilmente se consegue cultivar vírus a partir de secreções do trato respiratório superior de pacientes após 10 dias da doença.

A covid-19 também pode estar associada a sequelas de longo prazo após doença aguda (4), e os sintomas das condições pós-covid-19 podem durar meses. Isso tem sido referido por muitos nomes, incluindo covidlonga, covid de longo curso e síndrome ou condição pós-covid-19 aguda, eestima-se que afete 25 a 50% de todos os pacientes em algumas pesquisas nosEstados Unidos. Fadiga, fraqueza, dor, mialgias, dispneia e disfunção cognitiva são comumente relatados e pode estar associado a uma pior qualidade de vida (5). Os fatores de risco de sequelas de longo prazo podem incluir apresentação mais grave da doença, idade avançada, sexo feminino e doença pulmonar preexistente. Uma definição de caso internacional foi estabelecida para ajudar no diagnóstico e investigação adicional dessa condição (6).

Referência sobre sinais e sintomas

  1. 1. Jansen L, Tegomoh B, Lange K, et al: Investigation of a SARS-CoV-2 B.1.1.529 (Omicron) variant cluster - Nebraska, November-December 2021. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 70(5152):1782-2784, 2021. doi: 10.15585/mmwr.mm705152e3

  2. 2. Miller AD, Yousaf AR, Bornstein E, et al: Multisystem inflammatory syndrome in children (MIS-C) during SARS-CoV-2 Delta and Omicron variant circulation - United States, July 2021-January 2022. Clin Infect Dis Jun 10;ciac471, 2022. doi: 10.1093/cid/ciac471

  3. 3. Morris SB, Schwartz NG, Patel P, et al: Case series of multisystem inflammatory syndrome in adults associated with SARS-CoV-2 infection — United Kingdom and United States, March–August 2020. MMWR 69:1450–1456, 2020. doi: 10.15585/mmwr.mm6940e1

  4. 4. Nalbandian A, Sehgal K, Gupta A, et al: Post-acute COVID-19 syndrome. Nat Med 27(4):601-615, 2021. doi: 10.1038/s41591-021-01283-z

  5. 5. Han JH, Womack KN, Tenforde MW, et al: Associations between persistent symptoms after mild COVID-19 and long-term health status, quality of life, and psychological distress. Influenza Other Respir Viruses 16(4):680-689, 2022. doi:10.1111/irv.12980

  6. 6. Soriano JB, Murthy S, Marshall JC, et al: A clinical case definition of post-COVID-19 condition by a Delphi consensus. Lancet Infect Dis 22(4):e102-e107, 2022. doi: 10.1016/S1473-3099(21)00703-9

Diagnóstico da covid-19

  • Reação em cadeia da polimerase reversa em tempo real (RT-PCR) ou outro teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT) das secreções respiratórias superiores e inferiores

  • Teste de antígeno das secreções respiratórias superiores

As seguintes pessoas devem ser testadas para covid-19:

  • Pessoas com sinais ou sintomas de covid-19—recomenda-se isolamento até que os resultados dos testes negativos sejam recebidos

  • Pessoas que estiveram em contato próximo com uma pessoa infectada por covid-19, mas são assintomáticas — devem fazer o teste pelo menos 5 dias após a exposição; recomenda-se o uso de máscara até que os resultados dos testes negativos sejam recebidos

  • Pessoas solicitadas a fazer o teste por causa da escola, local de trabalho, ambiente de saúde, requisitos governamentais ou outros cenários como eventos internos

Pessoas que participaram de atividades que os colocam em maior risco de covid-19, como participar de grandes reuniões sociais ou estar em ambientes fechados, mas sem máscaras corretas e consistentes, também podem querer ser testados.

Testes diagnósticos para covid-19 estão disponíveis em laboratórios e locais de testes públicos e também podem ser feitos em casa. Há dois tipos principais de testes diagnósticos para covid-19: reação em cadeia da polimerase-transcriptase reversa em tempo real (RT-PCR) [ou outro teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT)] e testes para antígeno. A escolha do tipo de teste diagnóstico e sua interpretação devem ser influenciados pela probabilidade de a pessoa ter covid-19 com base na prevalência do SARS-CoV-2 na população e a presença de sinais, sintomas ou contatos próximos com covid-19.

RT-PCR tem a maior sensibilidade analítica e especificidade e é o padrão ouro para o diagnóstico de covid-19. Outras plataformas NAAT são geralmente um pouco menos sensíveis do que o PCR-TR com especificidade equivalente (ver CDC: Nucleic Acid Amplification Tests). Contudo, testes de PCR virais positivos nem sempre indicam infecção ativa. Podem detectar fragmentos de ácidos nucleicos virais não viáveis e podem permanecer positivos por pelo menos 3 meses após o diagnóstico inicial, independentemente dos sintomas.

Testes de antígeno feitos em pontos de atendimento e domiciliarmente podem fornecer resultados rápidos (ver CDC: Considerations for SARS-CoV-2 Antigen Testing for Healthcare Providers Testing Individuals in the Community). Isso pode ser uma medida importante para identificar casos assintomáticos e interromper a transmissão de SARS-CoV-2. Testes à beira do leito ou domiciliares para detecção de antígenos são menos sensíveis do que NAATs, particularmente no início da infecção quando a carga viral pode ser menor. Em comparação com os testes de PCR, a sensibilidade desses testes varia de acordo com o fabricante e o período de tempo da infecção, com taxas variando de 40 a 90% (1-4). Portanto, pode ser necessário confirmar alguns resultados do teste de antígeno (p. ex., um teste negativo em uma pessoa com sintomas) com um PCR-TR ou outro NAAT. Muitos kits de teste de detecção de antígeno também recomendam repetir o teste em série durante vários dias para aumentar a probabilidade de detectar infecção (ver também FDA: At-Home COVID-19 Antigen Tests-Take Steps to Reduce Your Risk of False Negative Results). Alguns testes podem não detectar a variante ômicron ou outras variantes emergentes (ver FDA: SARS-CoV-2 Viral Mutations: Impact on COVID-19 Tests). Os testes de antígeno têm menor probabilidade de permanecerem positivos após a resolução da infecção, uma vez que só detectam cargas virais mais altas. Entretanto, outros fatores além da carga viral podem influenciar a infecciosidade; portanto, os resultados dos testes antigênicos não necessariamente se correlacionam com a infecciosidade.

Amostras aceitáveis para testes diagnósticos de covid-19 incluem nasofaríngeo, orofaríngeo, concha nasal média, narinas anteriores e saliva. Consultar as instruções de coleta do laboratório escolhido para fazer o teste ou as instruções da bula do kit de teste, porque nem todas as plataformas de teste e laboratórios podem ser capazes de testar todos os tipos de amostras. Elas podem ser coletadas por um profissional de saúde ou pela própria pessoa, com exceção das amostras de nasofaringe, que só devem ser coletadas por um profissional de saúde adequadamente treinado e credenciado.

Para amostras nasofaríngeas e orofaríngeas, utilizar apenas swabs de fibra sintética com hastes de plástico ou metal. Não utilizar swabs de alginato de cálcio ou swabs com hastes de madeira, pois podem conter substâncias que inativam alguns vírus e inibem o teste de PCR. Os swabs devem ser colocados imediatamente no tubo de transporte fornecido. Manter um controle de infecção adequado ao coletar amostras.

Por razões de biossegurança, instituições e laboratórios locais não devem tentar isolar o vírus em cultura de células.

Resultados positivos de exames realizados em um laboratório ou instituição de saúde são relatados aos departamentos de saúde locais e estaduais. Alguns departamentos de saúde locais também têm mecanismos para relatar resultados positivos em testes domiciliares.

Testes sorológicos ou de anticorpos não devem ser utilizados para diagnosticar covid-19 aguda, porque os anticorpos mais comumente se tornam detectáveis apenas 1 a 3 semanas após o início dos sintomas. Existem testes para anticorpos que têm como alvo o antígeno de nucleocapsídeo SARS-CoV-2, o antígeno da proteína spike e o domínio de ligação ao receptor do antígeno da proteína spike. Recomendam-se testes que detectam anticorpos para a proteína nucleocapsídica para avaliar evidências de infecção prévia em pessoas vacinadas, uma vez que esse antígeno não está presente nas vacinas. Testes quantitativos e semiquantitativos de anticorpos estão disponíveis, mas atualmente não há correlato aceito de imunidade, e testes não são recomendados para determinar a resposta imunitária à vacinação ou infecção (ver CDC: Interim Guidelines for COVID-19 Antibody Testing).

Avaliação de pacientes sintomáticos

Achados laboratoriais de rotina para aqueles com doença mais grave incluem linfopenia, bem como achados menos específicos como níveis elevados de aminotransaminase (ALT, AST), níveis elevados de desidrogenase láctica (lactato desidrogenase), dímero D, ferritina e elevação em marcadores inflamatórios como proteína C reativa.

Deve-se encaminhar os pacientes com dispneia, hipóxia na oximetria domiciliar ou outros sintomas relacionados para avaliação clínica presencial, incluindo medição da saturação de oxigênio, e deve-se acompanhá-os quanto a sinais de deterioração clínica.

Os achados de imagem do tórax podem ser normais no caso de doença leve e progressivamente piores com o aumento da gravidade da doença. Os achados típicos são consistentes com pneumonia viral e incluem opacidade em vidro fosco e consolidação na radiografia ou TC de tórax. Exames de imagem do tórax não são recomendados como uma ferramenta de triagem de rotina para covid-19.

Referências sobre diagnóstico

  1. 1. Drain PK: Rapid diagnostic testing for SARS-CoV-2. N Engl J Med 386(3):264-272, 2022. doi: 10.1056/NEJMcp2117115

  2. 2. Ford L, Lee C, Pray IW, et al: Epidemiologic characteristics associated with severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) antigen-based test results, real-time reverse transcription polymerase chain reaction (rRT-PCR) cycle threshold values, subgenomic RNA, and viral culture results from university testing. Clin Infect Dis 73(6):e1348-e1355, 2021. doi: 10.1093/cid/ciab303

  3. 3. Wu S, Archuleta S, Lim SM, et al: Serial antigen rapid testing in staff of a large acute hospital. Lancet Infect Dis 22(1):14-15, 2022. doi: 10.1016/S1473-3099(21)00723-4

  4. 4. Dinnes J, Sharma P, Berhane S: Rapid, point-of-care antigen tests for diagnosis of SARS-CoV-2 infection. Cochrane Database Sys Rev July 22, 2022. doi: 10.1002/14651858.CD013705.pub3/full

Tratamento da covid-19

  • Cuidados de suporte

  • Às vezes, para doença leve a moderada com alto risco de doença grave: nirmatrelvir/ritonavir; remdesivir (curso curto); molnupiravir

  • Para doença grave: rendesivir; dexametasona; imunomoduladores

O tratamento da covid-19 depende da gravidade da doença e da probabilidade de o paciente desenvolver doença grave. As diretrizes de tratamento estão evoluindo à medida que surgem novos dados (ver National Institutes of Health (NIH) COVID-19 Treatment Guidelines, Infectious Diseases Society of America (IDSA) Guidelines on the Treatment and Management of Patients with COVID-19, and World Health Organization (WHO): Therapeutics and COVID-19:Living guideline, 13 January 2023).

As definições de gravidade do NIH são:

  • Doença leve: pacientes com quaisquer sinais e sintomas de covid-19 (p. ex., febre, tosse, dor de garganta, mal-estar, cefaleia, dor muscular), mas sem falta de ar, dispneia, hipoxemia ou exames de imagem de tórax anormais,

  • Doença moderada: pacientes com evidências de doença do trato respiratório inferior por avaliação clínica ou exames de imagem e saturação de oxigênio (SpO2) ≥ 94% ao ar ambiente ao nível do mar

  • Doença grave: pacientes com frequência respiratória > 30 respirações por minuto, SpO2 < 94% ao ar ambiente ao nível do mar (ou, para pacientes com hipoxemia crônica, diminuição de > 3% em relação à linha de base), razão entre pressão parcial arterial de oxigênio e a fração de oxigênio inspirado (PaO2/FiO2) < 300 mmHg ou infiltrados pulmonares > 50%

  • Doença crítica: pacientes com insuficiência respiratória, choque séptico e/ou disfunção de múltiplos órgãos

A eficácia de determinados fármacos antivirais e anticorpos monoclonais contra variantes circulantes localmente é considerada ao se tomar decisões sobre o tratamento (ver Open Data Portal: Database of in vitro therapeutic activity against SARS-CoV-2 variants). As opções de tratamento são listadas em ordem de preferência com base nos dados atualmente disponíveis e nas variantes circulantes de SARS-CoV-2. A escolha do tratamento deve basear-se na disponibilidade do fármaco, na infra-estrutura para administrar o fármaco e nos fatores específicos do paciente, incluindo duração dos sintomas, interações medicamentosas potenciais e insuficiência hepática e renal. Não há dados sobre os tratamentos combinados com as terapias atualmente disponíveis; portanto, apenas um fármaco anti-SARS-CoV-2 deve ser administrado.

Os limites de suprimento e as restrições de administração podem exigir que os médicos priorizem os pacientes que provavelmente receberão o maior benefício (p. ex., prevenção de hospitalização e morte). Isso incluiria pacientes que estão infectados em vez de expostos e não vacinados, vacinados incompletamente ou vacinados, mas não se espera que desenvolvam uma resposta imunitária adequada devido a condições de imunocomprometimento.

Tratamento precoce para pacientes com covid-19 leve a moderada que têm alto risco de progressão para doença grave

O objetivo desses tratamentos é evitar a progressão para doença grave em pacientes de alto risco. São administrados para pacientes em poucos dias do início da covid-19 leve a moderada que são ambulatoriais (ou hospitalizados por outras razões além da covid-19); opções de tratamento (além do rendesivir) não foram estudadas em pacientes hospitalizados por covid-19.

Nirmatrelvir, um antiviral oral, administrado em combinação com ritonavir recebeu aprovação da US Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento de covid-19 leve a moderada em adultos e uma autorização para uso emergencial (AUE) para adolescentes (≥ 12 anos de idade pesando ≥ 40 kg) que têm resultados positivos de testes virais diretos da SARS-CoV-2 e que têm alto risco de progressão para covid-19 grave. Deve-se iniciar a combinação nirmatrelvir/ritonavir assim que possível após o diagnóstico de covid-19 e em 5 dias do início dos sintomas. A dosagem é de dois comprimidos de 150 mg de nirmatrelvire um comprimido de 100 mg de ritonavir tomados por via oral duas vezes por dia durante 5 dias. Esse tratamento medicamentoso não está autorizado para uso por mais de 5 dias consecutivos. (Ver também the FDA EUA Factsheet.)

Nirmatrelvir é um inibidor de protease que cliva uma proteína do SARS-CoV-2 e, portanto, inibe a replicação do vírus. O ritonavir é um forte inibidor do citocromo P450 (CYP) 3A4 e age como um agente de reforço; desacelera o metabolismo do nirmatrelvir, fazendo com que permaneça no corpo por mais tempo em concentrações mais altas.

A combinação de nirmatrelvir/ritonavir foi estudada em um ensaio randomizado, de 2.246 adultos sintomáticos não hospitalizados ≥ 18 anos de idade com um fator de risco pré-especificado para progressão para doença grave, ou ≥ 60 anos de idade, independentemente das condições médicas crônicas pré-especificadas. Todos os pacientes não haviam recebido a vacina contra a covid-19, não haviam sido previamente infectados com covid-19 e tinham um diagnóstico laboratorial confirmado da infecção por SARS-CoV-2. A combinação nirmatrelvir/ritonavir administrada em ≤ 5 dias após o início dos sintomas reduziu a proporção de pessoas com hospitalização relacionada à covid-19 ou morte por qualquer causa até o dia 28 em comparação ao placebo em 88% (0,8 versus 6,3%) (1).

Usar a combinação nirmatrelvir/ritonavir em pessoas com infecção pelo HIV-1 não controlada ou não diagnosticada pode levar à resistência ao fármaco contra HIV-1. A combinação nirmatrelvir/ritonavir pode causar lesão hepática, assim deve-se ter cuidado em pacientes com doença hepática preexistente, anormalidades de enzimas hepáticas ou hepatite. O medicamento não é recomendado em pacientes com doença hepática grave.

Em pacientes com insuficiência renal moderada, definida como aqueles com uma depuração de creatinina estimada (também chamada de taxa de filtração glomerular estimada ou TFGe) de 30 a 60 mL/minuto, reduz-se a dose de nirmatrelvir para 150 mg (um comprimido de 150 mg) com 100 mg de ritonavir (um comprimido de 100 mg); os dois comprimidos são ingeridos juntos, duas vezes ao dia, durante 5 dias. Não se recomenda a combinação nirmatrelvir/ritonavir em pacientes com insuficiência renal grave (TFGe < 30 mL/minuto).

Relatou-se retorno dos sintomas em alguns pacientes após o uso de nirmatrelvir/ritonavir; nestes pacientes, os testes de PCR e antígeno para SARS-CoV-2 podem se tornar positivos novamente, mesmo em pacientes que permanecem assintomáticos. Atualmente não se recomenda tratamento adicional, mas deve-se aconselhar os pacientes a retomar o isolamento se ocorrerem sintomas de rebote ou testes positivos. (Ver também CDC: COVID-19 Rebound After Paxlovid Treatment.)

A combinação nirmatrelvir/ritonavir tem várias interações medicamentosas sérias conhecidas e possíveis; fármacos concomitantes devem ser investigados quanto a essas interações antes do início do tratamento. Para uma lista dessas interações medicamentosas, ver FDA EUA Fact Sheet.

Remdesivir, um antiviral intravenoso, é utilizado para tratar covid-19 leve a moderada em adultos e adolescentes (≥ 12 anos e pesando ≥ 40 kg) que têm resultados positivos de testes virais diretos para SARS-CoV-2 e que têm alto risco de progressão para covid-19 grave. Deve ser iniciada o mais rápido possível e em até 7 dias após o início dos sintomas. A dose em um curso de 3 dias de remdesivir é de 200 mg IV no dia 1 e 100 mg IV nos dias 2 e 3. O curso pode ser estendido para 5 dias em pacientes que evoluem para doença grave.

Remdesivir foi estudado para essa indicação em um ensaio controlado randomizado com 562 pacientes não hospitalizados com ≥ 12 anos de idade com covid-19 sintomática e alto risco de progressão para doença grave e que não receberam a vacina contra covid-19. O remdesivir administrado por 3 dias e iniciado em 7 dias após o início dos sintomas reduziu as taxas de hospitalização ou morte até o dia 28 em 87% (0,7 versus 5,3%), em comparação ao placebo (2).

Molnupiravir, um antiviral oral, é um análogo de nucleosídeo que funciona introduzindo erros no genoma viral da SARS-CoV-2, que inibe a replicação viral. O molnupiravir recebeu autorização de uso emergencial da FDA para tratamento da covid-19 leve a moderada em adultos não hospitalizados ≥ 18 anos que têm resultados positivos de testes virais diretos da SARS-CoV-2 e que têm alto risco de progressão para doença grave, incluindo hospitalização ou morte, e para quem as opções alternativas para tratamento da covid-19 autorizadas pela FDA não são acessíveis ou clinicamente apropriadas. O molnupiravir deve ser iniciado assim que possível após o diagnóstico de covid-19 e em 5 dias do início dos sintomas. O molnupiravir é administrado em quatro cápsulas de 200 mg, administradas por via oral a cada 12 horas durante 5 dias. O molnupiravir não está autorizado para uso por mais de 5 dias consecutivos. (Ver também o FDA EUA Fact Sheet for Molnupiravir.)

O molnupiravir pode ter um efeito sobre o surgimento de novas variantes da SARS-CoV-2 com base em uma preocupação teórica; no entanto, acredita-se que o risco seja baixo com base nos dados de genotoxicidade disponíveis e curso de tratamento limitado de 5 dias. O molnupiravir não está autorizado para uso em pacientes < 18 anos de idade porque pode afetar o crescimento ósseo e cartilaginoso. O molnupiravir não é recomendado para uso durante a gestação porque estudos de reprodução animal sugeriram que o molnupiravir pode causar danos fetais quando administrado a gestantes. Mulheres com potencial para engravidar são aconselhadas a utilizar um método confiável de controle de natalidade de forma correta e consistente durante o tratamento com molnupiravir e por 4 dias após a dose final. Homens com potencial reprodutivo sexualmente ativos com mulheres em idade fértil são aconselhados a utilizar um método confiável de controle de natalidade de forma correta e consistente durante o tratamento com molnupiravir e por pelo menos 3 meses após a dose final.

O molnupiravir foi estudado em um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo com 1.433 pacientes ≥ 18 anos não hospitalizados com covid-19 leve a moderada com alto risco de progressão para covid-19 grave e/ou hospitalização e que não receberam a vacina contra covid-19. Molnupiravir administrado por 5 dias e iniciado 5 dias após o início dos sintomas reduziu em 30% as taxas de hospitalização ou morte até o dia 29 em comparação ao placebo (6,8 versus 9,7%) (3).

Bamlanivimabe/etesevimabe, casirivimabe/imdevimabe, sotrovimabe, e bebtelovimabe são terapias neutralizadoras de anticorpos monoclonais (mAb) anti-SARS-CoV-2. A FDA atualmente não recomenda seu uso no tratamento de covid-19 porque as subvariantes dominantes do ômicron são resistentes à sua atividade neutralizante (ver NIH: Anti-SARS-CoV-2 Monoclonal Antibodies).

Tratamento para pacientes com covid-19 grave

As opções de tratamento recomendadas para infecção grave incluem o antiviral rendesivir, o corticoide dexametasona e fármacos imunomoduladores adicionais como baricitinibe, tocilizumabe e sarilumabe. Elas podem ser utilizadas em combinação e as decisões de tratamento devem considerar a fase da doença do paciente, muitas vezes caracterizada pelo grau de hipóxia e suporte respiratório.

Fármacos antivirais são mais propensos a fornecer benefício mais cedo no curso quando a doença é resultado de replicação viral ativa, enquanto terapias anti-inflamatórias e imunomoduladoras são mais adequadas para mais tarde no curso do tratamento quando a resposta inflamatória do hospedeiro e a desregulação imunitária estão dirigindo o estado da doença. (Ver também NIH: Therapeutic Management of Hospitalized Adults With COVID-19.)

Para pacientes que necessitam de oxigênio suplementar, mas não de suporte respiratório adicional, as opções de tratamento incluem:

  • Somente rendesivir

  • Dexametasona isolada

  • Rendesivir mais dexametasona

Utiliza-se o antiviral remdesivir para tratar pacientes adultos e pediátricos ≥ 28 dias de idade e pesando ≥ 3 kg que requerem hospitalização para covid-19. A dose recomendada para adultos e pacientes pediátricos pesando ≥ 40 kg é uma dose única de ataque de 200 mg no dia 1 via infusão intravenosa seguida de doses de manutenção de 100 mg por dia a partir do dia 2 via infusão intravenosa. A dose recomendável para pacientes pediátricos ≥ 28 dias de idade e pesando 3 kg a menos de 40 kg é uma dose de ataque única de 5 mg/kg no 1º dia por infusão intravenosa seguida de doses de manutenção de 2,5 mg/kg, 1 vez/dia a partir do dia 2 via infusão intravenosa. A duração recomendável do tratamento é 5 dias, mas está aprovada para uso por até 10 dias em pacientes que exigem ventilação mecânica invasiva e/ou oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO). Os benefícios do tratamento antiviral nesse grupo não são conclusivos.

Em um grande ensaio clínico randomizado (ACTT-1), o rendesivir foi associado à melhora clínica precoce para pacientes que necessitam de oxigênio suplementar, mas não ventilação mecânica ou outros níveis mais elevados de suporte (4). Essa melhora no tempo de recuperação também foi observada em um ensaio clínico randomizado e controlado (PINETREE) (2). Entretanto, o benefício não foi observado em 2 ensaios clínicos abertos (Solidarity [5] e DisCoVeRy [6]).

No geral, estudos com rendesivir apoiam seu uso no início da infecção (antes dos 7 a 10 dias) quando a replicação viral ativa tem maior probabilidade de contribuir para a doença. O rendesivir também pode ser considerado em pacientes hospitalizados, mas sem necessidade de suplementação de oxigênio, embora não existam dados nessa população. O remdesivir não é recomendado para pacientes com TFGe < 30 mL/minuto. Deve-se monitorar a função renal antes e durante o tratamento com remdesivir. (Ver também the NIH treatment guidelines on remdesivir.)

O corticoide dexametasona (na dosagem de 6 mg, uma vez ao dia, por até 10 dias ou até a alta hospitalar, o que ocorrer primeiro) é geralmente recomendado em pacientes com covid-19 que necessitam de suplementação de oxigênio, mas seu uso não é recomendado em pacientes que não exigem suplementação de oxigênio. A dexametasona mostrou um benefício de sobrevivência para aqueles que necessitam de oxigênio suplementar ou ventilação mecânica no estudo RECOVERY (7). É provável que seu benefício seja maior em pacientes cuja doença decorre da resposta inflamatória da infecção. Se a dexametasona não estiver disponível, outros corticoides (p. ex., prednisona, metilprednisolona, hidrocortisona) podem ser utilizados.

A combinação de rendesivir e dexametasona é comumente utilizada em pacientes hospitalizados que necessitam de oxigênio suplementar nos primeiros 10 dias da doença, quando a replicação viral e a inflamação do hospedeiro podem estar contribuindo para o quadro clínico.

Para pacientes que exigem ventilação não invasiva (incluindo sistemas de fornecimento de oxigênio de alto fluxo)

  • Dexametasona é recomendada para todos os pacientes.

  • Rendesivir pode ser adicionado com particular consideração para pacientes dentro de 7 a 10 dias do início dos sintomas.

  • Fármacos imunomoduladores adicionais devem ser considerados, particularmente para pacientes com deterioração rápida ou sinais de inflamação sistêmica.

Imunomoduladores adicionais incluem o inibidor de JAK baricitinibe (ou tofacitinibe, se indisponível) ou inibidor da IL-6 tocilizumabe (ou sarilumabe, se não disponível). Essas recomendações baseiam-se em análises de subgrupos de numerosos ensaios clínicos randomizados [COV-BARRIER (8), ACTT-2 (9)]e abertos [REMAP-CAP (10), RECOVERY (11)] que mostraram benefício de sobrevida com a adição de um desses fármacos em pacientes que exigem esse nível de suporte respiratório. Esses fármacos são imunossupressores potentes e o benefício potencial deve ser ponderado em relação ao risco imunossupressor adicional em pacientes com suspeita de infecção bacteriana gou fúngica graves ou com alto risco de infecções oportunistas devido a uma condição imunossupressora subjacente. Ver Diretrizes do NIH para tratamento com imunomoduladores para mais detalhes sobre a seleção apropriada do paciente para essas terapias.

Para pacientes que exigem ventilação mecânica ou ECMO, recomenda-se dexametasona para todos os pacientes. A adição de tociluzumabe deve ser considerada para pacientes dentro de 24 horas após a internação na unidade de terapia intensiva (UTI).

Muitas terapias foram consideradas e não são atualmente recomendadas para o tratamento ou prevenção de covid-19:

  • O vilobelimabe é um anticorpo monoclonal anti- complemento (anti-C5a) que recebeu uma autorização para uso emergencial do FDA em abril de 2023 para o tratamento da covid-19 em adultos hospitalizados quando iniciado em 48 horas após receber ventilação mecânica invasiva ou oxigenação por membrana extracorpórea. Dados sobre esse agente são limitados; em um ensaio clínico randomizado único, a presença de um efeito significativo na mortalidade em 28 dias variou de acordo com a análise (12). Recomendações clínicas para seu uso não foram publicadas.

  • O plasma convalescente não é atualmente recomendado para o tratamento de pacientes hospitalizados com covid-19. Dados de uma série de ensaios clínicos randomizados (13) e um grande registro associado a um programa de acesso expandido não mostraram um benefício significativo nessa população e sugerem uma associação potencial com maior necessidade de ventilação mecânica. Pode ser considerada em pacientes não hospitalizados com doença leve a moderada e alto risco de progressão para doença grave se não houver outras opções de tratamento disponíveis.

  • Imunoglobulina não específica (IGIV) e terapia com células-tronco mesenquimais também não são recomendadas.

  • Terapias imunomoduladoras adicionais, incluindo interferons, inibidores da quinase e inibidores da interleucina, têm sido utilizadas, mas não há dados suficientes para recomendar seu uso rotineiro fora de ensaios clínicos.

  • Outros fármacos utilizados são azitromicina e antirretrovirais, mas não há dados suficientes para apoiar o uso desses fármacos fora dos ensaios clínicos.

  • Vários ensaios clínicos com os retrovirais anti-HIV lopinavir/ritonavir e os fármacos antimaláricos cloroquina e hidroxicloroquina demonstraram que esses fármacos não são benéficos (14, 15). A falta de benefícios combinada com toxicidades associadas à cloroquina e à hidroxicloroquina levaram a recomendações de que elas não devem ser utilizadas para o tratamento da covid-19 (ver NIH COVID-19 Treatment Guidelines: Chloroquine or Hydroxychloroquine and/or Azithromycin).

  • Também não há ensaios clínicos randomizados documentando a utilidade do fármaco antiparasitário ivermectina para a prevenção ou tratamento da covid-19 (16). Um grande ensaio clínico randomizado controlado por placebo recente não demonstrou nenhum efeito da ivermectina (17). O FDA e outras organizações emitiram alertas em relação à toxicidade relacionada com a utilização inadequada de preparações de ivermectina para uso em animais de grande porte (ver FDA: Why You Should Not Use Ivermectin to Treat or Prevent COVID-19).

  • O inibidor seletivo da recaptação da serotonina (ISRS) fluvoxamina foi estudado em 2 ensaios clínicos randomizados de pacientes ambulatoriais sintomáticos com covid-19 com benefício incerto e tendência potencial de aumento de dano; portanto, não é recomendado para uso fora de um ensaio clínico.

Um painel do NIH concluiu que não há evidências suficientes para recomendar a favor ou contra o uso de oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) em adultos com covid-19 e hipoxemia refratária (ver NIH COVID-19 Treatment Guidelines: Extracorporeal Membrane Oxygenation [May 31, 2022]).

As complicações da covid-19 devem ser tratadas à medida que surgem. Pacientes hospitalizados com covid-19 podem ter maior risco de eventos tromboembólicos. As diretrizes para gerenciar esse maior risco estão continuamente evoluindo à medida que surgem os dados (ver NIH: The COVID-19 Treatment Guidelines Panel's Statement on Anticoagulation in Hospitalized Patients With COVID-19). Atualmente, a anticoagulação terapêutica deve ser considerada em pacientes não gestantes hospitalizados que requerem oxigênio suplementar, mas não terapia intensiva se tiverem um dímero D elevado e nenhum risco de sangramento grave. O risco de eventos adversos de sangramento supera o potencial benefício em pacientes criticamente enfermos. Deve-se considerar a profilaxia farmacológica do tromboembolismo venoso para todos os outros pacientes hospitalizados.

Fármacos como um inibidor da enzima conversora de angiotensina (ECA) ou tratamentos com um bloqueador do receptor da angiotensina II (BRA) devem ser continuados se necessário para as condições clínicas concomitantes, mas não ser introduzidos como tratamento para a covid-19. Não há evidências de que o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) esteja ligado a desfechos piores, e pode-se utilizar paracetamol ou AINEs durante o tratamento com covid-19.

O tratamento respiratório do paciente com covid-19, intubado ou não, deve considerar a tendência à hipóxia. Medidas adjuntivas não-farmacológicas, tais como reposicionamento e ambulação frequentes, podem ser úteis.

Referências sobre o tratamento

  1. 1. Hammond J, Leister-Tebbe H, Gardner A, et al: Oral nirmatrelvir for high-risk, nonhospitalized adults with Covid-19. N Engl J Med 386(15):1397-1408, 2022. doi: 10.1056/NEJMoa2118542

  2. 2. Gottlieb RL, Vaca CE, Paredes R et al: Early remdesivir to prevent progression to severe covid-19 in outpatients. N Engl J Med 386(4):305-315, 2022. doi: 10.1056/NEJMoa2116846

  3. 3. Jayk Bernal A, Gomes da Silva MM, Musungaie DB, et al: Molnupiravir for oral treatment of Covid-19 in nonhospitalized Patients. N Engl J Med 386(6):509-520, 2022. doi: 10.1056/NEJMoa2116044

  4. 4. Beigel JH, Tomashek KM, Dodd LE, et al: Remdesivir for the treatment of Covid-19 - final report. N Engl J Med 383(19):1813-1826, 2020. doi: 10.1056/NEJMoa2007764

  5. 5. WHO Solidarity Trial Consortium: Remdesivir and three other drugs for hospitalised patients with COVID-19: final results of the WHO Solidarity randomised trial and updated meta-analyses. Lancet 399(10339):1941-1953, 2022. doi: 10.1016/S0140-6736(22)00519-0

  6. 6. Ader F, Bouscambert-Duchamp M, Hites M, et al: Remdesivir plus standard of care versus standard of care alone for the treatment of patients admitted to hospital with COVID-19 (DisCoVeRy): a phase 3, randomised, controlled, open-label trial. Lancet Infect Dis 22(2):209-221, 2022. doi: 10.1016/S1473-3099(21)00485-0

  7. 7. RECOVERY Collaborative Group, Horby P, Lim WS, Emberson JR, et al: Dexamethasone in hospitalized patients with Covid-19. N Engl J Med 384(8):693-704, 2021. doi: 10.1056/NEJMoa2021436

  8. 8. Marconi VC, Ramanan AV, de Bono S, et al: Efficacy and safety of baricitinib for the treatment of hospitalised adults with COVID-19 (COV-BARRIER): a randomised, double-blind, parallel-group, placebo-controlled phase 3 trial [published correction appears in Lancet Respir Med 2021 Oct;9(10):e102]. Lancet Respir Med 9(12):1407-1418, 2021. doi:10.1016/S2213-2600(21)00331-3

  9. 9. Kalil AC, Patterson TF, Mehta AK, et al: Baricitinib plus remdesivir for hospitalized adults with Covid-19. N Engl J Med 384(9):795-807, 2021. doi:10.1056/NEJMoa2031994

  10. 10. REMAP-CAP Investigators, Gordon AC, Mouncey PR, et al: Interleukin-6 receptor antagonists in critically ill patients with Covid-19. N Engl J Med 384(16):1491-1502, 2021. doi:10.1056/NEJMoa2100433

  11. 11. RECOVERY Collaborative Group, Horby P, Lim WS, et al: Dexamethasone in hospitalized patients with Covid-19. N Engl J Med 384(8):693-704, 2021. doi:10.1056/NEJMoa2021436

  12. 12. Vlaar APJ, Witzenrath M, van Paassen P, et al: Anti-C5a antibody (vilobelimab) therapy for critically ill, invasively mechanically ventilated patients with COVID-19 (PANAMO): a multicentre, double-blind, randomised, placebo-controlled, phase 3 trial. Lancet Respir Med 10(12):1137-1146, 2022. doi:10.1016/S2213-2600(22)00297-1

  13. 13. Janiaud P, Axfors C, Schmitt AM, et al: Association of convalescent plasma treatment with clinical outcomes in patients with COVID-19: A systematic review and meta-analysis. JAMA 325(12);1185-1195, 2021, doi: 10.1001/jama.2021.2747

  14. 14. Self WH, Semler MW, Leither LM, et al. Effect of hydroxychloroquine on clinical status at 14 days in hospitalized patients with COVID-19: a randomized clinical trial. JAMA 324(21):2165-2176, 2020. doi:10.1001/jama.2020.22240

  15. 15. RECOVERY Collaborative Group, Horby P, Mafham M, et al. Effect of hydroxychloroquine in hospitalized patients with Covid-19. N Engl J Med 383(21):2030-2040, 2020. doi:10.1056/NEJMoa2022926

  16. 16. Popp M, Stegemann M, Metzendorf MI, et al: Ivermectin for preventing and treating COVID-19. Cochrane Database Syst Rev. 7(7):CD015017, 2021. doi: 10.1002/14651858.CD015017.pub2

  17. 17. Reis G,Silva EASM, Silva DCM, et al: Effect of early treatment with ivermectin among patients with COVID-19. N Engl J Med 386:1721-1731, 2022. doi: 10.1056/NEJMoa2115869

Pós-infecção por covid-19

Os testes de PCR viral em pacientes podem permanecer positivos por pelo menos 3 meses, independentemente dos sintomas. Contudo, mesmo pacientes com sintomas persistentes geralmente não são considerados infecciosos, uma vez que dificilmente se consegue cultivar vírus a partir de secreções do trato respiratório superior de pacientes após 10 dias da doença.

Embora a infecção por coronavírus possa conferir algum grau de imunidade à reinfecção, a duração e a eficácia da imunidade após covid-19 são difíceis de quantificar e dependem de múltiplos hospedeiros e fatores virais. Recomenda-se que mesmo pacientes que tiveram covid-19, incluindo pessoas com sintomas prolongados pós-covid-19, recebam todas as vacinas elegíveis para reduzir o risco de reinfecção. Podem fazê-lo quando recuperados clinicamente da infecção e após completarem o período de isolamento. Anticorpos neutralizantes são detectados na maioria dos pacientes após uma infecção por SARS-COV-2, mas seus níveis são mais variáveis do que em pessoas após a vacinação. Isso provavelmente fornece proteção contra a reinfecção clinicamente aparente na maioria das pessoas imunocompetentes por pelo menos 3 e até 6 meses, mas esse período pode ser mais curto se surgir uma nova variante antigenicamente distinta. Os sintomas associados à reinfecção tendem a ser semelhantes ou mais leves do que as infecções iniciais.

Referência sobre infecção pós-covid-19

  1. 1. Zhong D, Xiao S, Debes AK, et al: Durability of antibody levels after vaccination with mRNA SARS-CoV-2 vaccine in individuals with or without prior infection. JAMA 326(24):2524-2526, 2021. doi:10.1001/jama.2021.19996

Visão geral do covid-19

Vacinação contra covid-19

Para uma discussão detalhada sobre as vacinas aprovadas nos Estados Unidos, ver Vacinas contra covid-19.

A vacinação é a maneira mais eficaz de prevenir doenças graves e morte por covid-19, incluindo as variantes delta e ômicron. Nos Estados Unidos, outono de 2021, as pessoas não vacinadas tinham probabilidade muito maior de morrer de covid-19 do que as pessoas vacinadas (com uma dose de reforço) (1).

Nos Estados Unidos, o CDC recomenda que pessoas não imunocomprometidas aos 12 anos de idade ou mais recebem 1 dose da vacina atualizada do mRNA do vírus 2023–2024 SARS-CoV-2 (covid-19) do fabricante (moderna ou Pfizer-BioNTech) ou 1 ou 2 doses (dependendo da história da vacinação) da atualização da vacina de nanopartículas de proteína recombinante do vírus SARS-CoV-2 (covid-19) 2023-2024 produzida pela Novavax (ver CDC: Interim Clinical Considerations for Use of COVID-19 Vaccines in the United States). Crianças de 6 meses a 4 anos devem receber 1 a 3 doses de uma formulação de RNAm atualizada em 2023–2024 (as doses recomendadas e o fabricante variam dependendo do histórico de vacinação), e crianças de 5 a 11 anos devem receber 1 dose, independentemente do histórico de vacinação com qualquer formulação de RNAm atualizada em 2023-2024. Orientações para pessoas com imunocomprometimento moderado ou grave também podem ser encontradas no site do CDC. As vacinas atualizadas em 2023–2024 têm como alvo a variante Omicron XBB.1.5. A formulação atualizada em 2023–2024 substitui as vacinas monovalentes contra a covid-19 direcionadas à cepa original SARS-CoV-2 e as vacinas bivalentes direcionadas tanto ao vírus original como às subvariantes BA.4/BA.5 Omicron.

Várias vacinas contra covid-19 estão atualmente em uso em todo o mundo. Para informações adicionais sobre aprovações globais de vacinas e ensaios clínicos, ver UNICEF COVID-19 Vaccine Market Dashboard e o relatório COVID-19 vaccine tracker and landscape da Organização Mundial da Saúde.

As vacinas de mRNA não contêm antígeno viral, mas, em vez disso, entregam um pequeno fragmento sintético de mRNA que é codificado para o antígeno-alvo desejado (a proteína spike). Depois de ser absorvida pelas células do sistema imunitário, o mRNA da vacina degrada-se após instruir a célula a produzir o antígeno viral. O antígeno é então liberado e desencadeia a resposta imune desejada, prevenindo infecções graves subsequentes à exposição ao vírus real.

Uma vacina com vetor de adenovírus contém um pedaço do DNA, ou material genético, que é utilizado para produzir a proteína “spike” distintiva do vírus SARS-CoV-2, que então desencadeia a resposta imunitária desejada.

Vacinas adjuvadas com subunidades de proteínas contêm uma proteína spike recombinante de SARS-COV-2, juntamente com um adjuvante que desencadeia a resposta imunitária desejada. Essa é uma abordagem clássica das vacinas, utilizada nos Estados Unidos há mais de 30 anos.

Duas vacinas de mRNA (formulações de 2023–2024 das vacinas para covid-19 da Moderna e da Pfizer-BioNTech) e uma vacina adjuvada de subunidade proteica (formulação 2023–2024 da vacina adjuvada da Novavax para covid-19) são usadas nos Estados Unidos (ver CDC: COVID-19 Vaccination Clinical & Professional Resources). Desde 6 de maio de 2023, a vacina de adenovírus (Ad26.COV2.S) não está mais disponível para uso nos Estados Unidos em razão do risco de eventos adversos graves. Há uma relação causal plausível entre a vacina do vetor de adenovírus e um evento adverso raro e grave — coágulos sanguíneos com plaquetas baixas (síndrome de trombose com trombocitopenia induzida por vacina, ou STTIV).

Prevenção da exposição

Além de se manter atualizado com as vacinas covid-19, as pessoas podem evitar exposição ao vírus lavando as mãos com frequência, utilizando máscaras faciais, mantendo uma distância de cerca de 2 metros de outras pessoas, evitando espaços mal ventilados e multidões, e tomando outras medidas recomendadas pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Também deve-se testar as pessoas com covid-19 que tiverem sido expostas a um indivíduo infectado ou apresentarem sintomas. Indivíduos sintomáticos ou infectados devem seguir as recomendações de isolamento.

Áreas de transmissão sustentada variam. O CDC varia as recomendações sobre as medidas de prevenção de acordo com os níveis de internação hospitalar por covid-19. Os níveis podem ser baixos, médios ou altos. Nos Estados Unidos, os médicos devem consultar os departamentos de saúde estaduais ou locais. O CDC adverte que viajar aumenta a chance de contrair e disseminar a covid-19; para informações atuais, consulte CDC: Coronavirus Disease Information for Travel.

Para ajudar a prevenir a disseminação da SARS-CoV-2 de casos suspeitos, os profissionais de saúde devem utilizar precauções padrão contra o contágio por partículas aerossolizadas, como distanciamento social e proteção dos olhos. Precauções de transmissão respiratória são particularmente relevantes para os pacientes que fazem procedimentos que geram aerossóis.

Referência sobre prevenção

  1. 1.  Johnson AG, Amin AB, Ali AR, et al: COVID-19 incidence and death rates among unvaccinated and fully vaccinated adults with and without booster doses during periods of delta and Omicron variant emergence — 25 U.S. Jurisdictions, April 4–December 25, 2021. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 71:132–138. 2022. doi: 10.15585/mmwr.mm7104e2

Informações adicionais

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