Hipertensão

PorGeorge L. Bakris, MD, University of Chicago School of Medicine
Revisado/Corrigido: set 2023
Visão Educação para o paciente

Hipertensão é a elevação sustentada em repouso da pressão arterial sistólica ( 130 mmHg), diastólica ( 80 mmHg) ou de ambas. A hipertensão de causa desconhecida, classificada como primária (antiga hipertensão essencial), é a mais comum. Hipertensão com uma causa identificada (hipertensão secundária) geralmente ocorre por causa de aldosteronismo primário. Apneia do sono, doença renal crônica, obesidade ou estenose da artéria renal são outras causas de hipertensão secundária. Habitualmente, não há desenvolvimento de sintomas, a menos que a hipertensão seja grave ou de longa duração. Obtém-se o diagnóstico com esfigmomanômetro. Pode-se realizar exames para determinar a causa, avaliar as repercussões e identificar outros fatores de risco cardiovascular. O tratamento inclui modificação do estilo de vida e administração de diuréticos, inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), bloqueadores do receptor da angiotensina II, e bloqueadores dos canais de cálcio.

Define-se hipertensão como a pressão arterial (PA) sistólica 130 mmHg ou PA diastólica 80 mmHg ou tomar medicação para hipertensão. Quase metade dos adultos nos Estados Unidos apresenta hipertensão. Muitas dessas pessoas não estão cientes de que têm hipertensão. Aproximadamente 80% dos adultos com hipertensão têm recomendação para tratamento com medicação e modificação do estilo de vida, mas apenas cerca de 50% deles recebe tratamento (1).

Mesmo com medicação e modificação no estilo de vida, somente 26% dos pacientes têm a PA na meta (sob controle); e dos adultos tratados cuja PA não está na meta, quase 60% têm PA 140/90 mmHg (1).

A hipertensão é mais comum em adultos negros não hispânicos (58%) do que em adultos brancos não hispânicos (49%), adultos asiáticos não hispânicos (45%) ou adultos hispânicos (39% — 1). Entre aqueles aos quais se recomenda utilizar medicamentos para controle da pressão arterial e fazer modificações no estilo de vida, o controle da pressão arterial é maior em adultos brancos não hispânicos (31%) do que em adultos negros não hispânicos (20%), adultos asiáticos não hispânicos (24%) ou adultos hispânicos (23% — 1).

A pressão arterial aumenta com a idade. Cerca de dois terços dos indivíduos com > 65 anos têm hipertensão e aqueles com PA normal aos 55 anos de idade têm 90% de risco de desenvolver hipertensão durante toda a vida (2). Como a hipertensão torna-se tão comum com o passar dos anos, o aumento da PA relacionado com a idade pode parecer inócuo, mas a PA mais elevada aumenta o risco de morbidade e mortalidade.

A hipertensão durante a gestação tem considerações especiais porque as complicações são diferentes; hipertensão que se desenvolve durante a gestação pode se resolver após a gestação (ver Hipertensão na gestação e Pré-eclâmpsia e eclâmpsia).

Categorias de PA em adultos definidas pelo American College of Cardiology/American Heart Association (ACC/AHA) incluem PA normal, elevada, estágio 1 (leve) ou estágio 2 de hipertensão (3) (ver tabela Classificação da PA em adultos). A pressão arterial normal em lactentes e adolescentes é muito mais baixa (4).

Define-se hipertensão como resistente quando a PA permanece acima da meta, apesar do uso de 3 diferentes anti-hipertensivos nas doses máximas toleradas. Pacientes com hipertensão arterial resistente têm maior morbidade e mortalidade por causas cardiovasculares (5).

Tabela

Referências gerais

  1. 1. Million Hearts: Estimated Hypertension Prevalence, Treatment, and Control Among U.S. Adults. https://millionhearts.hhs.gov/data-reports/hypertension-prevalence.html March 21, 2021. Acessado em 5 de setembro de 2023. https://millionhearts.hhs.gov/data-reports/hypertension-prevalence.html

  2. 2. Vasan RS, Beiser A, Seshadri S, et al. Residual lifetime risk for developing hypertension in middle-aged women and men: The Framingham Heart Study. JAMA 287(8):1003-1010, 2002. doi:10.1001/jama.287.8.1003

  3. 3. Whelton PK, Carey RM, Aronow WS, et al. 2017 ACC/AHA/AAPA/ABC/ACPM/AGS/APhA/ASH/ASPC/NMA/PCNA Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults: Executive Summary: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines [published correction appears in Hypertension. 2018 Jun;71(6):e136-e139] [published correction appears in Hypertension. 2018 Sep;72(3):e33]. Hypertension 71(6):1269-1324, 2018. doi:10.1161/HYP.000000000000006

  4. 4. Flynn J.T, Kaelber DC, Baker-Smith CM, et al; Subcommittee on Screening and Management of High Blood Pressure in Children: Clinical practice guideline for screening and management of high blood pressure in children and adolescents. Pediatrics 140(3):e20171904, 2017.

  5. 5. Carey RM, Calhoun DA, Bakris GL, et al: Resistant hypertension: Detection, evaluation, and management: A Scientific Statement From the American Heart Association. Hypertension 72:e53–e90, 2018. doi: 10.1161/HYP.0000000000000084

Etiologia da hipertensão

A hipertensão pode ser

  • Primária (nenhuma causa específica — 85% dos casos)

  • Secundária (causa identificada)

Hipertensão primária

Os componentes hemodinâmicos e fisiológicos (p. ex., volume plasmático e atividade de renina plasmática) variam, indicando que a hipertensão primária tem baixa probabilidade de ter uma única causa. Mesmo que a princípio um fator seja responsável, múltiplos fatores provavelmente estão envolvidos na manutenção da pressão arterial elevada (teoria do mosaico). Nas arteríolas sistêmicas aferentes, a disfunção das bombas iônicas nos sarcolemas das células musculares lisas pode conduzir à elevação crônica do tônus vascular. A hereditariedade é um fator predisponente, mas o mecanismo exato não está esclarecido. Fatores ambientais (p. ex., sódio na dieta, estresse) parecem afetar somente pessoas que são geneticamente suscetíveis em idades mais jovens; contudo, em pacientes > 65, é mais provável que alta ingestão de sódio precipite hipertensão.

Hipertensão secundária

Causas comuns incluem

Outras causas mais raras incluem feocromocitoma, síndrome de Cushing, hiperplasia adrenal congênita, hipertireoidismo, hipotireoidismo (mixedema), hiperparatireoidismo primário, acromegalia, coarctação da aorta e síndromes de excesso de mineralocorticoides além do aldosteronismo primário.

A ingestão excessiva de álcool e o uso de contraceptivos orais são causas comuns de hipertensão reversível.

Além disso, o uso de simpaticomiméticos, AINEs, corticoides, cocaína ou alcaçuz podem contribuir para piorar o controle da pressão arterial.

Embora a hipertensão seja comum em pacientes diabéticos, o diabetes não é considerado uma causa.

Referência sobre etiologia

  1. 1. Brown JM, Siddiqui M, Calhoun DA, et al: The unrecognized prevalence of primary aldosteronism: A cross-sectional study. Ann Intern Med 173(1):10–20, 2020. doi:10.7326/M20-0065

Fisiopatologia da hipertensão

Como a pressão arterial é igual ao débito cardíaco (DC) x resistência vascular periférica (RVP) total, mecanismos patogênicos envolvem

  • débito cardíaco aumentado

  • RVP aumentada

  • Ambos

Na maioria dos pacientes, o débito cardíaco é normal ou levemente aumentado e a RVP está elevada. Esse padrão é típico de hipertensão primária e de hipertensão decorrente de aldosteronismo primário, feocromocitoma, doença renovascular e doença do parênquima renal.

Em outros pacientes, o débito cardíaco está aumentado (possivelmente em virtude de venoconstrição de grandes veias) e a RVPT está inadequadamente normal para o nível de débito cardíaco. Na fase adiantada da evolução da doença, a RVPT aumenta e o débito cardíaco retorna ao normal, provavelmente em decorrência da autorregulação. Algumas doenças que aumentam o CO (p. ex., tireotoxicose, fístula arteriovenosa, regurgitação aórtica), particularmente quando o volume sistólico é aumentado, causam hipertensão sistólica isolada. Alguns pacientes idosos têm hipertensão sistólica isolada, com débito cardíaco normal ou baixo, provavelmente em virtude da perda da elasticidade da aorta e de seus ramos principais. Pacientes com pressão diastólica fixa e elevada geralmente têm diminuição do débito cardíaco.

O volume plasmático tende a diminuir, à medida que aumenta a PA, mas, raramente, pode permanecer normal ou aumentar. O volume plasmático tende a ser elevado na hipertensão decorrente de aldosteronismo primário ou doença do parênquima renal, podendo estar muito baixo na hipertensão decorrente de feocromocitoma.

O fluxo sanguíneo renal diminui gradualmente, à medida que a PA diastólica aumenta, e inicia-se a esclerose arteriolar. A taxa de filtração glomerular permanece normal até tardiamente na evolução da doença e, em consequência, a fração de filtração está elevada.

Os fluxos sanguíneos coronariano, cerebral e muscular estão mantidos, a menos que coexista aterosclerose grave nesses leitos vasculares.

Transporte anormal de sódio

Em muitos casos de hipertensão, o transporte de sódio através da parede celular é anormal, pois a bomba de sódio-potássio (Na+K+-ATPase) é defeituosa ou inibida ou a permeabilidade aos íons de sódio aumenta. O resultado é o aumento do sódio intracelular, o que torna a célula mais sensível à estimulação simpática. O cálcio segue o sódio, de maneira que o acúmulo de cálcio intracelular pode ser responsável pelo aumento da sensibilidade. Como Na+K+-ATPase pode bombear noradrenalina de volta para os neurônios simpáticos (inativando esse neurotransmissor), a inibição desse mecanismo pode também exacerbar o efeito da noradrenalina, aumentando a PA. Defeitos no transporte de sódio podem ocorrer em crianças que são normotensas, mas têm um pai com hipertensão.

Sistema nervoso simpático

Estimulação simpática aumenta a PA, habitualmente mais em pacientes com PA elevada e hipertensão do que em pacientes que são normotensos. Não está estabelecido se tal resposta excessiva resulta do sistema nervoso simpático ou do miocárdio e musculatura lisa vascular.

A frequência cardíaca elevada em repouso, que pode resultar do aumento da atividade nervosa simpática, é um bem conhecido fator preditivo de hipertensão.

Em alguns pacientes com hipertensão, os níveis circulantes de catecolamina plasmática durante o repouso estão mais elevados que o normal.

Sistema renina-angiotensina-aldosterona

O sistema renina-angiotensina-aldosterona ajuda a regular o volume sanguíneo e, dessa forma, a pressão arterial. A renina, uma enzima formada no aparelho justaglomerular, catalisa a conversão do angiotensinogênio em angiotensina I. Esse produto inativo é clivado pela enzima conversora da angiotensina (ECA), sobretudo nos pulmões e também nos rins e cérebro, em angiotensina II, um potente vasoconstritor que também estimula centros autônomos no cérebro para aumentar a estimulação simpática e estimular a liberação de aldosterona e vasopressina. Aldosterona e vasopressina provocam retenção de sódio e água, elevando a PA. A aldosterona também intensifica a excreção de potássio e os níveis baixos de potássio no plasma (< 3,5 mEq/L [< 3,5 mmol/L]) aumentam a vasoconstrição pelo fechamento dos canais de potássio. A angiotensina III, presente na circulação, estimula a liberação da aldosterona tão ativamente quanto a angiotensina II, mas tem atividade vasoconstritora bem menos intensa. Como as enzimas quimases também convertem angiotensina I em angiotensina II, os fármacos que inibem a ECA não suprimem totalmente a produção de angiotensina II.

A secreção da renina é, no mínimo, controlada por 4 mecanismos, que não são mutuamente exclusivos:

  • Um receptor vascular renal responde a alterações da tensão na parede arteriolar aferente

  • Um receptor da mácula densa detecta alterações na taxa de fornecimento ou na concentração do cloreto de sódio no túbulo distal

  • A angiotensina na circulação tem um efeito de feedback negativo sobre a secreção de renina

  • O sistema nervoso simpático estimula a secreção de renina mediada por betarreceptores (através do nervo renal)

Em geral, admite-se que a angiotensina é responsável pela hipertensão renovascular, pelo menos na fase inicial, mas o papel do sistema renina-angiotensina-aldosterona não está estabelecido na hipertensão primária. Entretanto, em hipertensos idosos e pacientes de ascendência africana, os níveis de renina tendem a ser baixos (1). Em idosos os níveis de angiotensina II também tendem a ser baixos.

A hipertensão decorrente de doença crônica do parênquima renal (hipertensão renopriva) resulta da combinação entre mecanismo dependente de renina e mecanismo dependente de volume. Na maioria dos casos, a elevação da atividade da renina não está evidente no sangue periférico. A hipertensão é tipicamente moderada e sensível ao equilíbrio de sódio e água.

Deficiência de vasodilatador

A deficiência de vasodilatador (p. ex., bradicinina e óxido nítrico), em vez de excesso de vasoconstritor (p. ex., angiotensina e noradrenalina), pode causar hipertensão. Com o envelhecimento, ocorrem reduções no óxido nítrico; essa redução contribui para a sensibilidade ao sal (isto é, a ingestão de quantidades menores de sal eleva mais a PA em comparação com pessoas mais jovens — 2).

Redução do óxido nítrico devido a artérias rígidas está ligada à hipertensão sensível ao sal, um aumento desordenado de > 10 a 20 mmHg da PA sistólica após uma grande carga de sódio (p. ex., uma refeição salgada).

Se os rins não produzirem quantidades adequadas de vasodilatadores (em virtude de doença do parênquima renal ou nefrectomia bilateral), pode haver aumento da pressão arterial.

Vasodilatadores e vasoconstritores (principalmente endotelina) também são produzidos nas células endoteliais. Portanto, a disfunção endotelial afeta consideravelmente a pressão arterial.

Patologia e complicações

No início, não ocorrem alterações patológicas na hipertensão. Na hipertensão grave ou prolongada há comprometimento de órgãos-alvo (principalmente sistema cardiovascular, cérebro e rins), aumentando o risco de

O mecanismo envolve desenvolvimento de arteriolosclerose generalizada e aceleração da aterogênese. A arterioloesclerose é caracterizada por hipertrofia medial, hiperplasia e hialinização; é particularmente evidente nas pequenas arteríolas, especialmente nos olhos e nos rins. Nos rins, as alterações estreitam o lúmen arteriolar, aumentando a RVPT e, dessa forma, hipertensão acarreta mais hipertensão. Além disso, com o estreitamento das artérias, qualquer discreto encurtamento adicional da musculatura lisa já hipertrofiada reduz o lúmen a um grau ainda maior que nas artérias com diâmetro normal. Esses efeitos explicam por que quanto maior a duração da hipertensão, menor a probabilidade do tratamento específico para causas secundárias (p. ex., cirurgia renovascular) restaurar a pressão arterial ao nível normal.

Em virtude do aumento da pós-carga, o ventrículo esquerdo hipertrofia-se gradualmente, levando à disfunção diastólica. Por fim, o ventrículo se dilata, evoluindo para cardiomiopatia dilatada e insuficiência cardíaca resultante de disfunção sistólica frequentemente agravada por doença coronariana arterioesclerótica. A dissecção da aorta torácica é tipicamente uma consequência da hipertensão, e quase todos os pacientes com aneurisma da aorta abdominal têm hipertensão.

Referências sobre fisiopatologia

  1. 1. Williams SF, Nicholas SB, Vaziri ND, Norris KC. African Americans, hypertension and the renin angiotensin system. World J Cardiol 6(9):878-889, 2014. doi:10.4330/wjc.v6.i9.878

  2. 2. Fujiwara N, Osanai T, Kamada T, et al: Study on the relationship between plasma nitrite and nitrate level and salt sensitivity in human hypertension: modulation of nitric oxide synthesis by salt intake. Circulation 101:856–861, 2000.

Sinais e sintomas da hipertensão

Habitualmente, a hipertensão é assintomática até o desenvolvimento de complicações nos órgãos-alvo. Tontura, rubor facial, cefaleia, fadiga, epistaxe e nervosismo não são causados por hipertensão não complicada. Hipertensão grave (normalmente definida como pressão arterial sistólica 180 mmHg e/ou pressão arterial diastólica 120 mmHg) pode ser assintomático (urgência hipertensiva). Quando a hipertensão grave causa sintomas cardiovasculares, neurológicos, renais e retinianos graves (p. ex., aterosclerose coronariana sintomática, insuficiência cardíaca, encefalopatia hipertensiva e insuficiência renal), é referido como uma emergência hipertensiva.

A ausculta da B4 é um dos sinais mais precoces de cardiopatia hipertensiva.

Alterações retinianas podem incluir estreitamentos arteriolares, hemorragias, exsudatos e, em pacientes com encefalopatia, papiledema (retinopatia hipertensiva). As alterações são classificadas em 4 grupos (de acordo com a classificação de Keith, Wagener e Barker) com prognóstico cada vez mais agravante:

  • Grau 1: somente constrição das arteríolas

  • Grau 2: constrição e esclerose das arteríolas

  • Grau 3: hemorragias e exsudatos, além de alterações vasculares

  • Grau 4: papiledema

Diagnóstico da hipertensão

  • Múltiplas medidas da PA para confirmação

  • Exames para diagnosticar as causas e complicações

Diagnostica-se a hipertensão por esfigmomanometria. História, exame físico e outros exames auxiliam na identificação da etiologia e na determinação da existência de lesão em órgãos-alvo.

Medição da pressão arterial

A pressão arterial utilizada para o diagnóstico formal deve ser uma média de 2 ou 3 medições feitas em diferentes momentos com o paciente:

  • Sentado em uma cadeira (não na mesa de exame) por > 5 minutos, pés no chão, apoiado no dorso

  • Com o membro apoiado no nível do coração sem roupas cobrindo a área de colocação do manguito

  • Não ter feito exercícios, ingerido cafeína ou ter fumado por pelo menos 30 minutos

Na primeira consulta, aferir a PA em ambos os membros superiores, as aferições subsequentes devem utilizar o membro superior que resultou na leitura mais alta.

Aplica-se um manguito de PA de tamanho adequado ao braço. A braçadeira de tamanho adequado cobre dois terços do bíceps, o comprimento do manguito deve envolver > 80% do membro superior e sua largura deve ser de, pelo menos, 40% da circunferência do membro superior. Dessa maneira, pacientes com obesidade geralmente exigem braçadeiras maiores. O médico insufla o manguito acima da pressão sistólica esperada e, gradualmente, libera o ar enquanto ausculta sobre a artéria braquial. A pressão em que se ausculta o primeiro batimento cardíaco, à medida que cai a pressão, é a PA sistólica. O desaparecimento total do som marca a PA diastólica. Seguem-se os mesmos princípios para avaliação da PA no antebraço (artéria radial) e na coxa (artéria poplítea). Os dispositivos mecânicos devem ser calibrados periodicamente e os leitores automáticos são, com frequência, imprecisos (1).

Mede-se a PA nos dois braços porque a PA > 15 mmHg mais alta em um dos braços do que no outro requer avaliação da vasculatura superior.

Mede-se a PA em uma coxa (com um manguito muito maior) para descartar coarctação da aorta, particularmente em pacientes com pulsos femorais diminuídos ou com atraso; com coartação, a PA é significativamente menor nas pernas.

Se a PA estágio 1 estiver no intervalo hipertensivo ou nitidamente lábil, recomendam-se mais avaliações da PA. Medições da PA podem ser esporadicamente altas antes que a hipertensão se torne sustentada; esse fenômeno provavelmente é responsável pela “hipertensão do jaleco branco”, na qual a PA é elevada quando medida no consultório do médico, mas normal quando medida em casa ou por monitoramento ambulatorial de PA.

Indica-se monitoramento ambulatorial da PA ou em casa quando há suspeita de "hipertensão do avental branco". Além disso, também pode-se indicar o monitoramento ambulatorial da PA quando há suspeita de "hipertensão mascarada" (uma condição na qual a PA medida em casa é superior aos valores obtidos no consultório), geralmente em pacientes que demonstram sequelas da hipertensão sem evidência de hipertensão de acordo com as medições no consultório.

História

A história inclui

A história social informa os níveis de atividade física e o uso de tabaco, bebidas alcoólicas e estimulantes (incluindo medicamentos e drogas ilícitas).

A história dietética deve focar a ingestão de sal e estimulantes (p. ex., chá, café e outras bebidas com cafeína, tais como refrigerantes e energéticos).

Exame físico

O exame físico é feito medindo a altura, o peso e a cintura; exame de fundo de olho em caso de retinopatia; ausculta de sopros cervicais ou abdominais; e exame cardíaco, pulmonar e neurológico completos. Palpa-se o abdome à procura de aumento dos rins e massas abdominais. Os pulsos arteriais periféricos são avaliados e a diminuição ou atraso dos pulsos femorais sugere coarctação aórtica, particularmente em pacientes com < 30 anos. Um sopro unilateral da artéria renal pode ser ouvido em pacientes magros com hipertensão renovascular.

Exames

Após o diagnóstico de hipertensão com base nas medidas da pressão arterial, são necessários exames para

  • Detectar danos em órgãos alvo

  • Identificar os fatores de risco cardiovasculares

Quanto mais grave for a hipertensão e quanto mais jovem for o paciente, mais abrangente deve ser a avaliação. Os testes podem incluir

  • Urinálise e proporção albumina:creatinina urinária; se anormal, considerar ultrassonografia renal

  • Perfil lipídico, perfil metabólico completo (incluindo creatinina, potássio e cálcio), glicemia em jejum

  • ECG

  • Às vezes, medição dos níveis de hormônio estimulante da tireoide

  • Às vezes, medição das metanefrinas plasmáticas livres (para detectar feocromocitoma)

  • Às vezes, estudo do sono

Dependendo dos resultados do exame e testes iniciais, outros testes podem ser necessários.

A ultrassonografia renal para avaliar o tamanho do rim pode fornecer informações úteis se a urinálise detectar albuminúria (proteinúria), cilindros ou micro-hematúria, ou se a creatinina sérica ou a cistatina C estiver elevada.

Pacientes com hipopotassemia não relacionada ao uso de diuréticos são avaliados quanto à alta ingestão de sal e aldosteronismo primário medindo os níveis plasmáticos de aldosterona e a atividade da renina plasmática. O aldosteronismo primário está presente em cerca de 10 a 20% dos pacientes com hipertensão resistente, um valor muito superior às estimativas anteriores (2, 3).

No ECG, a onda P entalhada e alargada indica sobrecarga atrial esquerda e, embora inespecífica, pode ser um dos primeiros sinais de cardiopatia hipertensiva. Elevação da voltagem do QRS, com ou sem evidências de isquemia, pode ocorrer mais tarde e indica hipertrofia ventricular esquerda (HVE). Quando a HVE é visualizada no ECG, ecocardiografia costuma ser realizada.

Na suspeita de coarctação da aorta, ecocardiografia, TC ou RM auxiliam na confirmação diagnóstica.

Pacintes com PA lábil, significativamente elevada e sintomas como cefaleia, palpitação, taquicardia, sudorese excessiva, tremor e palidez são rastreados para feocromocitoma pela medida de metanefrinas plasmáticas e para hipertireoidismo, primeiro medindo o hormônio estimulante da tireoide (TSH). Um estudo do sono também deve ser fortemente considerado naqueles cujo história sugere apneia do sono.

Pacientes com sintomas sugestivos de síndrome de Cushing, doenças reumáticas sistêmicas, eclâmpsia, porfiria aguda, hipertireoidismo, mixedema, acromegalia ou doenças do sistema nervoso central também exigem mais estudos.

Referências sobre diagnóstico

  1. 1. Muntner P, Shimbo D, Carey RM, et al: Measurement of blood pressure in humans: A scientific statement from the American Heart Association. Hypertension 73:e35–e66, 2019.

  2. 2. Burrello J, Monticone S, Losano I, et al: Prevalence of Hypokalemia and Primary Aldosteronism in 5100 Patients Referred to a Tertiary Hypertension Unit. Hypertension 2020;75(4):1025-1033. doi:10.1161/HYPERTENSIONAHA.119.14063

  3. 3. Mulatero P, Stowasser M, Loh KC, et al: Increased diagnosis of primary aldosteronism, including surgically correctable forms, in centers from five continents. J Clin Endocrinol Metab 2004;89(3):1045-1050. doi:10.1210/jc.2003-031337

Tratamento da hipertensão

  • Perda ponderal e exercício

  • Cessação do tabagismo

  • Duração adequada do sono (> 6 horas/noite)

  • Dieta: aumento da ingesta de frutas e vegetais, diminuição do sal, restrição de álcool

  • Fármacos: dependendo da PA e presença de doença cardiovascular ou fatores de risco

A hipertensão primária não tem cura, mas algumas causas de hipertensão secundária podem ser corrigidas. Em todos os casos, o controle da pressão arterial pode limitar significativamente as consequências adversas.

Meta de pressão arterial para a maioria dos pacientes, incluindo pacientes com distúrbios renais ou diabetes, é

  • PA < 130/80 mmHg independentemente da idade até aos 80 anos

Reduzir a PA abaixo de 130/80 mmHg parece continuar a reduzir o risco das complicações vasculares. Contudo, a diminuição da pressão sistólica também aumenta o risco de efeitos adversos da medicação. Assim, os benefícios da redução da PA para níveis próximos daqueles sistólicos de 120 mmHg devem ser ponderados contra o risco maior de tonturas e atordoamento e possível agravamento da função renal. Essa é uma preocupação particular entre os pacientes com diabetes, nos quais a PA < 120 mmHg sistólica ou diastólica aproximando-se de 60 mmHg aumenta o risco desses eventos adversos (1).

Mesmo pacientes idosos, incluindo os frágeis, podem tolerar bem uma PA diastólica tão baixa quanto 60 a 65 mmHg, sem aumento dos eventos cardiovasculares (2, 3). Idealmente, pacientes ou membros da família devem aferir a PA em casa, desde que tenham sido treinados para isso, sejam monitorados atentamente e o esfigmomanômetro seja calibrado regularmente.

O tratamento da hipertensão durante a gestação exige seleção cuidadosa da medicação porque alguns anti-hipertensivos podem prejudicar o feto.

Modificações do estilo de vida

Recomendam-se mudanças no estilo de vida para todos os pacientes com PA elevada ou hipertensão em qualquer estágio (ver também a Tabela 15, Intervenções não farmacológicas, em 2017 Hypertension Guidelines). As melhores intervenções não farmacológicas comprovadas para prevenção e tratamento da hipertensão incluem:

  • Aumento da atividade física, idealmente com um programa de exercícios estruturado

  • Perda ponderal se o paciente tiver sobrepeso ou obesidade

  • Dieta saudável rica em frutas, vegetais, grãos integrais e produtos lácteos com baixo teor de gordura, com teor reduzido de gordura saturada e total

  • Sódio dietético reduzido para < 1500 mg/dia (< 3,75 g de cloreto de sódio) idealmente, mas pelo menos uma redução de 1000 mg/dia

  • Maior ingestão de potássio na dieta, a menos que contraindicado devido à doença renal crônica ou uso de fármacos que reduzem a excreção de potássio

  • Moderação no consumo de álcool em pessoas que ingerem bebidas alcoólicas até ≤ 2 drinks por dia para homens e ≤ 1 drink por dia para mulheres (um drink é cerca de 12 oz de cerveja, 5 oz de vinho ou 1,5 oz de bebida destilada)

  • Cessação do tabagismo

Duração adequada do sono (> 6 horas/noite) também é recomendada. A curta duração do sono (geralmente definida como < 5 ou 6 horas por noite em adultos) foi associado à hipertensão (4). Por exemplo, dados sugerem que otimizar a qualidade e a duração do sono (> 6 horas/noite) melhora o controle da pressão arterial em pacientes com doença renal crônica (5).

Modificações dietéticas também podem ajudar a controlar diabetes, obesidade e dislipidemias. Pacientes com hipertensão não complicada não precisam restringir suas atividades enquanto a pressão arterial estiver controlada.

Medicamentos

(Ver também Fármacos para hipertensão.)

A decisão de utilizar tratamento farmacológico baseia-se no nível da PA e na presença de doença cardiovascular aterosclerótica (DVHA) ou seus fatores de risco (ver tabela Abordagem inicial para o controle da hipertensão arterial). Não se considera a presença de diabetes ou doença renal separadamente porque essas doenças fazem parte da avaliação de risco para DVHA.

Uma parte importante do tratamento é reavaliação continuada. Se os pacientes não estiver na PA alvo, os médicos devem se esforçar para otimizar a adesão antes de alternar ou acrescentar medicamentos.

Tabela

Seleção de medicamentos baseia-se em vários fatores, incluindo comorbidades e contraindicações. Para a maioria dos pacientes, ao selecionar um agente para monoterapia, o tratamento inicial pode ser com qualquer uma das seguintes classes de medicamentos:

  • Inibidor da enzima conversora da angiotensina (ECA)

  • Bloqueador do receptor da angiotensina II (BRA)

  • Bloqueador dos canais de cálcio di-hidropiridina

  • Diurético tiazídico (preferencialmente um diurético semelhante a tiazida, como clortalidona ou indapamida)

Além disso, alguns especialistas recomendam que, para pacientes de ascendência africana que são candidatos à monoterapia, um bloqueador dos canais de cálcio ou um diurético tiazídico deve ser usado inicialmente (a menos que os pacientes também tenham doença renal crônica em estágio 3 ou superior). A preferência por um bloqueador dos canais de cálcio ou um diurético tiazídico em pacientes com ascendência africana baseia-se em evidências de ensaios clínicos randomizados que mostram que essas classes de medicamentos têm eficácia superior em reduzir a pressão arterial e as taxas de eventos cardiovasculares do que os inibidores da ECA ou os BRAs (6, 7, 8, 9). Contudo, dados subsequentes sugerem que, apesar do uso dessa abordagem que leva em consideração a etnia, o controle da hipertensão e as disparidades étnicas no controle da pressão arterial não melhoraram (10). Assim, alguns especialistas preferem uma abordagem individualizada na escolha do tratamento, em vez de uma abordagem baseada na etnia. Alémdisso, há uma variabilidade substancial na resposta da pressão arterial dentrode grupos raciais (11).

Quando uma terapia de combinação com 2 agentes anti-hipertensivos é selecionada, as opções incluem um inibidor de ECA ou ARB combinado com um diurético ou um bloqueador de canal de cálcio. Muitas combinações estão disponíveis em comprimidos únicos, que são preferíveis para melhorar a adesão do paciente (12, 13).

Sinais de emergência hipertensiva requer a redução imediata da pressão arterial com anti-hipertensivos parenterais.

Alguns anti-hipertensivos são evitados em certos distúrbios (por exemplo, inibidores da ECA na estenose aórtica) enquanto outros são preferidos para certos distúrbios (por exemplo, bloqueadores dos canais de cálcio para angina do peito, inibidores da ECA ou BRAs para diabetes com proteinúria — ver tabelas Escolha inicial da classe de medicamentos anti-hipertensivos e Anti-hipertensivos para pacientes com comorbidades).

Se a PA alvo não for alcançada em 1 mês, avaliar a adesão e reforçar a importância de seguir o tratamento. Se os pacientes seguem o tratamento, pode-se aumentar a dose inicial do fármaco ou acrescentar um segundo fármaco (selecionado entre os fármacos recomendados para o tratamento inicial). Observe que um inibidor de ACE e um ARB não devem ser usados juntos. A terapia é titulada com frequência. Se a PA alvo não é alcançada com 2 fármacos, um terceiro fármaco é acrescentada a partir do grupo inicial. Se esse terceiro medicamento não for tolerado ou for contraindicado, um medicamento de outra classe (p. ex., antagonista da aldosterona) pode ser utilizado. Pacientes com difícil controle da PA devem consultar um especialista em hipertensão.

Tabela

Se a PA sistólica inicial for > 160 mmHg, deve-se iniciar 2 medicamentos independentemente do risco de doença cardiovascular. Determinam-se uma combinação e dose apropriadas. Para a hipertensão resistente (a PA permanece acima da meta, apesar do uso de 3 fármacos anti-hipertensivos diferentes), 4 ou mais fármacos são comumente necessários.

O controle adequado da pressão arterial geralmente requer várias avaliações e modificações na farmacoterapia. Deve-se superar a relutância em titular ou adicionar fármacos para controlar a PA. A não adesão à terapia, particularmente porque é necessário tratamento ao longo da vida, pode interferir no controle adequado da PA. A educação, com empatia e apoio, é essencial para o sucesso.

Tabela

Dispositivos e intervenções físicas

Ablação percutânea por catéter com radiofrequência dos nervos simpáticos na artéria renal é utilizada na Europa e Austrália para hipertensão resistente. Vários estudos controlados por placebo financiados pela indústria farmacêutica em diferentes populações de pacientes (p. ex., aqueles com hipertensão não tratada [14], hipertensão tratada [15] ou hipertensão resistente [16]) demonstraram reduções estatisticamente e/ou clinicamente significativas na pressão arterial sistólica. No entanto, não se sabe se esses dispositivos reduzem os eventos cardiovasculares graves. Assim, a ablação simpática deve ser considerada experimental e utilizada somente em centros com extensa experiência.

Uma intervenção física para baixar a pressão arterial envolve estimular a barorreceptor carotídeo com um dispositivo implantado cirurgicamente em torno do corpo carotídeo. Uma bateria acoplada ao dispositivo, quase como um marca-passo, é projetada para estimular o barorreceptor e, de uma forma dependente da dose, reduzir a pressão arterial. O seguimento a longo prazo de pacientes com hipertensão resistente que participaram previamente de ensaios clínicos sugere que a terapia de ativação barorreflexa manteve sua eficácia na redução persistente da PA no consultório, sem grandes problemas de segurança (17). Contudo, as diretrizes do American College of Cardiology/American Heart Association de 2017 concluíram que os estudos não forneceram evidências suficientes para recomendar o uso desses dispositivos no tratamento da hipertensão resistente (18).

Referências sobre o tratamento

  1. 1. Gomadam P, Shah A, Qureshi W, et al. Blood pressure indices and cardiovascular disease mortality in persons with or without diabetes mellitus. J Hypertens 36(1):85-92, 2018. doi:10.1097/HJH.0000000000001509

  2. 2. Williamson JD, Supiano MA, Applegate WB, et al. Intensive vs Standard Blood Pressure Control and Cardiovascular Disease Outcomes in Adults Aged 75 Years: A Randomized Clinical Trial. JAMA 315(24):2673-2682, 2016. doi:10.1001/jama.2016.7050

  3. 3. White WB, Wakefield DB, Moscufo N, et al. Effects of Intensive Versus Standard Ambulatory Blood Pressure Control on Cerebrovascular Outcomes in Older People (INFINITY). Circulation 140(20):1626-1635, 2019. doi:10.1161/CIRCULATIONAHA.119.041603

  4. 4. Thomas SJ, Calhoun D. Sleep, insomnia, and hypertension: current findings and future directions. J Am Soc Hypertens 11(2):122-129, 2017. doi:10.1016/j.jash.2016.11.008

  5. 5. Ali W, Gao G, Bakris GL. Improved Sleep Quality Improves Blood Pressure Control among Patients with Chronic Kidney Disease: A Pilot Study. Am J Nephrol 51(3):249-254, 2020. doi:10.1159/000505895

  6. 6. Materson BJ, Reda DJ, Cushman WC, et al. Single-drug therapy for hypertension in men. A comparison of six antihypertensive agents with placebo. The Department of Veterans Affairs Cooperative Study Group on Antihypertensive Agents [published correction appears in N Engl J Med 1994 Jun 9;330(23):1689]. N Engl J Med 1993;328(13):914-921. doi:10.1056/NEJM199304013281303

  7. 7. Yamal JM, Oparil S, Davis BR, et al. Stroke outcomes among participants randomized to chlorthalidone, amlodipine or lisinopril in ALLHAT. J Am Soc Hypertens 2014;8(11):808-819. doi:10.1016/j.jash.2014.08.003

  8. 8. Wright JT Jr, Harris-Haywood S, Pressel S, et al. Clinical outcomes by race in hypertensive patients with and without the metabolic syndrome: Antihypertensive and Lipid-Lowering Treatment to Prevent Heart Attack Trial (ALLHAT). Arch Intern Med 2008;168(2):207-217. doi:10.1001/archinternmed.2007.66

  9. 9. Hall WD, Reed JW, Flack JM, Yunis C, Preisser J. Comparison of the efficacy of dihydropyridine calcium channel blockers in African American patients with hypertension. ISHIB Investigators Group. International Society on Hypertension in Blacks. Arch Intern Med 158(18):2029-2034, 1998. doi: 10.1001/archinte.158.18.2029

  10. 10. Egan BM, Li J, Sutherland SE, Rakotz MK, Wozniak GD. Hypertension Control in the United States 2009 to 2018: Factors Underlying Falling Control Rates During 2015 to 2018 Across Age- and Race-Ethnicity Groups. Hypertension 78(3):578-587, 2021. doi:10.1161/HYPERTENSIONAHA.120.16418

  11. 11. Mokwe E, Ohmit SE, Nasser SA, et al. Determinants of blood pressure response to quinapril in black and white hypertensive patients: the Quinapril Titration Interval Management Evaluation trial. Hypertension 2004;43(6):1202-1207. doi:10.1161/01.HYP.0000127924.67353.86

  12. 12. Parati G, Kjeldsen S, Coca A, Cushman WC, Wang J. Adherence to Single-Pill Versus Free-Equivalent Combination Therapy in Hypertension: A Systematic Review and Meta-Analysis. Hypertension 77(2):692-705, 2021. doi:10.1161/HYPERTENSIONAHA.120.15781

  13. 13. Williams B, Mancia G, Spiering W, et al. 2018 Practice Guidelines for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension and the European Society of Cardiology: ESH/ESC Task Force for the Management of Arterial Hypertension [published correction appears in J Hypertens 2019 Feb;37(2):456]. J Hypertens 8;36(12):2284-2309, 2018. doi:10.1097/HJH.0000000000001961

  14. 14. Böhm M, Kario K, Kandzari DE, et al. Efficacy of catheter-based renal denervation in the absence of antihypertensive medications (SPYRAL HTN-OFF MED Pivotal): a multicentre, randomised, sham-controlled trial. Lancet 395(10234):1444-1451, 2020. doi:10.1016/S0140-6736(20)30554-7

  15. 15. Mahfoud F, Kandzari DE, Kario K, et al. Long-term efficacy and safety of renal denervation in the presence of antihypertensive drugs (SPYRAL HTN-ON MED): a randomised, sham-controlled trial. Lancet 399(10333):1401-1410, 2022. doi:10.1016/S0140-6736(22)00455-X

  16. 16. Bhatt DL, Vaduganathan M, Kandzari DE, et al. Long-term outcomes after catheter-based renal artery denervation for resistant hypertension: final follow-up of the randomised SYMPLICITY HTN-3 Trial. Lancet 400(10361):1405-1416, 2022. doi:10.1016/S0140-6736(22)01787-1

  17. 17. de Leeuw PW, Bisognano JD, Bakris GL, Nadim MK, Haller H, Kroon AA, DEBuT-T and Rheos Trial Investigators: Sustained reduction of blood pressure with baroreceptor activation therapy: Results of the 6-year open follow-up. Hypertension 69:836–843, 2017.

  18. 18. Whelton PK, Carey RM, Aronow WS, et al: 2017 ACC/AHA/AAPA/ABC/ACPM/AGS/APhA/ASH/ASPC/NMA/PCNA Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines. Hypertension 71(6):e13–e115, 2018. doi: 10.1161/HYP.0000000000000065

Prognóstico para hipertensão

Quanto mais elevada a pressão arterial e mais graves as alterações retinianas e outras evidências de comprometimento de órgãos-alvo, pior será o prognóstico. A PA sistólica é um fator preditivo de eventos cardiovasculares fatais ou não fatais melhor que a PA diastólica (1, 2).

Sem tratamento, a sobrevida em 1 ano é < 10% para pacientes com esclerose retiniana, exsudatos algodonosos, estreitamento arteriolar e hemorragia (retinopatia grau 3), e < 5% para pacientes com as mesmas alterações e papiledema (retinopatia grau [3]).

A doença coronariana é a causa de morte mais comum nos tratados. O acidente vascular encefálico isquêmico ou hemorrágico é uma consequência comum de hipertensão tratada de forma inadequada. Entretanto, o controle efetivo da hipertensão previne a maioria das complicações e prolonga a vida.

Referências sobre prognóstico

  1. 1. Bourdillon MT, Song RJ, Musa Yola I, Xanthakis V, Vasan RS. Prevalence, Predictors, Progression, and Prognosis of Hypertension Subtypes in the Framingham Heart Study. J Am Heart Assoc 11(6):e024202, 2022. doi:10.1161/JAHA.121.024202

  2. 2. Kannel WB, Gordon T, Schwartz MJ. Systolic versus diastolic blood pressure and risk of coronary heart disease. The Framingham study. Am J Cardiol 27(4):335-346, 1971. doi:10.1016/0002-9149(71)90428-0

  3. 3. Dziedziak J, Zaleska-Żmijewska A, Szaflik JP, Cudnoch-Jędrzejewska A. Impact of Arterial Hypertension on the Eye: A Review of the Pathogenesis, Diagnostic Methods, and Treatment of Hypertensive Retinopathy. Med Sci Monit 28:e935135, 2022. doi:10.12659/MSM.935135

Pontos-chave

  • Apenas cerca de 50% dos pacientes nos Estados Unidos com hipertensão recebem tratamento, e cerca de um quarto desses pacientes têm controle adequado da pressão arterial (PA).

  • A maioria dos casos de hipertensão é primária; apenas 5 a 15% são de casos secundários a outra doença (p. ex., aldosteronismo primário, doença do parênquima renal).

  • A hipertensão arterial grave ou prolongada prejudica o sistema cardiovascular, o encéfalo e os rins, elevando o risco de infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico e doença renal crônica.

  • Habitualmente, a hipertensão é assintomática até o desenvolvimento de complicações nos órgãos-alvo.

  • Quando a hipertensão é recém-diagnosticada, fazer exame de urina, relação entre albumina urinária spot e creatinina urinária, exames de sangue (creatinina, potássio, sódio, cálcio, glicemia plasmática em jejum e painel lipídico, e frequentemente TSH) e ECG.

  • Reduzir a PA para < 130/80 mmHg para todos até 80 anos, incluindo aqueles com insuficiência renal ou diabetes.

  • O tratamento envolve modificação no estilo de vida, especialmente uma dieta pobre em sódio e rica em potássio, tratamento das causas secundárias da hipertensão e medicamentos (incluindo diuréticos tiazídicos, betabloqueadores, inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), BRA e bloqueadores dos canais de cálcio di-hidropiridina).

Informações adicionais

Os recursos em inglês a seguir podem ser úteis. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

  1. 2017 ACC/AHA Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults.

  2. Carey RM, Calhoun DA, Bakris GL, et al: Resistant hypertension: Detection, evaluation, and management: A Scientific Statement From the American Heart Association. Hypertension 72:e53–e90, 2018. doi: 10.1161/HYP.0000000000000084

  3. Williams B, Mancia G, Spiering W, et al: 2018 Practice Guidelines for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension and the European Society of Cardiology: ESH/ESC Task Force for the Management of Arterial Hypertension [published correction appears in J Hypertens 2019 Feb;37(2):456]. J Hypertens 2018;36(12):2284-2309. doi:10.1097/HJH.0000000000001961

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