Dermatose aguda febril neutrofílica

(Síndrome de Sweet)

PorJulia Benedetti, MD, Harvard Medical School
Revisado/Corrigido: abr 2022
Visão Educação para o paciente

Caracteriza-se por pápulas e placas frágeis, endurecidas, vermelho-escuras, com edema proeminente na derme superior e denso infiltrado inflamatório de neutrófilos. A causa é desconhecida. Geralmente ocorre em conjunto com a neoplasia, em especial de origem hematológica. O diagnóstico é frequentemente realizado com biópsia da pele. O tratamento é com corticoides sistêmicos ou, alternativamente, com colchicina ou iodeto de potássio.

Etiologia

A dermatose aguda febril neutrofílica pode ocorrer em várias doenças. Costuma ser classificada em 3 categorias:

  • Clássica

  • Associada a câncer

  • Induzida por fármacos

Tabela

Cerca de 25% dos pacientes têm uma neoplasia subjacente, 75% deles são de origem hematológica, especialmente síndromes mielodisplásicas e leucemia mieloide aguda. A dermatose frequentemente precede o diagnóstico de câncer. A dermatose febril neutrofílica aguda clássica afeta principalmente as mulheres de 30 a 50 anos, com uma razão mulher:homem de 3:1. Nos homens, a idade tende a ser mais avançada (60 a 90 anos). Em crianças com menos de 3 anos, a proporção homens:mulheres é de 2:1.

A causa da dermatose neutrofílica febril aguda é desconhecida; entretanto, as citocinas de células T helper de tipo 1, incluindo a IL-2 e o interferon- gama, são predominantes e podem atuar na formação das lesões.

Sinais e sintomas

Os pacientes têm febre, contagem dos neutrófilos elevada e pápulas ou placas de cor entre vermelha e violeta, dolorosas e sensíveis, mais comumente na face, pescoço e membros superiores, sobretudo no dorso das mãos. Lesões orais também são observadas. As lesões muitas vezes evoluem em surtos e podem parecer anulares. Normalmente, cada surto é precedido por febre, persistindo por dias ou semanas. Raramente, também estão presentes lesões bolhosas ou pustulosas.

As variantes menos comuns incluem uma forma bolhosa que pode ulcerar e lembram um pioderma gangrenoso e uma forma subcutânea envolvendo a gordura subcutânea que tipicamente tem nódulos eritematosos de 2 a 3 cm, comumente afetando as extremidades. Quando nos membros inferiores, essa forma pode lembrar um eritema nodoso.

Dermatose aguda febril neutrofílica (síndrome de Sweet)
Ocultar detalhes
Essa foto mostra placas eritematosas clássicas com bordas vesiculares no pescoço e na face em uma mulher com dermatose neutrofílica febril aguda (síndrome de Sweet). As lesões cutâneas consistem em pápulas ou nódulos violáceos-a-eritematosos dolorosamente sensíveis que podem coalescer em placas distribuídas de forma assimétrica ao longo dos membros superiores, face e pescoço.
© Springer Science+Business Media

Manifestações extracutâneas são raras e podem acometer os olhos (p. ex., conjuntivite, episclerite, iridociclite), articulações (p. ex., artralgia, mialgia, artrite) e órgãos internos (p. ex., alveolite neutrofílica; osteomielite estéril; alterações psiquiátricas ou neurológicas; insuficiência pancreática, renal ou hepática transitória).

Diagnóstico

  • Avaliação clínica

  • Biópsia cutânea

Sugere-se o diagnóstico de dermatose neutrofílica febril aguda pela aparência das lesões; o diagnóstico é sustentado pela presença de condições ou fármacos associados. O diagnóstico diferencial pode incluir eritema polimorfo, eritema elevado e diutino, lúpus eritematoso cutâneo agudo, pioderma gangrenoso e eritema nodoso.

Se o diagnóstico não estiver claro, deve-se fazer biópsia da pele. A histopatologia demonstra edema na derme superior, com denso infiltrado de neutrófilos na derme. Pode haver vasculite secundária.

Também realiza-se um hemograma completo (HC). Se o hemograma está anormal, deve-se considerar uma biópsia da medula óssea para diagnosticar um câncer oculto.

Tratamento

  • Corticoides sistêmicos

O tratamento da dermatose neutrofílica febril aguda envolve corticoides sistêmicos, principalmente prednisona 0,5 a 1,5 mg/kg por via oral, uma vez ao dia, gradualmente reduzidos ao longo de aproximadamente 3 semanas. Colchicina, 0,5 mg por via oral 3 vezes ao dia, ou iodeto de potássio, 300 mg por via oral 3 vezes ao dia, são os tratamentos alternativos. Antipiréticos também são recomendados.

Nos casos difíceis, dapsona, 100 a 200 mg por via oral uma vez ao dia, indometacina 150 mg por via oral uma vez ao dia, durante 1 semana seguida por 100 mg/dia por via oral por mais 2 semanas, clofazimina (p. ex., 200 mg por via oral uma vez ao dia por 4 semanas, então 100 mg/dia, por 4 semanas) ou ciclosporina (p. ex., 2 a 4 mg/kg, por via oral 2 vezes ao dia) pode ser administrados. Outros tratamentos utilizados para doenças refratárias incluem infliximabe, etanercepte, talidomida, minociclina e micofenolato mofetil.

Para envolvimento localizado, corticoides intralesionais (p. ex., acetonida de triancinolona) podem ajudar.

Pontos-chave

  • A dermatose neutrofílica febril aguda pode ocorrer em pacientes com certas doenças (forma clássica) ou que tomam fármacos específicos (forma induzida por fármacos), mas cerca de 25% dos pacientes têm câncer subjacente (forma associada a cânceres), geralmente câncer hematológico.

  • Diagnosticar a dermatose neutrofílica febril aguda com base na aparência das lesões e na presença de uma doença ou fármaco associado, e confirmar com biópsia quando necessário.

  • Tratar a maioria dos pacientes com corticoides sistêmicos ou, alternativamente, com colchicina ou iodeto de potássio.

quizzes_lightbulb_red
Test your KnowledgeTake a Quiz!
Baixe o aplicativo  do Manual MSD!ANDROID iOS
Baixe o aplicativo  do Manual MSD!ANDROID iOS
Baixe o aplicativo  do Manual MSD!ANDROID iOS