Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtornos relacionados em crianças e adolescentes

PorJosephine Elia, MD, Sidney Kimmel Medical College of Thomas Jefferson University
Revisado/Corrigido: mai 2023
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O transtorno obsessivo-compulsivo é caracterizado por dúvidas, ideias, imagens ou impulsos (obsessões) recorrentes, indesejáveis e intrusivos e impulsos irresistíveis (compulsões) de realizar ações para tentar diminuir a ansiedade causada por essas obsessões. As obsessões e compulsões causam grande angústia e interferem na escola e nos relacionamentos.

  • As obsessões frequentemente envolvem a preocupação ou o medo de sofrer lesões ou de os entres queridos sofrerem lesões (por exemplo, por doença, contaminação ou morte).

  • As compulsões são comportamentos excessivos, repetitivos e intencionais que a criança acredita que deve praticar para conseguir controlar as dúvidas (por exemplo, verificar repetidamente se uma porta está trancada), para evitar que algo ruim aconteça ou para reduzir a ansiedade causada por suas obsessões.

  • Terapia comportamental e medicamentos são frequentemente usados no tratamento.

(Consulte também Considerações gerais sobre transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes e Transtorno obsessivo-compulsivo em adultos.)

Em média, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) tem início entre os 19 e 20 anos de idade, porém, aproximadamente 25% dos casos começam antes dos 14 anos de idade. O transtorno frequentemente diminui depois que a criança alcança a idade adulta.

O transtorno obsessivo-compulsivo inclui diversos transtornos relacionados:

Algumas crianças, particularmente meninos, também têm um transtorno de tique.

Considera-se que genes e fatores ambientais causam o TOC. Estudos mostram que as redes genéticas do TOC são altamente complexas e estão envolvidas em muitos dos processos do corpo, incluindo o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso, do sistema imunológico e do sistema inflamatório.

Há alguma evidência de que infecções podem estar envolvidas em alguns casos de TOC que têm início súbito (de um dia para outro). Se houver o envolvimento de bactérias estreptococos, o transtorno é chamado de transtorno neuropsiquiátrico autoimune pediátrico associado ao estreptococo (do inglês “pediatric autoimmune neuropsychiatric disorder associated with streptococcus”, PANDAS). Caso outras infecções (por exemplo, a infecção por Mycoplasma pneumoniae) estejam envolvidas, o distúrbio é chamado de síndrome neuropsiquiátrica pediátrica de início agudo (do inglês “pediatric acute-onset neuropsychiatric syndrome”, PANS). Os pesquisadores continuam a estudar o vínculo entre as infecções e o TOC.

Sintomas

Normalmente, os sintomas de TOC se desenvolvem gradualmente e a maioria das crianças consegue de início esconder seus sintomas.

A criança com frequência fica obcecada com preocupações e temores de que algum mal vai lhe acontecer, como com medo de contrair uma doença mortal ou de que ela ou outros se machucarão. Ela se sente compelida a fazer algo para equilibrar ou neutralizar suas preocupações e temores. Ela pode, por exemplo, fazer repetidamente o seguinte:

  • Verificar se desligou o alarme ou trancou a porta

  • Lavar as mãos excessivamente, resultando em mãos com pele extremamente seca e machucada

  • Contar coisas (por exemplo, passos)

  • Sentar-se e levantar-se de uma cadeira

  • Limpar e reorganizar constantemente certos objetos

  • Fazer muitas correções no trabalho escolar

  • Mastigar alimentos determinado número de vezes

  • Evitar tocar certas coisas

  • Fazer frequentes solicitações de reconforto, às vezes dezenas ou até mesmo centenas de vezes por dia

Algumas obsessões e compulsões têm uma conexão lógica. Por exemplo, a criança que tem uma obsessão em não ficar doente pode lavar as mãos com muita frequência. Algumas, no entanto, são completamente não relacionadas. A criança pode, por exemplo, contar até 50 repetidamente para impedir que um avô ou avó tenha um ataque cardíaco. Caso ela resista às compulsões ou seja impedida de realizá-las, ela fica extremamente ansiosa e preocupada.

A maioria das crianças tem alguma noção de que suas obsessões e compulsões não são normais, e ficam com frequência envergonhadas e tentam escondê-las. Contudo, algumas crianças acreditam piamente que suas obsessões e compulsões são válidas.

O TOC se resolve após alguns anos em aproximadamente 5% das crianças e em aproximadamente 40% das crianças até o início da idade adulta. Em outras crianças, o transtorno tende a ser crônico, mas com a continuação do tratamento, a maioria das crianças consegue funcionar normalmente. Aproximadamente 5% das crianças não respondem ao tratamento e permanecem significativamente prejudicadas.

Diagnóstico

  • Uma consulta com um médico ou especialista em saúde comportamental

  • Às vezes, questionários sobre sintomas

O médico diagnostica o TOC com base nos sintomas. Diversas consultas podem ser necessárias antes de as crianças com TOC confiarem suficientemente no médico a ponto de contar a ele suas obsessões e compulsões.

Para que o TOC seja diagnosticado, as obsessões e as compulsões precisam causar uma angústia intensa e interferir com a capacidade de funcionamento da criança.

Se o médico suspeitar que pode haver o envolvimento de uma infecção, ele geralmente consulta um especialista nesses tipos de transtorno.

Deve-se ter muito cuidado para diferenciar TOC de outros transtornos, como psicose de início precoce, transtornos do espectro autista e transtornos de tiques complexos.

Tratamento

  • Terapia cognitivo-comportamental

  • Às vezes, medicamentos

A terapia cognitivo-comportamental, se disponível, pode ser suficiente caso a criança esteja bastante motivada.

Caso necessário, uma combinação de terapia cognitivo-comportamental e um tipo de antidepressivo chamado de inibidor seletivo de recaptação da serotonina (ISRS) costuma ser eficaz para o TOC. Essa combinação permite à maioria das crianças funcionarem normalmente. Se o ISRS for ineficaz, o médico pode receitar clomipramina, outro tipo de antidepressivo. No entanto, ela pode causar efeitos colaterais graves. Se estas opções não funcionarem, outras estarão disponíveis.

Se o tratamento for ineficaz, talvez seja preciso tratar a criança depois de ser admitida em uma instituição onde a terapia comportamental pode ser realizada de maneira intensiva e os medicamentos podem ser controlados.

Antibióticos costumam ser utilizados se uma infecção estreptocócica (PANDAS) ou outra infecção (PANS) estiver envolvida. Caso necessário, a terapia cognitivo-comportamental e os medicamentos que costumam ser utilizados para tratar o TOC também são usados.

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