Pneumonite por hipersensibilidade

(alveolite alérgica extrínseca)

PorJoyce Lee, MD, MAS, University of Colorado School of Medicine
Revisado/Corrigido: jul 2023
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A pneumonite por hipersensibilidade é um tipo de inflamação dentro e ao redor dos pequenos sacos de ar (alvéolos) e das menores vias aéreas (bronquíolos) dos pulmões provocada por uma reação de hipersensibilidade à inalação de poeiras orgânicas ou, menos frequentemente, de substâncias químicas.

  • Poeiras que contêm micro-organismos ou proteínas podem causar uma reação de hipersensibilidade nos pulmões.

  • As pessoas podem desenvolver febre, tosse, calafrio e falta de ar de quatro a oito horas após uma nova exposição à substância à qual são sensíveis.

  • O médico utiliza tomografias computadorizadas (TC) torácicas e testes de função pulmonar para determinar se há algum problema pulmonar.

  • A substância que está causando a reação pode, às vezes, ser identificada através de um exame de sangue e, quando a pessoa é afetada no trabalho, um especialista em higiene ocupacional pode analisar o local de trabalho para identificar substâncias desencadeadoras.

  • Pessoas que trabalham com substâncias com potencial de provocar reações de hipersensibilidade devem usar equipamento de proteção, como máscaras, durante o trabalho.

  • Pessoas que podem evitar uma reexposição em geral se recuperam, mas muitas vezes, precisam tomar corticosteroides para reduzir a inflamação pulmonar.

(Veja também Considerações gerais sobre doenças pulmonares intersticiais.)

Nestas reações de hipersensibilidade (também chamadas reações alérgicas), o sistema imunológico ataca algo na poeira orgânica ou substância química que a pessoa inala. As substâncias liberadas por células do sistema imunológico danificam os pulmões, onde a poeira se alojou. A parte da poeira inalada que desencadeia uma reação imunológica é denominada antígeno.

Causas de pneumonite por hipersensibilidade

Muitas substâncias podem provocar reações de hipersensibilidade nos pulmões. Poeiras orgânicas que contêm micro-organismos ou proteínas e substâncias químicas, como os isocianatos, podem causar uma pneumonite por hipersensibilidade. O “pulmão de fazendeiro”, decorrente da inalação repetida de bactérias do feno embolorado, que suportam temperaturas elevadas (termofílicas), é um bom exemplo de pneumonite por hipersensibilidade. Pulmão dos criadores de aves é outro exemplo. Ele ocorre quando poeira de excrementos ou penas das aves (seja de pássaros vivos ou de travesseiros e almofadas de pena) é inalada.

Você sabia que...

  • Apenas um número reduzido de pessoas que inalam certas poeiras comuns desenvolve reações de hipersensibilidade. Geralmente, uma pessoa precisa ser exposta repetidamente ao longo do tempo antes da sensibilidade e da doença resultante se desenvolverem.

A lesão pulmonar parece resultar da lesão causada por linfócitos, um tipo de glóbulo branco. A exposição inicial à poeira sensibiliza os linfócitos. Alguns linfócitos, então, ajudam na produção de anticorpos, que desempenham um importante papel na lesão tecidual. Outros linfócitos participam diretamente da inflamação originada pela exposição ao antígeno. A exposição repetida ao antígeno gera uma resposta inflamatória crônica, que se manifesta através do acúmulo de glóbulos brancos nas paredes dos alvéolos e pequenas vias aéreas. Esse acúmulo conduz progressivamente ao aparecimento de sintomas e doença.

Tabela

Sintomas de pneumonite por hipersensibilidade

Dependendo da velocidade com que os sintomas se desenvolvem, uma pneumonite por hipersensibilidade pode ser

  • Aguda

  • Subaguda

  • Crônica

Na pneumonite por hipersensibilidade aguda, as pessoas apresentam febre, tosse, calafrios e falta de ar normalmente quatro a oito horas após uma nova exposição a quantidades significativas da poeira orgânica causadora. Respiração ruidosa não é comum. Se as pessoas não tiverem mais contato com o antígeno, os sintomas costumam diminuir em um dia ou dois, mas a recuperação completa pode demorar várias semanas.

Pneumonite por hipersensibilidade subaguda se desenvolve mais lentamente. Pode haver o desenvolvimento e piora da tosse e falta de ar ao longo de dias ou semanas. Algumas vezes, os sintomas podem ser tão intensos que as pessoas precisam ser hospitalizadas.

No caso da pneumonite por hipersensibilidade crônica, as pessoas entram, repetidamente, em contato com o antígeno durante meses a anos e isso pode resultar na formação de cicatrizes (fibrose) nos pulmões. Falta de ar durante o esforço físico, tosse e fadiga podem aumentar gradualmente ao longo de meses ou anos. A doença pode acabar levando à insuficiência respiratória. Idosos podem estar mais propensos à piora progressiva e crônica da doença, já que ficaram expostos por mais tempo a um antígeno.

Diagnóstico de pneumonite por hipersensibilidade

  • Tomografia computadorizada torácica

O diagnóstico de pneumonite por hipersensibilidade se baseia parcialmente nos sintomas, características clínicas, identificação (se possível) da poeira ou outra substância causando o problema, conforme determinado pelo relato da pessoa, na análise do local de trabalho por especialistas em higiene ocupacional ou em uma combinação desses fatores.

O médico pode suspeitar do diagnóstico com base nos achados da radiografia torácica. Contudo, uma tomografia computadorizada (TC) do tórax geralmente é necessária para confirmar o diagnóstico. Os resultados dos testes de função pulmonar – que medem a capacidade dos pulmões de segurar o ar e de movimentar o ar para dentro e para fora para a troca de oxigênio e dióxido de carbono – são usados para avaliar o funcionamento dos pulmões e podem ajudar a fundamentar o diagnóstico de pneumonite por hipersensibilidade.

Em casos que não são claros, especialmente quando há suspeita de infecção, os médicos podem remover pequenos fragmentos de tecido pulmonar para serem examinados em um microscópio (biópsia pulmonar). Para obter uma amostra de tecido, pode ser necessário introduzir um tubo de visualização através da parede torácica (toracoscopia) o qual também é usado para examinar a superfície do pulmão e o espaço pleural, ou uma operação na qual a parede do tórax é aberta (toracotomia). Às vezes, em vez da (ou além da) remoção do tecido utilizando um instrumento afiado, o médico que executa a broncoscopia pode lavar o pulmão com líquido (lavado broncoalveolar) para extrair células para análise.

Ocasionalmente, são necessários exames de sangue para pesquisar indícios da substância causando a hipersensibilidade ou para eliminar outras possíveis causas.

Tratamento de pneumonite por hipersensibilidade

  • Corticosteroides ou imunossupressores

As pessoas que têm um episódio agudo de pneumonite por hipersensibilidade geralmente se recuperam quando evitam contato com a substância. Quando o episódio é grave, corticosteroides (como prednisona) reduzem os sintomas e podem ajudar a reduzir uma inflamação grave. Episódios prolongados ou recorrentes podem levar a uma doença irreversível e incapacidade progressiva e exigem imunossupressão prolongada.

Prevenção de pneumonite por hipersensibilidade

A melhor prevenção é evitar a exposição ao antígeno, mas evitar a exposição pode ser impraticável (por exemplo, se a pessoa não puder modificar suas atividades profissionais). A eliminação ou a redução da poeira, o uso de máscaras protetoras e bons sistemas de ventilação podem contribuir para evitar a sensibilização e a reincidência. No entanto, mesmo os melhores métodos de prevenção podem ser ineficazes.

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