Catarata

PorLeila M. Khazaeni, MD, Loma Linda University School of Medicine
Revisado/Corrigido: jan 2022
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Fatos rápidos

Catarata é o embaçamento (opacidade) do cristalino, que provoca perda progressiva e indolor da visão.

  • A visão pode ficar embaçada, perder o contraste e serem visíveis halos em torno de luzes.

  • Os médicos conseguem reconhecer a catarata ao examinar o olho com um oftalmoscópio ou lâmpada de fenda.

  • A maioria das cataratas podem ser retiradas e substituídas por lentes artificiais.

(Para catarata congênita ou do desenvolvimento, consulte Catarata congênita.)

A catarata é a principal causa de cegueira em todo o mundo. A catarata é comum nos Estados Unidos onde afeta a maioria da população de idosos. Cerca de uma em cada cinco pessoas com idade entre 65 e 74 anos desenvolve um grau de catarata avançado o bastante para reduzir a visão, e cerca de uma em cada duas pessoas com mais de 75 anos tem catarata. Felizmente, nos Estados Unidos as pessoas podem ter um tratamento adequado da catarata antes de chegarem à fase da cegueira.

Geralmente, a catarata surge com a idade ou se desenvolve sem causa aparente. No entanto, outros fatores de risco incluem:

  • Lesão no olho

  • Uso prolongado de alguns medicamentos (como corticosteroides)

  • Exposição prolongada a raios x (como radioterapia no olho)

  • Doenças oculares inflamatórias e infecciosas (como uveíte)

  • Doenças como diabetes

  • Má nutrição

  • Tabagismo

  • Exposição prolongada à luz solar direta

  • Uso de álcool

  • Exposição ao calor de infravermelho

Pessoas que tiveram catarata em um olho têm mais probabilidade de ter mais tarde no outro olho. Algumas vezes a catarata pode se desenvolver em ambos os olhos ao mesmo tempo. Os bebês podem nascer com catarata (catarata congênita) e crianças também podem desenvolver a catarata, geralmente devido a lesão ou doença.

Você sabia que...

  • A catarata é a principal causa de cegueira em todo o mundo.

Sintomas de catarata

As cataratas geralmente se desenvolvem lentamente ao longo de anos. Visto que a luz que entra no olho passa sempre pelo cristalino, a catarata (opacidade do cristalino) pode bloquear e distorcer a luz, o que causa a má visão. Os sintomas iniciais podem incluir:

  • Visão de halos e pontos luminosos em volta da luz (brilho)

  • Dificuldade para leitura devido à dificuldade de distinguir o contraste entre o claro e o escuro das letras impressas em uma página

  • Necessidade de mais luz para ver bem

  • Problemas em distinguir azul escuro de preto

  • Visão embaçada

  • Cores aparentando mais amarelas e menos vibrantes

  • Menos comum, a leve visão dupla (também chamada de imagens fantasma)

Embora a catarata raramente provoque dor, algumas vezes pode inchar e aumentar a pressão no olho (glaucoma), o que pode ser doloroso.

Como a catarata afeta a visão

À esquerda, o cristalino normal recebe e foca a luz na retina. À direita, a catarata impede que parte da luz cheque ao cristalino e distorce a luz focada na retina.

As mudanças na visão que uma catarata provoca dependem da intensidade de luz que entra no olho e da localização da catarata.

Catarata
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Esta imagem mostra uma catarata extensa no olho direito (esquerda da tela). A catarata é a massa azul-clara opaca atrás da íris mais escura.
WESTERN OPHTHALMIC HOSPITAL/SCIENCE PHOTO LIBRARY

Com uma catarata no centro (dentro) do cristalino (catarata nuclear), os seguintes sintomas são mais comuns:

  • Piora da visão à distância

  • Inicialmente, há melhora da visão de perto visto que a catarata atua como um cristalino mais forte, portanto recentralizando a luz.

As pessoas que precisaram de óculos de leitura desde os 40 e poucos anos podem descobrir que podem ver de perto novamente sem seus óculos, um fenômeno chamado "segunda visão". Esse efeito é temporário e desaparece conforme a catarata torna-se mais opaca.

Com a catarata próxima da parte posterior do cristalino (catarata subcapsular posterior), os seguintes sintomas são mais comuns:

  • Visão embaçada (menor acuidade visual) quando a pupila se contrai (por exemplo, na luz intensa ou durante a leitura)

  • Perda de contraste

  • Halos e pontos de luzes (brilhos) intensos de lâmpadas muito fortes ou faróis de carros à noite.

Pessoas que tomam medicamentos que provocam contração da pupila (por exemplo, alguns colírios para o glaucoma) também podem sofrer maior perda da visão.

Você sabia que...

  • Outras vezes, a catarata em determinada parte do cristalino pode fazer com que a visão de perto melhore por um tempo e a pessoa consiga ler outra vez sem a necessidade de óculos.

Diagnóstico de catarata

  • Um exame médico com um oftalmoscópio

  • Exame com lâmpada de fenda

O médico é capaz de detectar uma catarata ao examinar o olho com um oftalmoscópio (instrumento manual com luz e lentes de aumento, que consegue iluminar a parte interna do olho).

O médico é capaz de identificar a localização exata da catarata e a extensão na qual ela bloqueia a luz utilizando um instrumento denominado lâmpada de fenda (instrumento que permite examinar o olho em alta magnificação). A lâmpada de fenda permite o exame do cristalino e de outras partes do olho com maior detalhe.

Prevenção da catarata

Há muitas coisas que as pessoas podem fazer para ajudar a prevenir as cataratas, incluindo as seguintes:

  • Constantemente utilizar óculos ou óculos de sol, revestidos com filtro ultravioleta (UV)

  • Não fumar

  • Redução do consumo de álcool

  • Caso seja diabético, manter os níveis de glicose no sangue bem controlados

  • Ingerir uma dieta rica em vitamina C, vitamina A e substâncias conhecidas como carotenoides (que se encontram em alguns legumes e verduras de folhas verdes escuras, como espinafre e couve)

O estrogênio usado pelas mulheres na pós-menopausa também pode ajudar, mas o estrogênio não deve ser usado com este único propósito. Finalmente, as pessoas que tomam corticosteroides durante longos períodos podem discutir com o médico a possibilidade de usar outro tipo de medicamento.

Tratamento da catarata

  • Óculos e lentes de contato para melhorar a visão

  • Cirurgia para remover a catarata e colocar lentes intraoculares

Até que a visão esteja significativamente comprometida pela catarata, óculos e lentes de contato podem melhorar a visão da pessoa. Usar óculos de sol sob luz intensa e usar lâmpadas de baixa potência para luz de cabeceira podem contribuir para diminuir a claridade e melhorar a visão. Muito raramente, os colírios para dilatação da pupila podem ser usados para ajudar a visão, se a catarata for pequena e estiver na parte central do cristalino.

Cirurgia

O único tratamento que proporciona a cura da catarata é a cirurgia. Não há colírio que faça a catarata desaparecer. A cirurgia de catarata pode ser realizada em pessoas de qualquer idade e, em geral, é segura, mesmo nas pessoas com doenças cardíacas ou diabetes.

Na maioria dos casos, as pessoas devem recorrer à cirurgia somente quando a visão está de tal forma reduzida que se sentem inseguras, incomodadas ou incapazes de realizar as tarefas diárias. Não há qualquer vantagem em recorrer à cirurgia antes dessa fase. Muito raramente, a catarata causa alterações, como inflamação nos olhos ou aumento da pressão nos olhos (glaucoma), que levam os médicos a recomendar a imediata intervenção cirúrgica.

A cirurgia para a eliminação da catarata é realizada quase sempre com anestesia local (injeção ou colírio) para anestesiar a superfície do olho. Em geral a pessoa também recebe um sedativo. Pode acontecer de crianças ou adultos que não possam permanecer imóveis durante a cirurgia precisarem de anestesia geral.

Durante a cirurgia, o médico normalmente faz uma pequena incisão no olho e extrai a catarata por fragmentação com ultrassom e eliminando depois os resíduos da cápsula do cristalino (facoemulsificação). Algumas vezes os médicos utilizam um laser (chamado laser de femtosegundo) durante determinadas partes da cirurgia para catarata, para realizar incisões e entrar e amolecer a catarata, de forma que a remoção se torna mais fácil com o ultrassom. Quando a facoemulsificação não está disponível, os médicos podem simplesmente remover o cristalino durante a cirurgia sem o uso do ultrassom. Esta técnica é chamada extração de catarata extracapsular convencional.

Quando todos os fragmentos da catarata tiverem sido retirados, o cirurgião coloca uma lente de plástico ou silicone (lente intraocular) na cápsula do cristalino. Contudo, a lente intraocular nem sempre pode ser colocada com segurança. Quando a colocação da lente não é possível, a pessoa tem que usar óculos grossos ou lentes de contato após a remoção da catarata.

Recuperação

O procedimento costuma durar cerca de 30 minutos e a pessoa pode ir para casa no mesmo dia. Geralmente, não é necessário realizar suturas, pois a incisão no olho é pequena e cicatriza sozinha.

As pessoas devem contar com ajuda extra em casa, para os dias após a cirurgia, já que as atividades ficarão restritas por algum tempo (por exemplo, devem evitar inclinar-se e levantar objetos pesados). Alterações na visão, como visão turva e incômodos provocados pela luz intensa, podem ocorrer por um período curto após a cirurgia.

Durante algumas semanas após a intervenção, colírios de corticosteroides, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e antibióticos são usados para reduzir a inflamação, prevenir infecções e favorecer a cura. Às vezes, antibióticos, corticosteroides e/ou anti-inflamatórios não esteroides são injetados no olho no final da cirurgia, um passo que reduz a necessidade de usar colírio após a cirurgia. As pessoas submetidas à cirurgia costumam usar óculos ou um tampão de plástico para proteger o olho de alguma lesão até o processo de cura estar completo, o que leva algumas semanas. Deve-se evitar esfregar os olhos, levantar peso e curvar-se excessivamente para a frente. O paciente consulta o médico no dia depois da cirurgia e, habitualmente, cerca de uma semana e um mês depois. Se uma pessoa tiver catarata nos dois olhos, o médico costuma esperar alguns meses após o primeiro olho curar para extrair a catarata do outro olho.

Muitas pessoas notam uma melhora na visão de longe poucas semanas depois da cirurgia. Quase todas precisam de óculos para a leitura e algumas precisam de óculos para conseguir a melhor visão de longe possível.

As lentes intraoculares mais recentes com múltiplos poderes de foco (lentes multifocais) permitem que a pessoa tenha uma boa visão de perto e de longe sem a necessidade de óculos, embora algumas pessoas possam perder o contraste e enxergar pontos luminosos e halos à noite com esse tipo de lente. O médico realiza cálculos, antes da cirurgia, para decidir qual a potência da lente que deve ser implantada. Desse modo, é possível passar do uso de óculos muito grossos antes da cirurgia para óculos mais finos depois da cirurgia. Algumas pessoas com as novas lentes multifocais deixam de usar óculos ou apenas usam óculos para algumas coisas, como dirigir à noite, ler à meia-luz ou para visão a meia distância, como enxergar o monitor de um computador. Algumas outras lentes podem corrigir o astigmatismo no olho e podem também reduzir a necessidade de óculos após a cirurgia.

Complicações

As complicações graves após a cirurgia de catarata são raras. Um acompanhamento adequado, por parte do médico, conduz à imediata detecção e tratamento de complicações. As complicações incluem:

  • A pessoa pode desenvolver uma infecção (endoftalmite) ou hemorragia séria no olho, que podem resultar em perda da visão.

  • A pressão do olho pode aumentar muito, e se não for tratada, pode levar ao glaucoma, ou deslocamento do implante.

  • A parte posterior do olho (retina) pode ficar inchada ou descolada.

  • Pessoas com doenças da retina, como retinopatia diabética, podem ter piora da visão após a cirurgia, mas isso não é frequente.

Em algumas pessoas, a camada posterior transparente e fina (cápsula) deixada deliberadamente atrás do olho depois que o cristalino original foi removido fica opaca, comprometendo a visão. Esse problema, chamado catarata secundária (ou opacificação da cápsula posterior), ocorre em cerca de uma em cada quatro pessoas que foram operadas à catarata, meses ou anos depois de a lente artificial ter sido implantada. Normalmente, o tratamento é feito com o uso de laser para abrir um pequeno orifício na cápsula e permitir a passagem da luz.

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