Câncer de estômago

PorMinhhuyen Nguyen, MD, Fox Chase Cancer Center, Temple University
Revisado/Corrigido: mar 2021
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Fatos rápidos
  • Uma infecção por Helicobacter pylori constitui um fator de risco para desenvolver câncer de estômago.

  • Vago desconforto abdominal, perda de peso e fraqueza são alguns dos sintomas característicos.

  • O diagnóstico inclui endoscopia e biópsia.

  • A taxa de sobrevida é baixa, porque o câncer tende a se disseminar rapidamente para outros locais.

  • A cirurgia é realizada para eliminar o câncer ou aliviar os sintomas.

Aproximadamente 95% dos tipos de câncer de estômago são adenocarcinomas. Os adenocarcinomas gástricos têm origem nas células glandulares do revestimento gástrico.

Aproximadamente 27.600 pessoas apresentam câncer de estômago todos os anos nos Estados Unidos, causando quase 11.010 mortes por ano. Nos Estados Unidos, ele é mais comum entre determinados grupos étnicos e etários: pessoas com mais de 50 anos, negros, hispânicos e índios norte-americanos. A incidência do adenocarcinoma gástrico está diminuindo nos Estados Unidos, por razões desconhecidas. Em todo o mundo, o câncer de estômago é o segundo tipo mais comum de câncer. É muito mais comum no Japão, China, Chile e na Islândia. Nestes países, programas de exames preventivos são um meio importante de detecção precoce.

Tipos raros de câncer de estômago

O linfoma é um câncer do sistema linfático. Pode se desenvolver dentro do estômago. Acredita-se que a infecção por Helicobacter pylori, que é uma das causas de úlceras gástricas, afeta de alguma maneira o surgimento de alguns linfomas gástricos. Algumas pessoas com linfoma gástrico que estão com uma infecção por H. pylori ativa são tratadas com antibióticos, enquanto outras recebem radioterapia. Cirurgia e quimioterapia são utilizadas com menos frequência. O linfoma gástrico responde melhor ao tratamento que o adenocarcinoma. Com esses tratamentos, é possível prolongar a sobrevida e até obter a cura.

O leiomiossarcoma (câncer das células do músculo liso) pode aparecer na parede do estômago. Ele também é chamado de tumor de células fusiformes. A cirurgia é o tratamento mais indicado. Se o câncer já tiver se disseminado (por metástase) para outras partes do corpo no momento do diagnóstico do leiomiossarcoma, a quimioterapia pode conseguir apenas um leve prolongamento da sobrevida. O medicamento imatinibe tem sido eficaz no tratamento de leiomiossarcomas que não podem ser tratados cirurgicamente.

Fatores de risco para o câncer de estômago

O adenocarcinoma do estômago geralmente se inicia em uma porção do revestimento gástrico sujeita a inflamação. Uma infecção por Helicobacter pylori constitui um fator de risco para desenvolver alguns tipos de câncer de estômago. Pessoas que apresentam determinadas mutações genéticas também correm risco, assim como as pessoas com gastrite atrófica autoimune.

Os pólipos gástricos podem tornar-se cancerosos (malignos) e, por isso, devem ser retirados. Existe a possibilidade do desenvolvimento de adenocarcinoma de estômago se os pólipos apresentarem células glandulares, se ultrapassarem dois centímetros ou se forem múltiplos.

O câncer gástrico difuso hereditário é uma doença hereditária rara que aumenta o risco de uma pessoa de desenvolver câncer de estômago. Ele é causado por uma mutação em um determinado gene. As pessoas afetadas geralmente desenvolvem câncer de estômago em uma idade precoce (idade média, 38 anos). As mulheres afetadas também correm um alto risco de desenvolver câncer de glândulas produtoras de leite (câncer de mama lobular). As pessoas que tiveram câncer de estômago, câncer de mama lobular, ou ambos, ou que tiverem vários membros da família que tiveram esses tipos de câncer devem receber aconselhamento genético e exames, sobretudo se eles foram diagnosticados antes dos 50 anos de idade.

Supõe-se que alguns fatores alimentares desempenham um papel no desenvolvimento do adenocarcinoma do estômago. Entre esses fatores estão: dieta rica em sal e carboidratos, a ingestão frequente de alguns conservantes denominados nitratos (presentes geralmente em alimentos defumados) e baixo consumo de frutas e vegetais de folhas verdes. Embora não tenha sido comprovado que algum desses fatores seja de fato a causa, existem relatos de um vínculo direto entre o consumo de carnes processadas e o câncer de estômago.

Tabagismo é um fator de risco para se desenvolver câncer de estômago. Pessoas que fumam podem não responder muito bem ao tratamento.

Sintomas do câncer de estômago

Nas fases iniciais, os sintomas do câncer de estômago são indefinidos e facilmente passam despercebidos. Os primeiros sintomas podem ser parecidos com aqueles de uma úlcera péptica, com ardor e dores abdominais. Assim, os sintomas da úlcera péptica que não são resolvidos com o tratamento podem indicar câncer de estômago. A pessoa pode notar uma sensação de saciedade depois de comer muito pouco (saciedade precoce).

A pessoa pode começar a sentir saciedade após as refeições mais rapidamente que o normal. A perda de peso ou a fraqueza normalmente decorrem da dificuldade de alimentação ou de uma incapacidade para absorver determinadas vitaminas e minerais. A anemia, caracterizada pela fadiga, fraqueza e sensação de desmaio iminente, pode resultar de hemorragias rigorosamente graduais que não provocam outros sintomas, da má absorção da vitamina B12 (vitamina necessária para a formação de glóbulos vermelhos) ou da má absorção de ferro (mineral necessário à formação de hemácias [glóbulos vermelhos]) devido à insuficiência de ácido no estômago. Em casos excepcionais, a pessoa pode vomitar grandes quantidades de sangue (hematêmese) ou evacuar fezes de coloração negro-alcatroada (melena). Quando o adenocarcinoma está avançado, o médico pode detectar uma massa durante o exame abdominal.

Até nas fases iniciais, um adenocarcinoma de pequenas dimensões pode se disseminar (sofrer metástase) para locais distantes. A disseminação do tumor pode provocar um aumento no tamanho do fígado, coloração amarelada da pele e do branco dos olhos (icterícia) acúmulo de líquidos e inchaço na cavidade abdominal (ascite) e linfonodos inchados. A disseminação do câncer também pode enfraquecer os ossos, dando lugar a fraturas ósseas.

Diagnóstico do câncer de estômago

  • Endoscopia e biópsia

  • Tomografia computadorizada (TC)

  • Ultrassonografia endoscópica

A endoscopia (exame em que se utiliza um tubo flexível de visualização para observar o interior do aparelho digestivo) é o melhor procedimento diagnóstico. Permite que o médico visualize o estômago diretamente, recolha amostras de tecido para análise posterior (biópsia) e possa comprovar a presença da bactéria Helicobacter pylori. Estudos radiográficos com ingestão de bário são menos utilizados porque raramente revelam um câncer nas fases iniciais e, além disso, não permitem a realização de biópsia.

Câncer de estômago
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Esta fotografia exibe uma úlcera no estômago (seta). Após uma biópsia, os médicos determinam que era um adenocarcinoma.
Imagem fornecida pelo Dr. David M. Martin.

Se for diagnosticado câncer, a pessoa geralmente faz exames de TC do tórax e do abdômen para determinar qual o grau de disseminação do tumor para outros órgãos. Se a TC não mostrar a disseminação do tumor, os médicos costumam realizar uma ultrassonografia endoscópica (que mostra o revestimento do trato digestivo com mais nitidez, uma vez que a sonda é instalada na extremidade do endoscópio), para determinar a profundidade do tumor e o envolvimento dos gânglios linfáticos nas proximidades.

São realizados exames de sangue básicos, incluindo um hemograma completo, dosagem de eletrólitos, exame de função hepática no sangue e dosagem de antígeno carcinoembrionário.

Prognóstico do câncer de estômago

Menos de 5% a 15% das pessoas com adenocarcinoma de estômago têm sobrevida superior a cinco anos. O câncer tende a se disseminar ainda em seus estágios iniciais.

O prognóstico é bom nos casos em que o câncer não penetrou de forma intensa na parede gástrica. Em tais casos, até 80% das pessoas apresentam sobrevida superior a cinco anos. Entretanto, os resultados da cirurgia são frequentemente pouco satisfatórios nos Estados Unidos, porque a maioria das pessoas apresenta um câncer já disseminado na ocasião do diagnóstico. No Japão, onde o câncer de estômago é muito frequente, são realizados programas públicos de exames preventivos em grande escala para detectar o câncer precocemente, aumentando as probabilidades de cura.

Tratamento do câncer de estômago

  • Cirurgia

  • Algumas vezes quimioterapia e radioterapia

Se o câncer não tiver se disseminado além do estômago, geralmente é realizada cirurgia para tentar curá-lo. A retirada da totalidade do tumor antes de sua disseminação é a única chance de cura. Elimina-se a maior parte ou a totalidade dos gânglios linfáticos gástricos e adjacentes.

Se o câncer tiver se disseminado para além do estômago, a intervenção cirúrgica é incapaz de curar a doença, mas é por vezes utilizada para aliviar os sintomas. Por exemplo, se a passagem dos alimentos estiver obstruída na extremidade do estômago, uma cirurgia de derivação gástrica, em que uma conexão alternativa entre o estômago e o intestino delgado é criada, permitindo a passagem dos alimentos. Essa conexão alivia os sintomas da obstrução - dor e vômito - ao menos provisoriamente.

A quimioterapia associada à radioterapia ( see page Terapia de câncer combinada) pode ajudar a aliviar os sintomas, mas ajuda muito pouco em termos de oferecer uma sobrevida superior a cinco anos. Nos últimos anos, a quimioterapia tem sido administrada em conjunto com o trastuzumabe e o ramucirumabe para tratar pessoas que estão com câncer avançado.

Medicamentos imunoterápicos, como o pembrolizumabe, que ajudam o sistema imunológico a combater o câncer, podem ser administrados a pessoas com câncer de estômago avançado ou que tenha se disseminado (passado por metástase) e seja PD-L1 positivo. Esse tipo de terapia melhora a capacidade do sistema imunológico de combater o câncer. Nivolumabe é outro medicamento imunoterápico que está disponível fora dos Estados Unidos.

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