Nos Estados Unidos, a incidência geral de câncer em crianças e adolescentes aumentou ao longo do tempo. De 1975 a 2022, as taxas aumentaram cerca de 0,8 por 100.000 a cada ano. Entretanto, de 1970 a 2019, as taxas de mortalidade caíram 71% em crianças (de 6,3 para 1,8 por 100.000) e 61% em adolescentes (de 7,2 para 2,8 por 100.000) (1).
O câncer é uma das principais causas de mortalidade pediátrica. Nos Estados Unidos, o câncer é a segunda causa mais comum de morte entre crianças de 1 a 14 anos (superada apenas por acidentes) e é a quarta causa mais comum de morte em adolescentes de 15 a 19 anos.
Muitos dos cânceres mais comuns que ocorrem em crianças ou adolescentes também ocorrem em adultos. Esses incluem (1)
Leucemia, o câncer pediátrico mais comum (representando cerca de 28% dos casos de câncer na infância)
Tumores cerebrais e do sistema nervoso central (26% dos casos)
Linfomas (19% dos casos)
Osteossarcoma e sarcoma de Ewing (4% dos casos)
Cânceres que são exclusivos de crianças incluem (1)
Neuroblastoma (6% dos casos)
Tumor de Wilms (4 a 6% dos casos) (2, 3)
Rabdomiossarcoma (3% dos casos)
Retinoblastoma (2% de casos)
Nos Estados Unidos, em 2018, estimava-se que havia 483.000 adultos sobreviventes de câncer infantil (isto é, inicialmente diagnosticado antes dos 20 anos; 4). Crianças que sobrevivem ao câncer levam mais tempo que os adultos para desenvolver, a longo prazo, as consequências da quimioterapia, cirurgia e radioterapia, que pode incluir
Deficit de crescimento
Puberdade atrasada ou ausente
Infertilidade
Lesão cardíaca
Efeitos psicossociais
Déficits de desenvolvimento e/ou neurológicos
Desenvolvimento de cânceres secundários (em 3 a 12% dos sobreviventes, variando de acordo com o câncer inicial e o tipo de tratamento)
Consenso de instruções sobre triagens e condutas para consequências a longo prazo está disponível, pelo Children's Oncology Group.
Devido às graves consequências e complexidade de tratamento, crianças com câncer são mais bem tratadas em centros com especialistas em câncer pediátrico.
O tratamento do câncer infantil depende do tipo, estádio e/ou classificação de risco do câncer. Os tratamentos comuns incluem quimioterapia, cirurgia, radioterapia e transplante de células-tronco.
Imunoterapia é um tipo mais recente de tratamento que ajuda o sistema imunitário do indivíduo a atacar o câncer e pode ser útil para certos cânceres pediátricos. Diferentes tipos de imunoterapia incluem anticorpos monoclonais, terapia com vírus oncolíticos, vacinas contra câncer, terapia com células T do receptor de antígeno quimérico (terapia CAR com células T) e acopladores biespecíficos de células T. Utiliza-se a terapia com células T CAR anti-CD19 na leucemia linfoblástica aguda pré-célula B pediátrica.
Além disso, a terapia direcionada é outra abordagem de tratamento mais recente que foi desenvolvida de modo a ter como alvo proteínas que controlam como as células cancerosas se proliferam e metastatizam. Em geral, o alvo dessas terapias é uma mutação genética específica e elas são a base da medicina de precisão. Utilizam-se diversos tipos diferentes de terapia direcionada em cânceres pediátricos com mutações específicas. Alguns exemplos da terapia direcionada incluem o imatinibe para o tratamento da leucemia mieloide crônica e o larotrectinibe para o tratamento de tumores sólidos com fusões dos genes NTRK.
Uma equipe de genética oncológica deve avaliar crianças recém-diagnosticadas com câncer à procura de uma síndrome de predisposição ao câncer. Uma síndrome de predisposição a câncer é uma mutação genética na linha germinativa que aumenta as chances de desenvolver câncer em uma idade mais precoce em comparação com o risco para a população em geral.
O impacto psicossocial do diagnóstico de câncer e a intensidade do tratamento podem ser avassaladores para a criança e a família. Manter um sentido de normalidade para a criança é difícil, especialmente pela necessidade de frequentes hospitalizações, visitas médicas e procedimentos potencialmente dolorosos. O violento estresse é típico, como pais esforçando-se para continuar a trabalhar, dar atenção aos irmãos e atender as necessidades da criança enfermo. A situação é ainda mais dificil quando o tratamento da criança é feito longe de casa.
Referências gerais
1. Siegel RL, Miller KD, Fuchs HE, et al: Cancer Statistics, 2022. CA Cancer J Clin 72(1):7–33, 2022. doi: 10.3322/caac.21708
2. American Cancer Society: Key Statistics for Wilms Tumors. Acessado em 05/01/22.
3. Spreafico F, Fernandez CV, Brok J, et al: Wilms tumour. Nat Rev Dis Primers 7(1):75, 2021. doi: 10.1038/s41572-021-00308-8
4. Howlader N, Noone AM, Krapcho M, et al: SEER Cancer Statistics Review, 1975-2018, National Cancer Institute. 2021. Acessado em 14/11/22.
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
Children's Oncology Group: Consensus guidelines on screening for and management of long-term consequences of pediatric cancer