Candidíase mucocutânea crônica

PorJames Fernandez, MD, PhD, Cleveland Clinic Lerner College of Medicine at Case Western Reserve University
Revisado/Corrigido: jan 2023
Visão Educação para o paciente

A candidíase mucocutânea crônica é uma infecção persistente ou recorrente por cândida devido a defeitos hereditários nas células T. Doenças autoimunes e endócrinas podem se desenvolver na sua forma recessiva. O diagnóstico baseia-se em infecções recorrentes e inexplicáveis por Candida. O tratamento inclui fármacos antifúngicos e tratamento de quaisquer doenças endócrinas e autoimunes.

(Ver também Visão geral das imunodeficiências e Abordagem ao paciente com distúrbios de imunodeficiência.)

A candidíase mucocutânea crônica é um distúrbio de imunodeficiência primária que envolve defeitos nas células T. Alguns pacientes também têm imunodeficiência humoral (às vezes chamada deficiência de anticorpos), caracterizada por respostas anormais de anticorpos a antígenos polissacarídeos apesar dos níveis normais de imunoglobulinas.

A hereditariedade pode ser

  • Autossômica dominante: envolve uma mutação no transdutor de sinal e ativador da transcrição do gene 1 (STAT1)

  • Autossômica recessiva: envolve uma mutação no gene regulador autoimune (AIRE)

Na forma recessiva (autoimune-poliendocrinopatia-candidose-distrofia ectodérmica) tipicamente se desenvolvem manifestações autoimune; elas incluem doenças endócrinas (p. ex., hipoparatireoidismo, insuficiência adrenal, hipogonadismo, distúrbios tireoidianos, diabetes), alopecia areata, anemia perniciosa e hepatite. As mutações também podem ocorrer em genes que codificam várias proteínas envolvidas na resposta imunitária inata a fungos — nomeadamente as seguintes:

  • PTPN22 (proteína tirosina fosfatase, não receptor tipo 22 [também chamadaalso called LYP, ou tirosina fosfatase linfoide], que está envolvida na sinalização de receptores de linfócitos T)

  • Dectina-1 (um receptor de reconhecimento de padrões inato essencial para o controle de infecções por fungos)

  • CARD9 (proteína 9 contendo um domínio de recrutamento associado a caspase, que é uma molécula adaptadora importante na produção de interleucina 17 (IL-17) e na proteção contra invasão fúngica)

Os pacientes (dominantes e recessivos) têm anergia cutânea à Candida, ausência de resposta proliferativa ao antígeno da Candida (porém com resposta proliferativa normal aos mitógenos) e resposta de anticorpos íntegra contra Candida e outros antígenos. A candidíase mucocutânea recorrente ou persistente, inicia-se geralmente durante a infância, mas algumas vezes na adolescência. Este período da vida não é afetado.

Sinais e sintomas da candidíase mucocutânea crônica

A candidíase oral é comum, assim como infecções por cândida no couro cabeludo, pele, unhas, mucosa gastrointestinal e vaginal. A gravidade é variável. As unhas podem ser espessadas, quebradiças e descoradas com eritema e edema na região periungueal. As lesões cutâneas são crostosas, pustulosas, eritematosas e hiperqueratóticas. As lesões do couro cabeludo podem causar alopecia cicatricial.

Neonatais frequentemente apresentam infecções bucais e candidíase na região das fraldas, ou ambas.

Infecções por Candida
Candidíase (infecção ungueal)
Candidíase (infecção ungueal)
Infecções ungueais por Candida podem envolver toda a espessura da placa ungueal (onicomicose), as bordas das unhas (par... leia mais

Imagem cedida por cortesia de CDC/Sherry Brinkman via Public Health Image Library of the Centers for Disease Control and Prevention.

Afta
Afta
Manchas brancas cremosas são vistas no interior da cavidade oral e podem sangrar quando raspadas. Esse achado é típico ... leia mais

Image provided by Thomas Habif, MD.

Esofagite por Candida
Esofagite por Candida
Placas esbranquiçadas difusas são típicas de esofagite por Candida.

Imagem fornecida por Kristle Lynch, MD.

Diagnóstico da candidíase mucocutânea crônica

  • Avaliação clínica

As lesões por Candida são confirmadas por testes padrão (p. ex., exame de lâmina dos raspados com coloração por hidróxido de potássio).

O diagnóstico da candidíase mucocutânea crônica baseia-se na presença de candidíase recorrente na pele ou mucosas quando nenhuma outra causa conhecida de infecção por cândida está presente (p. ex., diabetes, uso de antibióticos).

Examina-se nos pacientes doenças endócrinas com base na suspeita clínica.

Realiza-se teste genético em caso de alta suspeita clínica e se outras causas comuns para os sintomas clínicos do paciente tiverem sido eliminadas. Se uma mutação AIRE é detectada, o exame pode ser oferecido aos irmãos e filhos do paciente.

Tratamento da candidíase mucocutânea crônica

  • Antifúngicos

  • Tratamento das manifestações endócrinas e autoimunes

Em geral, as infecções da candidíase mucocutânea crônica podem ser controladas com antifúngicos tópicos. Se os pacientes não tiverem boa resposta aos antifúngicos tópicos, pode ser necessário tratamento por longo período com um antifúngico sistêmico (p. ex., anfotericina B, fluconazol ou catoconazol). Imunoglobulina deve ser considerada se os pacientes têm deficiência de anticorpos.

Manifestações autoimunes (incluindo endócrinas) são tratadas de maneira agressiva.

Em alguns poucos casos, o transplante de células-tronco hematopoiéticas foi bem-sucedido e pode ser considerado como o tratamento de último caso em casos graves.

Pontos-chave

  • A herança da candidíase mucocutânea crônica é autossômica dominante ou recessiva.

  • Os pacientes com a forma recessiva podem ter manifestações autoimunes (incluindo endócrinas).

  • Diagnosticar a doença confirmando a candidíase mucocutânea e excluindo outras causas.

  • Tratar a candidíase com antifúngicos (utilizando um fármaco sistêmico se necessário), e tratar as manifestações autoimunes.

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