O penfigoide gestacional parece ser fenômeno autoimune, provavelmente causado por anticorpos do tipo IgG direcionados para antígeno de 180 kD na zona da membrana basal da epiderme. Embora anteriormente chamado herpes gestacional (porque o exantema lembra a aparência vesicobolhosa decorrente da infecção pelo vírus do herpes simples), essa doença não é causada por herpesvírus.
O penfigoide gestacional ocorre em 1/2.000 a 50.000 gestações; normalmente inicia durante o 2º ou 3º trimestre, mas pode começar durante o 1º trimestre, ou imediatamente após o parto. Em geral, recorre em gestações subsequentes e ocorre após o uso de contraceptivos orais em aproximadamente 25% das mulheres. Recidivas são comuns em 24 a 48 horas pós-parto e podem ocorrer durante as subsequentes menstruações ou ovulações.
A maioria dos fetos não é afetada; no entanto, lesões temporárias ocorrem em < 5% dos neonatos nascidos de mães com penfigoide gestacional. Os riscos, como mortalidade do lactente, são provavelmente decorrentes de insuficiência placentária e são maiores após o parto prematuro e em lactentes pequenos para a idade gestacional.
Sinais e sintomas do penfigoide gestacional
O exantema é muito pruriginoso. As lesões, normalmente, começam em torno do umbigo e, em seguida, tornam-se generalizadas. Vesículas e bolhas são as lesões mais específicas; placas eritematosas podem se desenvolver. As palmas das mãos, plantas dos pés, tronco, região glútea e extremidades podem ser afetadas, mas, normalmente, a face e as mucosas permanecem ilesos.
O exantema eritematoso piora durante o trabalho de parto ou imediatamente após o parto em até 75% das mulheres, regredindo em poucas semanas ou meses.
Os neonatos podem ter placas ou vesículas eritematosas que se resolvem espontaneamente em poucas semanas.
Diagnóstico do penfigoide gestacional
Lesões cutâneas características
Algumas vezes, biópsia com imunofluorescência direta
O penfigoide gestacional pode ser clinicamente confundido com várias outras erupções pruriginosas da gestação, sobretudo erupção polimórfica da gestação Erupção polimórfica da gestação Erupção polimórfica da gestação consiste em erupções cutâneas pruriginosas benignas de causa desconhecida que se desenvolvem durante a gestação. A maioria dos casos de erupção polimórfica da... leia mais . Pode-se distinguir penfigoide gestacional porque, em geral, ele começa na área periumbilical; a erupção polimórfica da gestação costuma começar nas estrias.
O exame por imunofluorescência direta da pele perilesional é diagnóstico. Detecta uma banda linear de C3 na zona da membrana basal.
Tratamento do penfigoide gestacional
Corticoides tópicos ou, para sintomas graves, orais
Anti-histamínicos orais não sedativos
Para os sintomas leves, os corticoides tópicos podem ser eficazes (p. ex., creme de acetonida de triancinolona a 0,1% administrado 6 vezes ao dia). Prednisona (p. ex., 40 mg por via oral uma vez ao dia) alivia sintomas moderados e graves, e previne novas lesões; a dose é diminuída até que novas lesões apareçam, mas pode ser aumentada, caso os sintomas se acentuem (p. ex., durante o trabalho de parto). Corticoides sistêmicos administrados no final da gestação e por cursos curtos não parecem prejudicar o feto.
Anti-histamínicos orais não sedativos também podem ser utilizados para aliviar o prurido.
Pode-se monitorar a condição fetal com ultrassonografia a cada 4 semanas se o crescimento é normal ou a cada 2 semanas se o crescimento é restrito. Também realiza-se cardiotocografia Monitoramento fetal O trabalho de parto consiste em uma série de contrações rítmicas, involuntárias ou clinicamente induzidas do útero que resultam em apagamento (afinamento e encurtamento) e dilatação do colo... leia mais quando o crescimento é restrito.
Pontos-chave
Penfigoide gestacional provavelmente tem uma etiologia autoimune; não é causado por herpes vírus, embora o exantema lembre o exantema vesicobolhoso da infecção pelo vírus herpes simples.
A maioria dos fetos não é afetada.
Tentar diferenciar o exantema com base em critérios clínicos (p. ex., sua aparência inicial na área periumbilical).
Tratar as mulheres com corticoides tópicos ou, se os sintomas forem graves, corticoides orais.