Natimorto é a morte fetal em 20 semanas de gestação (> 28 semanas em algumas definições). O tratamento é composto pelo parto e cuidados pós-parto. O teste fetal e materno é realizado para determinar a causa.
A natimorte, por definição, envolve a morte do feto. Nos Estados Unidos, define-se natimorto como morte fetal antes ou durante o parto com ≥ 20 semanas de gestação. A Organização Mundial de Saúde define natimorto como morte fetal após 28 semanas. Ocorrem quase 2 milhões de natimortes no mundo todo a cada ano (1). Natimortos prévios aumentam o risco de morte do feto em gestações subsequentes (ver Gestação de alto risco).
Referência geral
1. World Health Organization: Stillbirth. Acessado em 28/09/22.
Etiologia do natimorto
A morte fetal em gestações tardias pode ter causas maternas, placentárias ou anatômicas fetais ou genéticas (ver tabela Causas comuns do natimorto).
Complicações
Se um feto morre durante a gestação tardia ou próximo ao termo, mas permanece no útero por semanas, pode ocorrer coagulopatia por consumo coagulação intravascular disseminada (CIVD).
Diagnóstico do natimorto
Avaliação clínica
Testes para identificar a causa
O diagnóstico do natimorto é clínico.
Exames para determinar a causa do natimorto são:
Exame geral do feto natimorto [p. ex., aparência física, peso, comprimento, perímetro cefálico (1)]
Autópsia fetal, cariótipo e avaliações por microarranjo
Exame da placenta
Hemograma completo (HC) materno para procurar evidências de anemia ou leucocitose
Teste de Kleihauer-Betke
Triagem direcionada para as doenças trombóticas adquiridas, incluindo testes para anticorpos antifosfolípidos (anticoagulante lúpico, anticardiolipina [IgG e IgM], anti-beta2 glicoproteína I [IgG e IgM])
Níveis de tireotropin (TSH) a e, se anormais, T4 (tiroxina) livre
Testes para diabetes (HbA1C)
Teste TORCH (toxoplasmose [com IgG e IgM], outros patógenos [p. ex., parvovírus B19 humano, vírus da varicela-zoster], rubeola, CMV, herpes simples)
Reagina plasmática rápida (RPR)
Testes à procura de trombofilia hereditária são controversos e não são recomendados rotineiramente. A associação entre natimortos e trombofilia hereditária não está clara, mas não parece ser forte, exceto possivelmente pela mutação do fator V de Leiden. Pode-se considerar a realização de testes (p. ex., para o fator V de Leiden) quando anormalidades graves são detectadas na placenta, quando há restrição de crescimento intrauterino ou quando a mulher tem história pessoal ou familiar de doenças tromboembólicas (1).
Em geral, a causa não pode ser determinada.
Referência sobre diagnóstico
1. American College of Obstetricians and Gynecologists, Society for Maternal-Fetal Medicine: Management of stillbirth. Obstetric Care Consensus No. 10, 2020.
Tratamento do natimorto
Esvaziamento uterino se necessário
Cuidados pós-parto de rotina
Suporte emocional
O esvaziamento uterino pode ter ocorrido espontaneamente. Do contrário, a evacuação deve ser feita com fármacos (p. ex., oxitocina) ou um procedimento cirúrgico [p. ex., dilatação e evacuação (D & E), precedido por dilatadores osmóticos pré-aborto para preparar a colo do útero, com ou sem misoprostol], dependendo da idade gestacional.
Após a expulsão dos produtos da concepção, pode ser necessária a curetagem uterina para remoção quaisquer fragmentos placentários retidos. É mais provável que os fragmentos permaneçam quando natimortos ocorrem muito cedo na gestação.
Se coagulação intravascular disseminada (CIVD) se desenvolver, a coagulopatia deve ser pronta e agressivamente tratada com a reposição de sangue ou hemoderivados conforme necessário.
O manejo pós-parto é semelhante àquele para fetos vivos.
Os pais costumam se sentir desgostosos e necessitam de apoio emocional e, algumas vezes, requerem aconselhamento formal. Riscos em futuras gestações, que estão relacionados à causa presumida, devem ser discutidos com as pacientes.
Pontos-chave
Natimorto é a morte fetal em ≥ 20 semanas de gestação (> 28 semanas em algumas definições).
Há muitas causas de natimorto (maternas, fetais ou placentárias).
Coagulação intravascular disseminada pode ser uma manifestação secundária se houver atraso no esvaziamento uterino.
Fazer testes para determinar a causa; mas muitas vezes a causa não pode ser determinada.
Evacuar o útero com indução de medicação ou esvaziamento cirúrgico, e fornecer suporte emocional aos pais.