As rifamicinas são antibióticos Visão geral dos antibacterianos Os fármacos antibacterianos são derivados de bactérias ou fungos ou podem ser completamente sintéticos. Tecnicamente, “antibiótico”, frequentemente usado como sinônimo de “fármaco antibacteriano”... leia mais bactericidas; e inibem o DNA bacteriano dependente da RNA-polimerase, suprimindo a síntese de RNA. Os fármacos a seguir são rifamicinas:
Rifabutina, rifampicina e rifapentina
Rifabutina, rifampicina e rifapentina têm farmacocinética, espectro antimicrobiano e efeitos adversos similares.
Farmacocinética
A absorção oral é boa, produzindo uma ampla distribuição nos tecidos e líquidos corporais, incluindo o líquido cefalorraquidiano.
A rifampicina concentra-se em granulócitos polimorfonucleares e macrófagos, facilitando a eliminação de bactérias dos abscessos. É metabolizada pelo fígado e eliminada na bile e, em menor quantidade, na urina.
Indicações
A rifampicina é ativa contra
Maioria dos microrganismos Gram-positivos e alguns Gram-negativos
A resistência desenvolve-se rapidamente, por isso a rifampicina raramente é utilizada sozinha. A rifampicina é utilizada com outros antimicrobianos para
Infecção micobacteriana atípica (a rifampicina é ativa contra várias micobactérias não tuberculosas, mas as micobactérias Infecções por micobactérias não tuberculosas Existem mais de 170 espécies reconhecidas de micobactérias, majoritariamente ambientais. A exposição ambiental a muitos desses organismos é comum, mas a maioria das exposições não causa infecção... leia mais de crescimento rápido, como o Mycobacterium fortuitum, M. chelonae ou M. abscessus, são naturalmente resistentes)
Infecções estafilocócicas Infecções estafilocócicas Estafilococos são microrganismos Gram-positivos aeróbios. Staphylococcus aureus é o mais patogênico; em geral, causa infecções de pele e algumas vezes pneumonia, endocardite e osteomielite... leia mais , incluindo osteomielite, endocardite de valva protética e infecções envolvendo corpos estranhos, tais como prótese de joelho (com outros antibióticos antiestafilocócicos)
Infecções por Legionella Infecções por Legionella Legionella pneumophila é um bacilo Gram-negativo que frequentemente causa pneumonia com aspectos extrapulmonares. O diagnóstico exige um meio específico de crescimento, testes sorológicos... leia mais (dados antigos sugerem melhores resultados para rifampicina quando utilizada com eritromicina Macrolídeos Os macrolídeos são antibóticos principalmente bacteriostáticos; por ligarem-se à subunidade 50S do ribossomo, inibem a síntese proteica bacteriana. Os macrolídeos são mal absorvidos por via... leia mais ; o uso de rifampicina com azitromicina ou uma fluoroquinolona não oferece vantagem)
Meningite pneumocócica Meningite pneumocócica Streptococcus pneumoniae (pneumococos) são diplococos Gram-positivos, alfa-hemolíticos, aeróbios e encapsulados. A infecção pneumocócica é a principal causa de otite média, pneumonia... leia mais quando os microrganismos são sensíveis à rifampicina [com vancomicina com ou sem ceftriaxona ou cefotaxima para microrganismos resistentes a ceftriaxona ou cefotaxima (concentração inibitória mínima > 4 mcg/mL)], ou quando a resposta clínica ou microbiológica desejada for tardia
A rifampicina pode ser utilizada isoladamente para profilaxia de contatos íntimos de pacientes com meningite meningocócica Doenças causadas por meningococos Os meningococos (Neisseria meningitidis) são diplococos Gram-negativos que causam meningite e meningococemia. Os sintomas são geralmente graves, incluindo cefaleia, náuseas, vômitos,... leia mais ou meningite por Haemophilus influenzae tipo b Doenças causadas por Haemophilus spp Bactérias Gram-negativas Haemophilus spp causam inúmeras infecções leves e graves, como bacteremia, meningite, pneumonia, sinusite, otite média, celulite e epiglotite. O diagnóstico é... leia mais .
A rifabutina e a rifampicina são igualmente eficazes nos esquemas para tuberculose para os pacientes HIV-positivos e HIV-negativos. Entretanto, se os pacientes estiverem recebendo tratamento antirretroviral (TAR), a rifabutina é preferível porque é menos provável que induza as enzimas metabólicas do citocromo P-450 que reduzem os níveis séricos dos inibidores da protease e dos inibidores da transcriptase reversa não nucleosídeos.
A rifampicina é preferível à rifabutina para doença pulmonar complexa por Mycobacterium avium (MAC), a menos que os pacientes estejam recebendo TAR; nesses casos, pode ser substituída pela rifabutina. Mas a rifabutina é preferível à rifampicina para infecções disseminadas por MAC, por causa da sua melhor atividade superior in vitro e redução do potencial de interação farmacológica.
A rifapentina é utilizada para tratar tuberculose pulmonar e tuberculose latente.
Contraindicações
A rifampicina e a rifabutina são contraindicadas para os pacientes com história de reações alérgicas a estes fármacos.
Uso durante a gestação e o aleitamento
Alguns estudos de reprodução animal com rifabutina mostraram efeitos adversos quando os níveis do fármaco eram mais altos do que os tipicamente alcançados em humanos. Não foram realizados estudos adequados e bem controlados em gestantes ou lactantes. Não se conhece sua segurança durante o aleitamento.
Estudos de reprodução animal com rifampicina ou rifapentina mostram algum risco (isto é, teratogenicidade) nos níveis farmacológicos abaixo ou iguais aos tipicamente alcançados em humanos. Nenhum estudo adequado e bem controlado com algum dos fármacos foi realizado com gestantes.
Por causa do potencial de tumorigenicidade demonstrado em estudos com animais, o fabricante não recomenda o uso da rifampicina durante o aleitamento materno. Mas os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) não consideram a rifampina uma contraindicação ao aleitamento materno; deve-se tomar a decisão de suspender o aleitamento ou o fármaco com base na importância do fármaco para a mãe.
Efeitos adversos
Os efeitos adversos das rifamicinas são
Hepatite (mais grave)
Distúrbios gastrointestinais
Efeitos sobre o sistema nervoso central
Mielossupressão
Hepatite ocorre muito mais frequentemente quando a isonizida ou a pirazinamida são utilizadas de maneira concomitante com a rifampicina. A rifampicina pode causar aumento transitório durante a primeira semana de terapêutica na bilirrubina sérica não conjugada, que resulta da competição da rifampicina e da bilirrubina pela excreção, que não é, por si só, indicação para interromper o tratamento.
Efeitos no sistema nervoso central podem incluir cefaleia, tonturas, ataxia e confusão. Exantema, febre, leucopenia, anemia hemolítica, trombocitopenia, nefrite intersticial, necrose tubular aguda e insuficiência renal são geralmente considerados reações de hipersensibilidade e ocorrem quando a terapia é intermitente ou quando é retomada após interrupção de um esquema de dose única; estes efeitos são revertidos quando a rifampicina é suspensa.
A rifabutina pode causar uveíte unilateral ou bilateral dependente de dose.
Efeitos adversos menos sérios são comuns, incluindo azia, náuseas, vômitos e diarreia. Rifampicina, rifabutina e rifapentina podem causar pigmentação laranja-avermelhada temporária da urina, saliva, suor, escarro e lágrimas. Lentes de contato gelatinosas podem apresentar descoloração permanente.
Considerações sobre a dosagem
Se os pacientes têm uma doença hepática, testes hepáticos devem ser feitos antes do início da terapia com rifampicina e a cada 2 a 4 semanas durante a terapêutica, ou deve ser administrada um fármaco alternativo. Ajustes de dose não são necessários na insuficiência renal.
A rifampicina interage com muitos fármacos por ser um potente indutor das enzimas hepáticas microssomais P-450 (CYP450). A rifampicina acelera a eliminação e, portanto, pode diminuir a eficácia dos seguintes fármacos: inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), atovaquona, barbitúricos, betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, cloranfenicol, claritromicina, contraceptivos hormonais sistêmicos e orais, corticoides, ciclosporina, dapsona, digoxina, doxaciclina, fluconazol, haloperidol, itraconazol, cetoconazol, inibidores da transcriptase reversa não nucleosídeos delavirdina e nevirapina, analgésicos opioides, fenitoína, inibidores da protease, quinidina, sulfonilureias, tacrolimo, teofilina, tiroxina, tocainida, antidepressivos tricíclicos, voriconazol, varfarina e zidovudina. Para manter um efeito terapêutico ideal, o ajuste de dose desses fármacos pode ser necessário, pelos médicos, ao se introduzir ou interromper a rifampicina.
Inversamente, os inibidores da protease, assim como outros fármacos (p. ex., azóis, o macrolídeo claritromicina, os inibidores da transcriptase reversa não-nucleosídeos) inibem as enzimas hepáticas microssomais P-450 e aumentam os níveis das rifamicinas e, portanto, aumentam potencialmente a frequência das reações tóxicas. Por exemplo, ocorre uveíte mais comumente quando a rifabutina é utilizada com claritromicina ou azóis.
Rifaximina
A rifaximina é um derivado da rifamicina pobremente absorvido por via oral; 97% são recuperados integralmente nas fezes.
Pode-se utilizar a rifaximina para o tratamento empírico de
Diarreia dos viajantes Diarreia do viajante O planejamento adequado reduz os riscos associados a viagens, incluindo viagens para o exterior. Antes de viajar, os pacientes e seus profissionais de saúde devem revisar os itinerários planejados... leia mais , que é causada principalmente pela Escherichia coli enterotoxigênica e enteroagregativa
A rifaximina não é eficaz para tratar a diarreia decorrente de patógenos entéricos, exceto E. coli. Como a rifaximina não sofre absorção sistêmica, não deve ser utilizada para tratar diarreias infecciosas causadas por bactérias patogênicas entéricas (p. ex., Shigella spp, Salmonella spp, Campylobacter spp). A dose para a diarreia do viajante é 200 mg por via oral a cada 8 horas durante 3 dias para adultos e crianças com > 12 anos de idade.
Também se pode utilizar a rifaximina para o tratamento de
Encefalopatia portossistêmica (hepática) Encefalopatia portossistêmica A encefalopatia portossistêmica é uma síndrome neuropsiquiátrica que pode se desenvolver em pacientes com doença hepática. Em geral, resulta de elevadas taxas de absorção entérica proteica ou... leia mais : a dose é 550 mg por via oral 2 vezes ao dia.
Síndrome do intestino irritável Síndrome do intestino irritável (SII) A síndrome do intestino irritável é caracterizada por desconforto ou dor abdominal recorrente com pelo menos duas das características a seguir: relação com evacuação, associação com alterações... leia mais : a dose é 550 mg por via oral 3 vezes ao dia.
Reações adversas à rifaximina são náuseas, vômitos, dor abdominal e flatulência.
Informações adicionais
O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
Centers for Disease Control and Prevention (CDC): Treatment for TB Disease and Pregnancy