A disfunção de certos pares cranianos pode afetar os olhos, as pupilas, os nervos ópticos, os músculos extrínsecos do bulbo ocular e seus nervos, e assim podem ser considerados transtornos dos pares cranianos, transtornos neuroftalmológicos ou ambos.
As doenças neuroftalmológicas também podem envolver as vias centrais que controlam e integram os movimentos oculares e a visão.
Doenças dos pares cranianos também podem envolver disfunções do olfato, visão, mastigação, sensibilidade ou expressão facial, gustação, audição equilíbrio, deglutição, fonação, virar a cabeça e elevar os ombros ou movimentos da língua (ver tabela ). Um ou mais pares cranianos podem ser afetados.
(Ver também Síndrome de Horner Síndrome de Horner A síndrome de Horner manifesta-se por ptose, miose e anidrose decorrentes de disfunção da produção simpática cervical. (Ver também Visão geral do sistema nervoso autônomo.) A síndrome de Horner... leia mais , Distúrbios dos nervos ópticos Via óptica A via óptica é composta por retina, nervo óptico, quiasma óptico, radiações ópticas e córtex occipital (ver figura Vias visuais superiores). Lesões na via óptica causam inúmeros defeitos no... leia mais e Abordagem ao paciente neurológico Abordagem ao paciente neurológico A abordagem dos pacientes com sintomas neurológicos ocorre em etapas de uma forma denominada método neurológico, que consiste no seguinte: Identificação da localização anatômica da lesão ou... leia mais .)
Pares cranianos
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Há sobreposição das causas e sintomas dos transtornos neuroftalmológicos e de pares cranianos. Ambos podem resultar de tumores, inflamação, trauma, doenças sistêmicas, processos degenerativos ou outros processos, causando sintomas como perda de visão, diplopia, ptose, anormalidades pupilares, dor periocular ou cefaleia.
Diagnóstico das doenças neuroftalmológicas e de pares cranianos
Avaliação clínica
Neuroimagem
(Ver também Como avaliar os pares cranianos Como avaliar os pares cranianos Os nervos cranianos se originam no tronco encefálico. Anormalidades em sua função sugerem patologia em partes específicas do tronco encefálico ou ao longo do trajeto do nervo craniano fora do... leia mais .)
Avaliação das doenças neuroftalmológicas e dos pares cranianos:
Questionário detalhado sobre os sintomas
A avaliação do sistema visual é feita pelo exame de acuidade visual, dos campos visuais Teste de campo visual O olho pode ser examinado com equipamentos de rotina, incluindo um oftalmoscópio padrão; análise detalhada requer equipamentos especiais e avaliação por um oftalmologista. A história inclui... leia mais , das pupilas Anormalidades pupilares comuns e dos movimentos oculares (motilidade ocular Distúrbios comuns da motilidade ocular ). Como parte do exame são avaliados os 2º, 3º, 4º e 6º pares cranianos 3º, 4º e 6º pares cranianos Os nervos cranianos se originam no tronco encefálico. Anormalidades em sua função sugerem patologia em partes específicas do tronco encefálico ou ao longo do trajeto do nervo craniano fora do... leia mais . Em geral, também são solicitados exames de imagem neurológica com TC ou RM.
As partes do exame visual, a seguir, são particularmente importantes no diagnóstico de transtornos neuroftalmológicos e de pares cranianos.
As pupilas são inspecionadas em relação a diâmetro, igualdade e regularidade. Normalmente, as pupilas contraem-se de imediato (em até 1 segundo) e igualmente durante a acomodação e exposição à luz direta e à luz direcionada para a outra pupila (reflexo luminoso consensual). Avaliar a resposta consensual da pupila à luz por um teste com mudança da luz pode determinar se há um defeito. Normalmente, o grau de contração pupilar não se altera quando a lanterna é movida de um olho para outro.
Se houver um defeito relativo aferente (defeito pupilar aferente ou pupila de Marcus Gunn), a pupila dilata-se paradoxalmente quando a luz é movida para o lado do defeito. Se ocorrer contração da pupila em resposta à luz consensual, mas não à luz direta, o defeito é aferente.
Se houver um defeito eferente, a pupila responderá lentamente ou não responderá, tanto à luz direta como à consensual.
Os movimentos oculares são examinados, pedindo-se ao paciente que mantenha a cabeça imóvel e acompanhe o dedo do examinador, enquanto este se move para a direita, para a esquerda, para cima, para baixo, em direção diagonal para ambos os lados e em direção ao nariz do paciente (com a finalidade de avaliar a acomodação visual). No entanto, esse exame pode não detectar uma leve paresia do movimento ocular suficiente para causar diplopia.
A diplopia Diplopia Diplopia é a percepção de 2 imagens de um único objeto. A diplopia pode ser monocular ou binocular. A diplopia monocular está presente quando apenas um olho está aberto. Diplopia binocular,... leia mais pode indicar um defeito na coordenação bilateral dos movimentos oculares (p. ex., nas vias neurais) ou no III (oculomotor) IV (troclear) ou VI (abducente) pares cranianos. Se a diplopia persistir quando um olho é fechado por vez (diplopia monocular), a causa provavelmente é um distúrbio ocular não neurológico. Se a diplopia desaparecer quando um dos olhos é fechado (diplopia binocular), a causa provavelmente é um distúrbio de motilidade ocular. As 2 imagens se separam mais quando o paciente olha na direção coberta pelo músculo ocular parético (p. ex., para a esquerda quando o músculo reto lateral esquerdo está parético). O olho que, quando fechado, elimina a imagem mais periférica está parético. A colocação de uma lente vermelha diante de um olho ajuda a identificar o olho parético. Quando a lente vermelha cobre o olho parético, a imagem mais periférica é vermelha.
Tratamento de doenças neuroftalmológicas e transtornos dos pares cranianos
Tratamento da causa
O tratamento dos distúrbios neuroftalmológicos e dos pares cranianos depende da causa.