Vermes parasitas helmínticos infectam o sistema nervoso central de milhões de pessoas nos países em desenvolvimento. Pessoas infectadas que visitam ou imigram para áreas não endêmicas, incluindo os Estados Unidos, podem introduzi-los na região. Os vermes podem causar meningite Meningite subaguda e crônica Meningite subaguda evolui ao longo de dias a algumas semanas. Meningite crônica dura ≥ 4 semanas. As causas possíveis incluem fungos, Mycobacterium tuberculosis, rickettsias de espiroquetas... leia mais , encefalite Encefalite Encefalite é a inflamação do parênquima do cérebro, resultante de invasão viral direta ou ocorrendo como complicação imunológica pós-infecciosa causada por reação de hipersensibilidade a um... leia mais , lesão expansiva cerebral, hidrocefalia, acidente vascular encefálico Visão geral do acidente vascular encefálico Os acidentes vasculares cerebrais são um grupo de distúrbios que envolvem interrupção focal e súbita do fluxo sanguíneo encefálico, que causa deficits neurológicos. Acidentes vasculares encefálicos... leia mais e mielopatia Compressão da medula vertebral Várias lesões podem comprimir a medula espinal causando deficits segmentares sensoriais, motores, reflexos e de esfíncteres. O diagnóstico é por RM. O tratamento direciona-se ao alívio da compressão... leia mais .
(Ver também Introdução a infecções encefálicas Introdução a infecções encefálicas Infecções encefálicas podem ser causadas por vírus, bactérias, fungos ou, às vezes, protozoários ou parasitas. Encefalite ocorre mais comumente por causa de vírus, como herpes simples, herpes-zóster... leia mais .)
Neurocisticercose
(Ver também Cisticercose Cisticercose A infecção por Taenia solium (teníase) é uma infecção intestinal por tênias adultas provenientes da ingestão de carne de porco contaminada. Vermes adultos podem produzir sintomas gastrointestinais... leia mais .)
Aproximadamente 20 helmintos que podem causar distúrbios neurológicos, sem dúvida a tênia do porco (Taenia solium Infecção por Taenia solium (tênia da carne de porco) e cisticercose A infecção por Taenia solium (teníase) é uma infecção intestinal por tênias adultas provenientes da ingestão de carne de porco contaminada. Vermes adultos podem produzir sintomas gastrointestinais... leia mais ) é responsável pela maioria dos casos no Ocidente. A doença resultante é a neurocisticercose. Quando uma pessoa ingere alimento contaminado com ovos do verme, as larvas migram para os tecidos, incluindo encéfalo, medula espinal e vias liquóricas, formando cistos. O diâmetro do cisto raramente ultrapassa 1 cm no parênquima neural e 5 cm nas vias liquóricas. Cistos mais antigos frequentemente se calcificam.
Os cistos do parênquima cerebral causam poucos sintomas até que a morte dos vermes determine inflamação local, gliose e edema, causando crises epilépticas (mais comuns), deficits neurológicos focais ou cognitivos, ou alterações de personalidade. Cistos grandes situados nas vias liquóricas podem provocar hidrocefalia obstrutiva. Os cistos podem romper-se no líquido cefalorraquidiano, causando meningite eosinofílica aguda ou subaguda. Sem tratamento, a neurocisticercose pode causar morte; as causas de morte incluem encefalite, meningite, hidrocefalia e convulsões não tratadas.
Suspeita-se de neurocisticercose em pacientes que moraram ou são oriundos de países em desenvolvimento e que apresentam meningite eosinofílica ou convulsões inexplicáveis, deficits focais ou cognitivos ou alterações da personalidade. Sua presença é sugerida por múltiplas lesões císticas calcificadas observadas em TC ou RM; um meio de contraste pode intensificar as lesões. O diagnóstico requer testes sorológicos no líquido cefalorraquidiano e no soro e, ocasionalmente, biópsia do cisto.
Anti-helmínticos são o tratamento de primeira linha. Albendazol (7,5 mg/kg por via oral a cada 12 horas, por 8 a 30 dias; dose máxima diária de 800 mg) é o antimicrobiano de escolha. Como alternativa, podem-se administrar 20 a 33 mg/kg de praziquantel por via oral 3 vezes ao dia, por 30 dias. A administração de 8 mg de dexametasona, uma vez ao dia, IV ou por via oral, pelos primeiros 2 a 4 dias, pode reduzir a resposta inflamatória aguda durante a morte dos vermes. Se o tratamento anti-helmíntico resultar na morte de vários organismos, o cérebro pode inchar significativamente em pacientes com um grande número de cistos, e o tratamento anti-helmíntico pode não ajudar os pacientes com um único cisto. O tratamento deve ser cuidadosamente individualizado.
Pode ser necessário tratamento a curto ou longo prazo com anticonvulsivantes Tratamento farmacológico das convulsões Nenhum anticonvulsivante controla sozinho todos os tipos de crise epiléptica; pacientes diferentes requerem fármacos distintos. Algumas vezes, os pacientes necessitam de vários fármacos. (Ver... leia mais . Também podem ser necessárias excisões cirúrgicas dos cistos e derivações ventriculares (derivações).
Outras infecções helmínticas
Na esquistossomose Esquistossomose Esquistossomose é a infecção causada por trematódeos sanguíneos do gênero Schistosoma, adquiridos transcutaneamente ao nadar ou entrar em contato com águas contaminadas. Os parasitas... leia mais ocorre formação de granulomas eosinofílicos necrosantes no encéfalo, causando convulsões, elevação da pressão intercraniana e deficits neurológicos difusos e focais.
Cistos equinocócicos Equinococose Equinococose é uma infecção provocada por larvas da tênia Echinococcus granulosus (equinococose cística, doença hidática) ou Echinococcus multilocularis (doença alveolar). Os... leia mais (hidáticos) solitários e grandes podem causar deficits focais e, ocasionalmente, convulsões.
Cenuríase Cenurose (infecção por Taenia multiceps, Taenia serialis ou Taenia brauni) As tênias Taenia multiceps, Taenia serialis, Taenia brauni, e Taenia glomeratus são causas raras de infecção humana, que é adquirida por ingestão acidental dos ovos... leia mais , causada por larvas de tênia (Taenia spp), costuma produzir cistos em forma de cacho de uvas que podem obstruir o fluxo de líquido cefalorraquidiano no 4º ventrículo.
São necessários vários anos para que os sintomas desses cistos se desenvolvam e, se há envolvimento do cérebro, incluem hipertensão intracraniana, convulsões, perda de consciência e deficits neurológicos focais. Realizam-se exames de neuroimagem e testes sorológicos para diferenciar esses cistos e para diferenciá-los da neurocisticercose.
A gnatostomíase, uma infecção rara pela larva do nematódeo Gnathostoma spp, resulta em tratos necróticos envolvidos por inflamação ao longo das raízes nervosas, da medula espinal e do encéfalo, ou em hemorragia subaracnoidea, causando febre baixa, torcicolo, fotofobia, cefaleia, deficits neurológicos migratórios (afetando ocasionalmente o VI ou VII pares cranianos) e paralisia. Suspeita-se de gnostostomíase em viajantes que retornam de partes da Ásia, do Oriente Médio, da Europa, da África e dasAméricas Central ou do Sul e que residem nessas áreas, e que têm edema cutâneo migratório ou meningite eosinofílica inexplicável. O diagnóstico exige testes de neuroimagem e LCR.