(Ver também Estrutura e função hepáticas Estrutura e função do fígado O fígado é um órgão metabolicamente complexo. Os hepatócitos (células parenquimatosas do fígado) realizam as funções metabólicas do fígado: Formação e excreção de bile como um componente do... leia mais e Avaliação do paciente com doença hepática Avaliação do paciente com doença hepática A história e o exame físico costumam sugerir uma causa para os possíveis distúrbios hepáticos e restringem o escopo dos testes para distúrbios hepáticos e biliares. Vários são os sintomas que... leia mais .)
Fisiopatologia da icterícia
A maior parte da bilirrubina é produzida quando a hemoglobina é quebrada em bilirrubina indireta (e outras substâncias). Esta é ligada à albumina e transportada no plasma para o fígado, onde é captada pelos hepatócitos e conjugada com ácido glicurônico para se tornar hidrossolúvel. Bilirrubina direta é excretada pela bile no duodeno. No intestino, bactérias metabolizam a bilirrubina para formar urobilinogênio. Parte desse urobilinogênio é eliminada nas fezes e parte é reabsorvida, extraída pelos hepatócitos, reprocessada e reexcretada na bile (ciclo entero-hepático — ver Visão geral do metabolismo da bilirrubina Visão geral do metabolismo da bilirrubina O fígado é um órgão metabolicamente complexo. Os hepatócitos (células parenquimatosas do fígado) realizam as funções metabólicas do fígado: Formação e excreção de bile como um componente do... leia mais ).
Mecanismos da hiperbilirrubinemia
Hiperbilirrubinemia pode se desenvolver com predominância de bilirrubina não conjugada ou conjugada.
Hiperbilirrubinemia não conjugada é mais frequentemente causada por ≥ 1 dentre os seguintes:
Produção aumentada
Redução na captação hepática
Conjugação diminuída
Hiperbilirrubinemia conjugada é mais frequentemente causada por ≥ 1 dentre os seguintes:
Disfunção hepatocelular (lesão dos hepatócitos)
Lentidão na saída da bile do fígado (colestase intra-hepática)
Obstrução do fluxo biliar extra-hepático (colestase extra-hepática)
Consequências
O prognóstico final é ditado primariamente pela causa da icterícia, bem como pela presença ou não e pela gravidade da disfunção hepatocelular. Disfunção hepática pode resultar em coagulopatia, encefalopatia e também em hipertensão portal Hipertensão Portal A hipertensão portal é a elevação da pressão na veia portal. Ela é causada mais frequentemente por cirrose (na América do Norte), por esquistossomíase (em áreas endêmicas) ou por alterações... leia mais (que por sua vez pode determinar o aparecimento de sangramento digestório).
Etiologia da icterícia
Ainda que a hiperbilirrubinemia possa ser classificada em não conjugada e conjugada, muitas são as doenças hepatobiliares que cursam com a elevação de ambas.
Muitas condições (ver tabela ), como o uso de certos fármacos (ver tabela ), podem causar icterícia, mas as causas mais comuns são
Hepatite Causas da hepatite Hepatite é uma inflamação do fígado caracterizada por necrose difusa ou irregular. A hepatite pode ser aguda ou crônica (geralmente definida como duração de > 6 meses). A maioria dos casos de... leia mais inflamatória (hepatite viral, hepatite autoimune, hepatite tóxica)
Obstrução biliar
Visão geral da icterícia
História
História da doença atual deve incluir início e duração da icterícia. Hiperbilirrubinemia pode causar escurecimento da urina antes que a icterícia seja visível. Assim, o início da colúria deve indicar de forma mais precisa o início da hiperbilirrubinemia que o aparecimento da icterícia. Sintomas associados devem ser analisados, tais como febre, pródromos geralmente (p. ex., febre, mal-estar geral, mialgia) antes da icterícia, alteração na cor das fezes, prurido, esteatorreia e dor abdominal (incluindo localização, intensidade, duração e irradiação). Sintomas importantes sugerindo gravidade da doença incluem náuseas e vômitos, perda ponderal e também sinais ou sintomas de coagulopatia (p. ex., sangramento gengival ou raios de sangue nas fezes).
A revisão dos sistemas deve procurar sintomas de possíveis causas, incluindo perda ponderal e dor abdominal (câncer); dor articular e edema (hepatite autoimune Visão geral da hepatite crônica A hepatite crônica é aquela que persiste por > 6 meses. As causas comuns são os vírus das hepatites B e C, esteato-hepatite não alcoólica (EHNA), hepatopatia alcoólica e doença hepática autoimune... leia mais ou viral Visão geral da hepatite viral aguda É a inflamação hepática difusa causada por vírus específicos hepatotrópicos que apresentam diversos modos de transmissão e epidemiologia. Um pródromo viral não específico é seguido de anorexia... leia mais , hemocromatose Hemocromatose hereditária A hemocromatose hereditária é uma doença genética caracterizada pelo acúmulo excessivo de ferro (Fe) que resulta em lesão tecidual. As manifestações podem incluir sintomas constitucionais, distúrbios... leia mais , colangite esclerosante primária Colangite esclerosante primária (CEP) A colangite esclerosante primária consiste em uma inflamação irregular, com fibrose e estreitamentos do ducto biliar, que não tem uma causa conhecida. Entretanto, 80% dos pacientes com CEP também... leia mais , sarcoidose Sarcoidose A sarcoidose é uma doença inflamatória que resulta em granulomas sem caseificação em um ou mais órgãos e tecidos; a etiologia é desconhecida. Os pulmões e o sistema linfático são afetados com... leia mais ); amenorreia (gestação).
A história clínica deve identificar agentes ou doenças causais conhecidas, tais como as doenças hepatobiliares (p. ex., litíases Colelitíase É a presença de um ou mais cálculos (pedras) dentro da vesícula biliar. Calculose da vesícula biliar tende a ser assintomática. O sintoma mais comum é a cólica biliar, mas os cálculos não causam... leia mais , hepatites Causas da hepatite Hepatite é uma inflamação do fígado caracterizada por necrose difusa ou irregular. A hepatite pode ser aguda ou crônica (geralmente definida como duração de > 6 meses). A maioria dos casos de... leia mais , cirrose Cirrose A cirrose é o estágio final da fibrose hepática, a qual é o resultado da desorganização difusa da arquitetura hepática normal. Caracteriza-se por nódulos de regeneração cercados por tecido fibrótico... leia mais ); doenças causadoras de hemólise Visão geral da anemia hemolítica No final do ciclo normal de vida (cerca de 120 dias), os eritrócitos são removidos da circulação. Define-se hemólise como a destruição prematura e, consequentemente, um ciclo de vida mais curto... leia mais [p. ex., hemoglobinopatias Visão geral da hemoglobinopatias Hemoglobinopatias são doenças genéticas que afetam a estrutura ou a produção das moléculas de hemoglobina. As moléculas de hemoglobina são formadas por cadeias de polipeptídeos cuja estrutura... leia mais , deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD)] Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) A deficiência de desidrogenase de glicose-6-fosfato (G6PD) é um defeito enzimático ligado ao cromossomo X comum em pessoas com ascendência africana, que pode resultar em hemólise após doença... leia mais ; e alterações relacionadas com doenças hepáticas ou biliares, incluindo doença inflamatória intestinal Visão geral da doença inflamatória intestinal A doença inflamatória intestinal, que abrange a doença de Crohn e a colite ulcerativa, é um quadro recidivante caracterizado pela inflamação crônica em vários locais do trato gastrointestinal... leia mais , doenças infiltrativas (p. ex., amiloidose Amiloidose Amiloidose é qualquer de um grupo de condições distintas caracterizadas por deposição extracelular de fibrilas insolúveis compostas de proteínas mal agregadas. Essas proteínas podem se acumular... leia mais , linfomas Visão geral dos linfomas São um grupo heterogêneo de neoplasias que surgem nos sistemas reticuloendotelial e linfático. Os principais tipos são Linfoma de Hodgkin Linfoma não Hodgkin Ver tabela Comparação entre linfoma... leia mais , sarcoidose Sarcoidose A sarcoidose é uma doença inflamatória que resulta em granulomas sem caseificação em um ou mais órgãos e tecidos; a etiologia é desconhecida. Os pulmões e o sistema linfático são afetados com... leia mais , tuberculose Tuberculose (TB) A tuberculose é uma infecção micobacteriana progressiva crônica, frequentemente com um período latente assintomático após a infecção inicial. A tuberculose afeta mais comumente os pulmões. Os... leia mais ) e infecção pelo vírus HIV ou aids Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) resulta de 1 dos 2 retrovírus similares (HIV-1 e HIV-2) que destroem linfócitos CD4+ e prejudicam a imunidade mediada por células, aumentando... leia mais .
História sobre uso ou não de fármacos deve incluir questões sobre uso ou exposição a toxinas sabidamente hepatotóxicas (ver tabela ) e sobre vacinação contra as hepatites.
História cirúrgica deve incluir questões relativas a possível abordagem do trato biliar (causa potencial de lesões cicatriciais).
Ahistória social deve incluir perguntas sobre os fatores de risco para hepatite(ver tabela Alguns fatores de risco de hepatite), quantidadee duração do uso de álcool, uso de drogas injetáveis e história sexual.
História familiar deve incluir icterícia recorrente na família e/ou o diagnóstico de doenças congênitas. A história de consumo de álcool ou droga recreacional deve, se possível, ser confirmada por um familiar ou amigo.
Exame físico
Sinais vitais são checados à procura de febre e sinais de toxemia (p. ex., hipotensão, taquicardia).
A aparência geral é notada particularmente quanto a caquexia e letargia.
O exame de cabeça e pescoço engloba a inspeção da esclera e da língua para identificação de icterícia e dos olhos para pesquisa de anéis de Kayser-Fleischer Anéis de Kayser-Fleischer A doença de Wilson resulta em acúmulo de cobre no fígado e em outros órgãos. Sintomas neurológicos e hepáticos se desenvolvem. O diagnóstico baseia-se em baixos níveis de ceruloplasmina, alta... leia mais (mais bem visualizados pela lâmpada de fenda). Icterícia discreta é vista mais claramente na esclera e à luz natural; é geralmentedetectável quando a bilirrubina ultrapassa 2 ou 2,5 mg/dL (34 a 43 micromol/L). O hálito deve ser observado (p. ex., hálito hepático, característico na encefalopatia).
O abdome é inspecionado em relação a circulação colateral, ascite Ascite É a condição em que há líquido livre na cavidade peritoneal. Sua causa mais comum é a hipertensão portal. Os sintomas geralmente decorrem da distensão abdominal. O diagnóstico é alcançado com... leia mais e cicatrizes cirúrgicas. O fígado é palpado visando identificar hepatomegalia, massas, nódulos e endurecimento. O baço é palpado em busca de esplenomegalia. O abdome é examinado com vistas a hérnia umbilical, aumento do volume, presença de líquido ascítico, massas, ou dor, bem como sinais de irritação peritoneal. O reto é examinado à procura de sangue.
Homens são examinados em busca de atrofia testicular e ginecomastia.
Membros superiores são examinados à procura de contraturas de Dupuytren Contratura de Dupuytren A contratura de Dupuytren é uma contratura progressiva das fáscias palmares, produzindo deformidades em flexão dos dedos. O tratamento é feito com injeção de corticoide, cirurgia ou injeções... leia mais .
O exame neurológico inclui a avaliação do status mental e avaliação à procura de asterixe (“flapping”, tremor adejante das mãos característico).
Examina-se na pele icterícia, eritema palmar, orifícios de perfurações por agulhas, aranhas vasculares, escoriações, xantomas (compatíveis com colangite biliar primária Colangite biliar primária (CBP) Colangite biliar primária (CBP; antes conhecida como cirrose biliar primária) é uma doença hepática autoimune caracterizada pela destruição progressiva dos ductos biliares intra-hepáticos, provocando... leia mais ), escassez de pelos axilares e pubianos, hiperpigmentação, equimoses, petéquias e púrpura.
Sinais de alerta
Os achados a seguir são particularmente preocupantes:
Dor abdominal intensa e abdome tenso
Estado mental alterado
Sangramento digestório (grosseiro ou discreto)
Equimoses, petéquias ou púrpura
Interpretação dos achados
A gravidade da doença é indicada basicamente pelo grau (se houver) de disfunção hepática. Colangite ascendente é preocupante, pois demanda tratamento emergencial.
Disfunção hepática grave é indicada pela presença de encefalopatia (p. ex., estado mental, flapping) ou coagulopatia (p. ex., sangramento fácil, púrpura, fezes escurecidas ou sanguinolentas), particularmente em pacientes com sinais de hipertensão portal Hipertensão Portal A hipertensão portal é a elevação da pressão na veia portal. Ela é causada mais frequentemente por cirrose (na América do Norte), por esquistossomíase (em áreas endêmicas) ou por alterações... leia mais (p. ex., abdome com circulação colateral, ascite, esplenomegalia). Sangramento maciço do trato digestório superior sugere sangramento varicoso Varizes Varizes são veias dilatadas no esôfago distal ou estômago proximal causadas por pressão elevada no sistema venoso portal, tipicamente secundárias à cirrose. Podem sangrar maciçamente ou não... leia mais decorrente de hipertensão portal (e possivelmente coagulopatia).
Colangite ascendente é sugerida pela presença de febre e dor importante e persistente em hipocôndrio direito; pancreatite aguda Pancreatite aguda Pancreatite aguda é a inflamação aguda do pâncreas (e, algumas vezes, dos tecidos adjacentes). Os fatores desencadeantes mais comuns são cálculos biliares e ingestão de álcool. A classificação... leia mais com obstrução biliar Coledocolitíase e colangite Coledocolitíase é a presença de cálculos nos dutos biliares; pode ocorrer formação de cálculos na vesícula biliar ou nos próprios dutos. Esses cálculos causam cólica biliar, obstrução biliar... leia mais (p. ex., pela presença de cálculo em ducto hepático comum ou pseudocisto) pode se manifestar de forma semelhante.
Causa da icterícia pode ser sugerida pelos seguintes dados:
Icterícia aguda em jovens saudáveis sugere hepatite viral aguda Visão geral da hepatite viral aguda É a inflamação hepática difusa causada por vírus específicos hepatotrópicos que apresentam diversos modos de transmissão e epidemiologia. Um pródromo viral não específico é seguido de anorexia... leia mais , particularmente se houver história de um quadro prodrômico, fatores de risco, ou ambos; entretanto, superdose de paracetamol Intoxicação por paracetamol Intoxicação pelo paracetamol pode causar gastrenterite horas após a ingestão e hepatotoxicidade em 1 a 3 dias. Após superdosagem, a gravidade da hepatotoxicidade é previsível pelos níveis de... leia mais também é uma possível causa.
É provável que icterícia aguda após exposição a toxinas hepatotóxicas em indivíduos previamente saudáveis ocorra por causa dessa substância.
História longa de abuso de álcool sugere doença hepática alcoólica Doença hepática alcoólica O consumo de álcool é muito elevado na maioria dos países ocidentais. De acordo com uma pesquisa utilizando a definição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição... leia mais , mormente na presença de estigmas de hepatopatia ao exame físico.
História pessoal ou familiar de icterícia recorrente sem outros achados sugere doença hereditária, possivelmente síndrome de Gilbert Síndrome de Gilbert Defeitos metabólicos hereditários ou inatos podem causar hiperbilirrubinemia conjugada ou não conjugada (ver Visão geral do metabolismo da bilirrubina). Hiperbilirrubinemia não conjugada: síndrome... leia mais .
Icterícia de instalação gradual, acompanhada de prurido, perda ponderal e acolia fecal sugere colestase intra ou extra-hepática.
Icterícia sem dor em idosos, acompanhada de perda ponderal e massa palpável, mas mínimo prurido sugere obstrução biliar por câncer.
Outros achados podem ser igualmente úteis (ver tabela ).
Exames
São realizados os seguintes:
Exames de sangue Exames laboratoriais para fígado e da vesícula biliar Os exames laboratoriais geralmente são eficazes em: Detecção de disfunção hepáticas Determinação da gravidade da doença Monitorar a evolução de doenças hepáticas e a resposta ao tratamento Refinando... leia mais (enzimas hepáticas e bilirrubinas)
Em geral, um exame de imagem
Exames de sangue incluem medida das bilirrubinas direta e indireta bem como enzimas hepatocelulares (aminotransferases) e canaliculares (fosfatase alcalina e gama-glutamiltransferase) em todos os pacientes. Os resultados auxiliam a diferenciação entre colestase e disfunção hepatocelular (importante, pois geralmente portadores de colestase requerem exame de imagem):
Disfunção hepatocelular: grande elevação das aminotransferases (> 500 U/L [8,35 microkat/L]) e elevação moderada de fosfatase alcalina (< 3 vezes o normal)
Colestase: elevação moderada das aminotransferases (< 200 U/L [3,34 microkat/L]) e importante elevação da fosfatase alcalina (> 3 vezes o normal)
Além disso, pacientes com disfunção hepatocelular ou colestase apresentam urina escura decorrente de bilirrubinuria porque a bilirrubina conjugada é excretada pela urina; a bilirrubina não conjugada não é. O fracionamento das bilirrubinas também permite diferenciar as formas de conjugada e não conjugada. Se os níveis das enzimas aminotransferase e fosfatase alcalina são normais, a fração de bilirrubina pode ajudar a sugerir causas, como a síndrome de Gilbert Síndrome de Gilbert Defeitos metabólicos hereditários ou inatos podem causar hiperbilirrubinemia conjugada ou não conjugada (ver Visão geral do metabolismo da bilirrubina). Hiperbilirrubinemia não conjugada: síndrome... leia mais ou hemólise Visão geral da anemia hemolítica No final do ciclo normal de vida (cerca de 120 dias), os eritrócitos são removidos da circulação. Define-se hemólise como a destruição prematura e, consequentemente, um ciclo de vida mais curto... leia mais (não conjugada) versus síndrome de Dubin-Johnson Síndrome de Dubin-Johnson e síndrome de Rotor Defeitos metabólicos hereditários ou inatos podem causar hiperbilirrubinemia conjugada ou não conjugada (ver Visão geral do metabolismo da bilirrubina). Hiperbilirrubinemia não conjugada: síndrome... leia mais ou síndrome de Rotor Síndrome de Dubin-Johnson e síndrome de Rotor Defeitos metabólicos hereditários ou inatos podem causar hiperbilirrubinemia conjugada ou não conjugada (ver Visão geral do metabolismo da bilirrubina). Hiperbilirrubinemia não conjugada: síndrome... leia mais (conjugada).
Outros exames são indicados com base na suspeita clínica e nos resultados dos exames iniciais, tais como:
Sinais de insuficiência hepática (p. ex., encefalopatia Encefalopatia portossistêmica A encefalopatia portossistêmica é uma síndrome neuropsiquiátrica que pode se desenvolver em pacientes com doença hepática. Em geral, resulta de elevadas taxas de absorção entérica proteica ou... leia mais , ascite Ascite É a condição em que há líquido livre na cavidade peritoneal. Sua causa mais comum é a hipertensão portal. Os sintomas geralmente decorrem da distensão abdominal. O diagnóstico é alcançado com... leia mais , equimoses) ou sangramento gastrointestinal (GI): testes de coagulação [tempo de protrombina (TP)/tempo de tromboplastina parcial (TTP)]
Fatores de risco de hepatite (ver tabela Alguns fatores de risco de hepatite Alguns fatores de risco de hepatite ),ou um mecanismo hepatocelular sugerido pelos resultados do exame de sangue: hepatite viral e exames sorológicos autoimunes Sorologia É a inflamação hepática difusa causada por vírus específicos hepatotrópicos que apresentam diversos modos de transmissão e epidemiologia. Um pródromo viral não específico é seguido de anorexia... leia mais
Febre, dor abdominal e sensibilidade: hemograma completo e, se o paciente parecer enfermo, hemoculturas
Suspeita de hemólise Visão geral da anemia hemolítica No final do ciclo normal de vida (cerca de 120 dias), os eritrócitos são removidos da circulação. Define-se hemólise como a destruição prematura e, consequentemente, um ciclo de vida mais curto... leia mais pode ser confirmado por esfregaço de sangue periférico.
Ultrassonografia abdominal é o primeiro exame de imagem a ser realizado.
Ultrassonografia abdominal normalmente é feita primeiro; tipicamente, ela é bastante precisa para detectar obstrução extra-hepática. TC e RM são alternativas. Ultrassonografia geralmente é melhor para cálculos biliares Colelitíase É a presença de um ou mais cálculos (pedras) dentro da vesícula biliar. Calculose da vesícula biliar tende a ser assintomática. O sintoma mais comum é a cólica biliar, mas os cálculos não causam... leia mais ; e TC, para lesões pancreáticas. Todos esses exames podem detectar anormalidades nas vias biliares ou lesões hepáticas focais, mas têm baixa acurácia para detecção de lesões difusas, tais como as hepatites Visão geral da hepatite viral aguda É a inflamação hepática difusa causada por vírus específicos hepatotrópicos que apresentam diversos modos de transmissão e epidemiologia. Um pródromo viral não específico é seguido de anorexia... leia mais e a cirrose Cirrose A cirrose é o estágio final da fibrose hepática, a qual é o resultado da desorganização difusa da arquitetura hepática normal. Caracteriza-se por nódulos de regeneração cercados por tecido fibrótico... leia mais .
Se a ultrassonografia detectar colestase extra-hepática, pode ser necessária a realização de exames adicionais para determinar a causa; em geral, colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) Ressonância magnética (RM) , ultrassonografia endoscópica (USE) ou por colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPER) Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) Exames de imagem são essenciais para diagnosticar com precisão as doenças do trato biliar e são importantes para detectar lesões hepáticas focais (p. ex., abscessos, tumores). Eles são limitados... leia mais são utilizadas. A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) é mais invasiva, mas permite o tratamento de algumas lesões obstrutivas (p. ex., remoção de cálculos, colocação de stents em estreitamentos).
Biópsia hepática Biópsia hepática A biópsia hepática fornece informações histológicas sobre a estrutura do fígado e evidências de lesões a este (tipo e grau, bem como a presença ou não de fibrose); esta informação pode ser essencial... leia mais não é frequentemente indicada, mas pode auxiliar no diagnóstico de certas doenças (p. ex., doenças causadoras de colestase intra-hepática, em alguns tipos de hepatite e também algumas doenças infiltrativas, síndrome de Dubin-Johnson Síndrome de Dubin-Johnson e síndrome de Rotor Defeitos metabólicos hereditários ou inatos podem causar hiperbilirrubinemia conjugada ou não conjugada (ver Visão geral do metabolismo da bilirrubina). Hiperbilirrubinemia não conjugada: síndrome... leia mais , hemocromatose Hemocromatose hereditária A hemocromatose hereditária é uma doença genética caracterizada pelo acúmulo excessivo de ferro (Fe) que resulta em lesão tecidual. As manifestações podem incluir sintomas constitucionais, distúrbios... leia mais e doença de Wilson Doença de Wilson A doença de Wilson resulta em acúmulo de cobre no fígado e em outros órgãos. Sintomas neurológicos e hepáticos se desenvolvem. O diagnóstico baseia-se em baixos níveis de ceruloplasmina, alta... leia mais ). Biópsia pode também ser de algum auxílio quando o aumento de enzimas permanecer inexplicado pelos demais testes.
A laparoscopia (peritonioscopia) permite avaliação direta do fígado e da vesícula biliar sem o trauma da cirurgia aberta (laparotomia). Assim, ocasionalmente, utiliza-se laparoscopia para diagnosticar icterícia colestática não explicada e, bem mais raramente, a laparotomia exploradora diagnóstica.
Tratamento da icterícia
Tratamento das deficiências nutricionais e outras complicações
A causa e quaisques complicações são tratadas. A icterícia propriamente dita não requer tratamento em adultos (diferentemente em neonatos —ver Hiperbilirrubinemia neonatal Hiperbilirrubinemia neonatal Icterícia é a cor amarelada da pele e dos olhos causada por hiperbilirrubinemia (concentração elevada de bilirrubina no soro). Os níveis séricos de bilirrubina que causam icterícia variam com... leia mais ). O prurido, se incomodar, melhora com a administração de colestiramina, via oral, 2 a 8 g duas vezes ao dia. Entretanto, a colestiramina é ineficaz em casos de obstrução total dos canais biliares.
Fundamentos de geriatria: icterícia
Os sintomas podem ser leves ou mesmo não percebidos em idosos; p. ex., a dor pode ser leve ou ausente na hepatite viral aguda Visão geral da hepatite viral aguda É a inflamação hepática difusa causada por vírus específicos hepatotrópicos que apresentam diversos modos de transmissão e epidemiologia. Um pródromo viral não específico é seguido de anorexia... leia mais . Perturbações do ciclo do sono ou confusão mental leve resultantes de encefalopatia portossistêmica Encefalopatia portossistêmica A encefalopatia portossistêmica é uma síndrome neuropsiquiátrica que pode se desenvolver em pacientes com doença hepática. Em geral, resulta de elevadas taxas de absorção entérica proteica ou... leia mais podem erroneamente ser interpretadas como demência.
Pontos-chave
Hepatite viral aguda suspeita em pacientes, especialmente pacientes jovens e saudáveis, que têm icterícia aguda, particularmente com um pródromo viral.
Obstrução biliar suspeita devido a câncer em pacientes idosos com icterícia indolor, perda ponderal, massa abdominal e prurido mínimo.
Disfunção hepatocelular suspeita se os níveis de aminotransferase são > 500 U/L e a elevação de fosfatase alcalina é 3 vezes o normal.
Suspeitar de colestase se os níveis de aminotransferase são < 200 U/L e a elevação de fosfatase alcalina é > 3 vezes o normal.
A disfunção hepática é significativa se o estado mental está alterado e coagulopatia está presente.