Diabetes durante a gravidez

(Diabetes gestacional)

PorLara A. Friel, MD, PhD, University of Texas Health Medical School at Houston, McGovern Medical School
Revisado/Corrigido: out 2021
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Fatos rápidos

Os riscos de complicações durante a gravidez nas mulheres que têm diabetes antes de engravidar dependem de quanto tempo o diabetes está presente e se complicações do diabetes, tais como hipertensão arterial e lesão nos rins, estão presentes. A gravidez tende a fazer com que o diabetes (tipos 1 e 2) piore, mas ela não desencadeia nem piora as complicações do diabetes (como danos aos olhos, rins ou nos nervos)

(consulte também Diabetes).

Diabetes gestacional

No mínimo 5% das gestantes apresentam diabetes durante a gravidez. Este distúrbio é chamado de diabetes gestacional. O diabetes gestacional é mais comum entre:

  • Mulheres obesas

  • Mulheres com antecedentes familiares de diabetes

  • Determinados grupos étnicos, especialmente nativos norte-americanos, nativos das ilhas do Pacífico e mulheres de descendência mexicana, indiana ou asiática

Não sendo reconhecido e nem tratado, o diabetes gestacional pode aumentar o risco de problemas de saúde para a gestante e o risco de morte para o feto.

A maioria das mulheres com diabetes gestacional apresentam essa doença porque não conseguem produzir uma quantidade suficiente de insulina. A insulina ajuda a controlar o nível de açúcar (glicose) no sangue. É necessária mais insulina durante a gravidez, pois a placenta produz um hormônio que faz com que o corpo se torne menos suscetível à insulina (um quadro clínico denominado resistência à insulina). Este efeito é particularmente visível no final da gravidez, quando a placenta está dilatando. Assim, o nível de glicose no sangue tende a aumentar. Então, é necessário aplicar ainda mais insulina.

Algumas mulheres até podem ter tido o diabetes antes de engravidar, mas a doença não havia sido detectada antes de elas engravidarem.

Riscos de diabetes durante a gravidez

Se o diabetes não for bem controlado, a probabilidade de ele causar problemas é maior.

Um mau controle do diabetes no início da gravidez aumenta o risco de:

  • Ter um bebê com defeitos congênitos graves

  • Ter um aborto espontâneo

Um mau controle do diabetes no final da gravidez aumenta o risco de:

Bebês nascidos cujas mães têm diabetes tendem a ser maiores do que aqueles nascidos de mulheres sem diabetes. Se o diabetes for mal controlado, os bebês podem ser particularmente grandes. Um feto maior é menos propenso a passar facilmente através da vagina e é mais provável que sofra ferimentos durante o parto normal. Consequentemente, é possível que seja necessário um parto por cesariana. Além disso, os pulmões do feto tendem a se desenvolver mais lentamente.

Os recém-nascidos cujas mães têm diabetes apresentam um risco maior de ter níveis baixos de glicemia e de cálcio e uma alta concentração de bilirrubina no sangue (hiperbilirrubinemia).

Diagnóstico de diabetes durante a gravidez

  • Exames de sangue para medir os níveis de glicose no sangue

A maioria dos especialistas recomenda que os médicos realizem exames de rotina em todas as gestantes, a fim de detectar o diabetes gestacional.

Para verificar se a mulher tem diabetes, o médico primeiro coleta uma amostra de sangue, geralmente após a mulher ter jejuado pelo período noturno, e faz um exame de sangue, tendo como finalidade medir o nível de açúcar (glicose) no sangue.

Porém, a melhor maneira de confirmar o diagnóstico de diabetes é um exame feito em duas etapas que inicia com a ingestão de uma bebida contendo glicose pela mulher. Uma hora depois de a mulher ter ingerido a bebida, o médico coleta e analisa amostras de sangue para determinar se o nível de glicose no sangue se torna excepcionalmente elevado. Se o resultado estiver excepcionalmente elevado, ela recebe outra bebida com uma quantidade ainda maior de glicose. O nível de glicose no sangue é medido novamente depois de três horas. Se o resultado continuar excepcionalmente elevado, é feito um diagnóstico de diabetes. Esse exame é chamado de teste oral de tolerância à glicose (TOTG).

Tratamento de diabetes durante a gravidez

  • Monitorar a mulher e o feto de perto

  • Dieta, exercício e, às vezes, medicamentos para controlar o nível de glicose no sangue

  • Um kit de glucagon (para ser utilizado caso o nível de glicose no sangue fique muito baixo)

  • Às vezes, um medicamento para dar início ao trabalho de parto

Para reduzir o risco de haver problemas, o médico geralmente:

  • Inclui a participação de uma equipe especializada em diabetes (incluindo enfermeiros, um nutricionista e assistentes sociais) e um pediatra.

  • Diagnostica e trata eventuais problemas relacionados à gravidez, não importando quão triviais eles sejam

  • Planeja o parto, no qual um pediatra experiente estará presente

  • Garante que haverá cuidados intensivos à disposição do recém-nascido (se necessário)

Controlar os níveis de glicose no sangue

O risco de complicações durante a gravidez pode ser reduzido pelo controle do nível de glicose no sangue. O nível deve ser mantido o mais próximo do normal possível ao longo da gravidez.

O médico aconselha à mulher com diabetes e que está planejando engravidar a começar a tomar medidas para controlar o nível de glicose no sangue imediatamente se ainda não o tiver feito. Esses passos incluem seguir uma dieta apropriada, exercícios físicos, e, se necessário, ingerir insulina. Alimentos com alto teor de açúcar são eliminados da dieta e as mulheres devem alimentar-se de forma a não adquirir excesso de peso durante a gravidez.

A maioria das gestantes com diabetes são orientadas a medir o nível de glicose no sangue várias vezes por dia em casa com um aparelho de medição da glicose. Se os níveis de glicose no sangue estiverem altos, é possível que a mulher precise tomar hipoglicemiantes orais ou insulina.

Às vezes, o tratamento causa uma redução considerável dos níveis de glicose no sangue (um evento denominado hipoglicemia). A hipoglicemia, se grave, causa confusão e perda de consciência, e isto pode ocorrer a qualquer momento. Se uma mulher estiver propensa a episódios de hipoglicemia (por exemplo, se ela teve diabetes tipo 1 por um longo tempo), recebe um kit de glucagon e ela é ensinada como usá-lo. Glucagon, quando injetado, aumenta os níveis de glicose no sangue. Um membro da família também é ensinado a utilizar o kit. Então, se os sintomas da hipoglicemia grave ocorrerem, a mulher ou o membro da família pode injetar o glucagon.

O controle do diabetes é essencialmente importante ao final da gravidez, quando os níveis de glicose no sangue tendem a aumentar. Uma alta dosagem de insulina é geralmente necessária.

Monitoramento do feto

Frequentemente, aconselha-se à mulher a contar o número de vezes que ela sente o feto se mover por dia. Se tudo estiver bem, ela deve sentir no mínimo dez movimentos (chutes, vibrações ou giros) no prazo de duas horas. Normalmente, o feto se move no mínimo dez vezes por hora. A mulher deve informar ao médico imediatamente se esses movimentos diminuírem repentinamente.

O médico monitora o feto fazendo exames, como o de monitoramento da frequência cardíaca, exames cardiotocográficos ou perfis biofísicos fetais (utilizando ultrassonografia). O monitoramento muitas vezes se inicia às 32 semanas de gravidez ou antes, caso surjam complicações, por exemplo, se o feto não está crescendo tanto quanto o esperado ou se a mulher apresentar hipertensão arterial.

Se algum dos seguintes estiver presente, é possível que o médico colete e analise uma amostra do líquido que rodeia o feto (líquido amniótico):

  • Mulheres que tiveram problemas relacionados com a gravidez em gestações anteriores.

  • A data prevista do parto é incerta.

  • A glicose no sangue não tiver sido bem controlada.

  • Os cuidados durante a gravidez foram inadequados.

  • A mulher não está seguindo o plano de tratamento indicado.

Esse procedimento, denominado amniocentese, ajuda o médico a determinar se os pulmões do feto estão desenvolvidos o suficiente para respirar e isso determina quando o bebê pode nascer em segurança.

Trabalho de parto e parto

Se o trabalho de parto não tiver começado até a 39ª semana, o médico pode iniciá-lo utilizando um medicamento (denominado indução do parto). Se a glicemia não estiver bem controlada ou se a mulher não estiver seguindo o plano de tratamento, é possível que o trabalho seja iniciado já na 37ª semana. Normalmente, o parto normal é possível.

Durante o trabalho de parto, muitas mulheres com diabetes precisam receber uma infusão contínua de contínua de insulina por meio de um cateter inserido em uma veia.

Após o parto

A equipe hospitalar mede os níveis de glicose, de cálcio e de bilirrubina no sangue de recém-nascidos cujas mães têm diabetes, uma vez que esses bebês frequentemente apresentam níveis alterados. Os recém-nascidos também são observados em relação aos sintomas dessas anomalias.

A necessidade de insulina em mulheres com diabetes cai drasticamente logo após o parto. Mas, com aproximadamente uma semana, a necessidade de insulina retorna normalmente para o nível de antes da gravidez.

Após o parto, o diabetes gestacional normalmente desaparece. No entanto, muitas mulheres que têm o diabetes gestacional desenvolvem o diabetes tipo 2 à medida que ficam mais velhas.

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