Dislipidemia

(Hiperlipidemia)

PorMichael H. Davidson, MD, FACC, FNLA, University of Chicago Medicine, Pritzker School of Medicine;
Vishnu Priya Pulipati, MD, Warren Clinic Endocrinology
Revisado/Corrigido: jul 2023
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Fatos rápidos

Dislipidemia significa um nível elevado de colesterol e/ou triglicerídeos ou um nível baixo de colesterol do tipo lipoproteína de alta densidade (HDL).

  • O estilo de vida, a genética, distúrbios (por exemplo, níveis baixos de hormônio da tireoide ou doença renal), medicamentos ou uma combinação entre eles podem contribuir para seu surgimento.

  • Ela pode causar a aterosclerose, que dá origem a ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais e doença arterial periférica.

  • O médico mede os níveis de triglicerídeos e os vários tipos de colesterol no sangue.

  • Atividade física, alterações de dieta e medicamentos podem ser eficazes

(consulte também Considerações gerais sobre distúrbios relacionados ao colesterol e lipídios).

Os tipos de gorduras (lipídios) importantes no sangue são

  • Colesterol

  • Triglicerídeos

O colesterol é um componente essencial das membranas celulares, das células cerebrais e nervosas e da bile, que ajuda o organismo a absorver gorduras e vitaminas lipossolúveis. O organismo utiliza o colesterol para sintetizar a vitamina D e vários hormônios, tais como o estrogênio, a testosterona e o cortisol. O organismo consegue produzir todo o colesterol de que necessita, mas também pode obtê-lo a partir dos alimentos.

Os triglicerídeos, presentes nas células adiposas, podem ser decompostos e, em seguida, usados para fornecer energia para os processos metabólicos do organismo, inclusive o crescimento. Os triglicerídeos são produzidos no intestino e no fígado a partir de moléculas de gordura menores, denominadas ácidos graxos. Alguns tipos de ácidos graxos são produzidos pelo organismo, mas outros precisam ser obtidos de alimentos.

As lipoproteínas são partículas de proteínas e outras substâncias. Elas transportam gorduras, como o colesterol e os triglicerídeos, que não conseguem circular livremente no sangue por si mesmas.

Existem vários tipos de lipoproteínas (consulte a tabela Lipoproteínas: Transportadores de lipídios), incluindo

  • Quilomícrons

  • Lipoproteínas de alta densidade (HDL)

  • Lipoproteínas de baixa densidade (LDL)

  • Lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL)

Os níveis de lipoproteínas e, consequentemente, de lipídios, sobretudo do colesterol LDL (lipoproteínas de baixa densidade) aumentam ligeiramente conforme a pessoa envelhece. Esses níveis são normalmente ligeiramente mais elevados nos homens do que nas mulheres, ainda que nestas comecem a aumentar depois da menopausa. O aumento dos níveis de lipoproteínas que ocorre com o envelhecimento pode resultar em dislipidemia.

O risco de apresentar aterosclerose aumenta conforme aumentam os níveis de colesterol total (que inclui o colesterol LDL, o colesterol HDL e o colesterol VLDL), mesmo que os níveis não sejam suficientemente altos para serem considerados dislipidemia. A aterosclerose pode afetar as artérias que fornecem sangue ao coração (causando doença arterial coronariana), as que fornecem sangue ao cérebro (causando acidente vascular cerebral) e as que fornecem sangue ao resto do corpo (causando doença arterial periférica). Dessa forma, ter níveis de colesterol total elevados também aumenta o risco de ter um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral.

Ter um nível baixo de colesterol total é geralmente considerado melhor do que tê-lo elevado. No entanto, ter níveis de colesterol muito baixos também pode não ser saudável (hipolipidemia).

Embora não exista um ponto de corte natural entre níveis de colesterol normais e alterados, no caso de adultos, um nível de colesterol total inferior a 200 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl [ 5,1 mmol/l]) é desejável. Além disso, muitas pessoas se beneficiam ao manterem níveis de lipídios ainda mais baixos. Em algumas regiões do mundo (tal como China e Japão), onde o nível médio de colesterol é de 150 mg/dl (3,8 mmol/l), a doença arterial coronariana é menos comum do que em países como os Estados Unidos. O risco de um ataque cardíaco é mais que duas vezes maior quando o nível de colesterol total se aproxima de 300 mg/dl (7,7 mmol/l).

O nível de colesterol total é somente um guia geral para classificar o risco de aterosclerose. Os níveis dos componentes do colesterol total – em especial do colesterol LDL e do colesterol HDL – são mais importantes. Um nível elevado de colesterol LDL (ruim) aumenta o risco. A presença de níveis elevados de colesterol HDL (bom) não costuma ser considerada um distúrbio, uma vez que ela diminui o risco de ter aterosclerose. No entanto, a presença de um nível baixo de colesterol HDL (definido como inferior a 40 mg/dl [inferior a 1 mmol/l]) está associada a um risco maior. Um nível de colesterol LDL inferior a 100 mg/dl (2,6 mmol/l) é considerado desejável pelos especialistas.

Ainda não se sabe se níveis elevados de triglicerídeos aumentam o risco de ataque cardíaco ou de acidente vascular cerebral. Níveis de triglicerídeos superiores a 150 mg/dl (1,7 mmol/l) são considerados alterados, mas a presença de níveis elevados não parece causar um aumento no risco para todas as pessoas. No caso de pessoas com níveis elevados de triglicerídeos, o risco de ataque cardíaco ou de acidente vascular cerebral aumenta se elas também apresentarem níveis de colesterol HDL baixos, diabetes, doença renal crônica ou muitos parentes próximos que tiveram aterosclerose (histórico familiar).

Ter níveis elevados de colesterol HDL, o colesterol bom, pode ser benéfico e sua presença não é considerada um distúrbio. O nível que é demasiadamente baixo aumenta o risco de aterosclerose.

A lipoproteína (a) é uma combinação de LDL com outra proteína presa a ela. A presença de níveis superiores a aproximadamente 30 mg/dl (ou 75 nmol/l) está associada a um risco maior de ter aterosclerose. A tendência a ter níveis elevados é hereditária. Os níveis de lipoproteína (a) não são afetados pela dieta ou pela maioria dos medicamentos hipolipemiantes. Geralmente, ela precisa ser medida apenas uma vez.

Tabela

Causas da dislipidemia

Os fatores que causam dislipidemia são categorizados em

  • Causas primárias: Causas genéticas (hereditárias)

  • Causas secundárias: Estilo de vida e outras causas

Tanto a causa primária como a secundária contribuem para dislipidemia em graus variados. Por exemplo, uma pessoa com hiperlipidemia hereditária pode ter níveis de lipídios ainda mais altos se ela também tiver causas secundárias de hiperlipidemia.

Dislipidemia primária (hereditária)

As causas primárias incluem mutações genéticas que fazem com que o organismo produza um excesso de colesterol LDL ou de triglicerídeos ou não consiga remover essas substâncias. Algumas causas envolvem subprodução ou remoção excessiva de colesterol HDL. As causas primárias tendem a ser hereditárias e, portanto, é um problema familiar. Algumas das causas genéticas da dislipidemia são abordadas tanto aqui como em outras partes do MANUAL.

Os níveis de colesterol e triglicerídeos são mais elevados em pessoas com dislipidemias primárias, que interferem no metabolismo do organismo e na eliminação de lipídios. Também é possível que a pessoa herde a tendência de ter um colesterol HDL excepcionalmente baixo.

As consequências das dislipidemias primárias podem incluir aterosclerose prematura (em homens com 55 anos de idade ou menos, em mulheres com 60 anos de idade ou menos), que pode causar angina ou ataques cardíacos. A doença arterial periférica também é uma consequência, e ela costuma causar a diminuição do fluxo sanguíneo nas pernas, com dor ao caminhar (claudicação). O acidente vascular cerebral é outra possível consequência. A presença de níveis de triglicerídeos muito elevados pode causar pancreatite.

Em pessoas que têm doença genética que provoca níveis de triglicerídeos elevados (tais como hipertrigliceridemia familiar ou hiperlipidemia familiar combinada), certos distúrbios e substâncias podem causar o aumento dos triglicerídeos a níveis extremamente elevados. Exemplos de distúrbios incluem diabetes mal controlada e doença renal crônica. Exemplos de substâncias incluem consumo excessivo de álcool e uso de determinados medicamentos, como estrogênios (tomados por via oral) que aumentam os níveis de triglicerídeos.

Os sintomas podem incluir depósitos de gordura (xantomas eruptivos) na pele, na parte da frente das pernas e parte de trás dos braços, aumento do baço e do fígado, dor abdominal e diminuição da sensibilidade ao toque devido a danos nos nervos. As dislipidemias primárias podem causar pancreatite, que ocasionalmente é fatal.

Limitar o consumo de gordura (para menos de 50 gramas por dia) pode ajudar a evitar danos aos nervos e a pancreatite. Perder peso e não consumir álcool também pode ajudar. Os medicamentos hipolipemiantes podem ser eficazes.

Hiperlipidemia combinada familiar

Na hiperlipidemia familiar combinada, os níveis de colesterol, de triglicerídeos ou de ambos podem ser elevados. Esse distúrbio afeta cerca de 1% a 2% das pessoas. Os níveis de lipídios costumam ficar alterados depois dos 30 anos de idade, mas às vezes, em pessoas mais jovens, sobretudo aquelas com excesso de peso, que seguem uma dieta com alto teor de gordura ou que têm síndrome metabólica.

O tratamento da hiperlipidemia familiar combinada inclui a limitação do consumo de gorduras saturadas, colesterol e açúcar, além de praticar exercícios e, se for o caso, perder peso. Muitas pessoas com esse distúrbio têm de tomar medicamentos hipolipemiantes.

Disbetalipoproteinemia familiar

Na disbetalipoproteinemia familiar, os níveis de colesterol de lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL), de colesterol total e de triglicerídeos estão elevados. Esses níveis são elevados, porque ocorre o acúmulo de uma forma anômala de VLDL no sangue. Os depósitos de gordura (xantomas eruptivos) podem se formar na pele dos cotovelos e joelhos e nas palmas, onde eles podem causar vincos amarelos. Esse distúrbio incomum resulta no desenvolvimento precoce de aterosclerose grave. Na meia-idade, a aterosclerose frequentemente causa obstruções nas artérias coronarianas e periféricas.

O tratamento da disbetalipoproteinemia familiar inclui atingir e manter o peso corporal recomendado e limitar o consumo de colesterol, gorduras saturadas e carboidratos. Frequentemente, são necessários medicamentos hipolipemiantes. Através do tratamento, os níveis de lipídios podem melhorar, o avanço da aterosclerose pode ser retardado e os depósitos de gordura na pele podem se tornar menores ou desaparecerem.

Hipercolesterolemia familiar

Na hipercolesterolemia familiar, o nível de colesterol total é elevado. É possível que uma pessoa tenha herdado um gene anômalo ou tenha herdado dois genes anômalos, um do pai e um da mãe. As pessoas que têm dois genes anômalos (homozigotos) serão mais gravemente afetadas que aquelas com apenas um gene anômalo (heterozigoto). Aproximadamente uma em cada 200 pessoas é heterozigota e uma em cada 250.000 a um milhão de pessoas é homozigota.

As pessoas afetadas podem apresentar depósitos de gordura (xantomas eruptivos) nos tendões dos calcanhares, joelhos, cotovelos e dedos. Raramente, os xantomas aparecem aos 10 anos de idade. A hipercolesterolemia familiar pode provocar aterosclerose de rápida evolução e morte precoce devido à presença de doença arterial coronariana. A criança com dois genes anômalos pode ter um ataque cardíaco ou angina aos 20 anos de idade, e homens com um gene anômalo frequentemente apresentam doença arterial coronariana entre os 30 e os 50 anos de idade. O risco também é alto em mulheres com um gene anômalo, mas esse risco costuma surgir aproximadamente dez anos depois que em homens. Fumantes ou pessoas com hipertensão arterial, diabetes ou obesidade podem ter aterosclerose ainda mais cedo.

O tratamento da hipercolesterolemia familiar começa por seguir uma dieta pobre em gorduras saturadas e colesterol. Se aplicável, é aconselhável perder peso, deixar de fumar e aumentar a atividade física. Normalmente, é necessária a administração de um ou mais medicamentos hipolipemiantes. Algumas pessoas precisam realizar uma aférese, que é um método de filtração do sangue para reduzir os níveis de colesterol LDL. O transplante de fígado pode beneficiar algumas pessoas com hipercolesterolemia familiar heterozigótica. O diagnóstico precoce e o tratamento podem diminuir o risco elevado de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral.

Hipertrigliceridemia familiar

Na hipertrigliceridemia familiar, os níveis de triglicerídeos são elevados. Esse distúrbio afeta aproximadamente 1% das pessoas. Em algumas famílias afetadas por esse distúrbio, a aterosclerose tende a surgir na juventude, mas em outras não.

Perder peso e, caso necessário, limitar o consumo de álcool e de carboidratos, costuma causar a redução dos níveis de triglicerídeos até os níveis normais. Se estas medidas forem ineficazes, o uso de medicamentos hipolipemiantes pode ajudar. No caso de pessoas com diabetes, é importante ter um bom controle do diabetes.

Hipoalfalipoproteinemia

Na hipoalfalipoproteinemia, o nível de colesterol HDL é baixo. Muitas anomalias genéticas diferentes podem causar níveis baixos de HDL. Uma vez que os medicamentos que aumentam o colesterol HDL não diminuem o risco de ter aterosclerose, a hipoalfalipoproteinemia é tratada por meio da redução do colesterol LDL.

Deficiência de lipoproteína lipase e deficiência de apolipoproteína CII

A deficiência de lipoproteína lipase e a deficiência de apolipoproteína CII são doenças raras causadas pela falta de certas proteínas necessárias para remover partículas que contêm triglicerídeos. Nesses distúrbios, o organismo não consegue remover os quilomícrons da corrente sanguínea, resultando em níveis muito elevados de triglicerídeos. Sem tratamento, os níveis são, muitas vezes, muito superiores a 1.000 mg/dl (11 mmol/l) e podem causar pancreatite.

Os sintomas aparecem durante a infância e a idade de adulto jovem. Incluem

  • Crises recorrentes de dor abdominal

  • Aumento do volume do fígado e do baço

  • Nódulos amarelo-rosados na pele dos cotovelos, joelhos, nádegas, costas, na frente das pernas e na parte de trás dos braços

Essas tumefações, denominadas xantomas eruptivos, são depósitos de gordura. O consumo de gorduras piora os sintomas. Ainda que esse distúrbio não dê origem à aterosclerose, ele pode causar a pancreatite, que ocasionalmente é fatal.

As pessoas que apresentam esses distúrbios devem limitar rigidamente a quantidade de todos os tipos de gordura, seja ela saturada, insaturada ou poli‑insaturada, da dieta. É possível que a pessoa precise tomar suplementos vitamínicos para compensar a ausência de nutrientes na dieta. Algumas terapias estão sendo desenvolvidas para o tratamento da deficiência de lipoproteína lipase e da deficiência de apolipoproteína CII.

Dislipidemia secundária

Causas secundárias contribuem para muitos casos de dislipidemia.

A causa secundária mais importante de dislipidemia é

  • Um estilo de vida sedentário com consumo excessivo do número total de calorias, de gordura saturada, colesterol e gorduras trans (consulte a barra lateral Tipos de gordura)

Outras causas secundárias comuns incluem:

Algumas pessoas são mais sensíveis aos efeitos da dieta do que outras, mas a dieta afeta em algum grau a maioria das pessoas. Uma pessoa pode comer grandes quantidades de gordura animal e o nível de colesterol total não subir acima dos níveis desejáveis. Outra pessoa pode seguir uma rigorosa dieta de baixo teor de gordura e o colesterol total não cair abaixo de um nível elevado. Esta diferença parece ser principalmente determinada geneticamente. A composição genética da pessoa influencia a taxa em que o organismo produz, usa e elimina essas gorduras. Além disso, o tipo de corpo nem sempre prevê os níveis de colesterol. Algumas pessoas com sobrepeso têm níveis de colesterol baixos e algumas pessoas magras têm níveis elevados. Ingerir calorias em excesso pode resultar em níveis de triglicerídeos altos, assim como o consumo de álcool em grandes quantidades.

Você sabia que...

  • O tipo de corpo não prevê os níveis de colesterol. Algumas pessoas com sobrepeso têm níveis de colesterol baixos e algumas pessoas magras têm níveis de colesterol altos.

Alguns distúrbios fazem com que os níveis de lipídios aumentem. Ter diabetes mal controlado ou doença renal crônica pode causar o aumento dos níveis de colesterol total ou de triglicerídeos. Algumas doenças hepáticas (em especial a cirrose biliar primária) e a presença de uma glândula tireoide hipoativa (hipotireoidismo) podem causar o aumento dos níveis de colesterol total.

O uso de medicamentos, como estrogênios (tomados por via oral), contraceptivos orais, corticosteroides, retinoides, diuréticos tiazídicos (até certo ponto), ciclosporina, tacrolimo e medicamentos antivirais usados para tratar a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e AIDS pode causar o aumento dos níveis de colesterol e/ou triglicerídeos.

O tabagismo, a infecção pelo HIV, o diabetes mal controlado ou os distúrbios renais (tais como síndrome nefrótica) podem contribuir para o nível de colesterol HDL baixo. Medicamentos como betabloqueadores e esteroides anabolizantes podem reduzir o nível de colesterol HDL.

Sintomas da dislipidemia

Os níveis elevados de lipídios no sangue normalmente não provocam sintomas. Ocasionalmente, quando os níveis são extremamente elevados, a gordura se deposita na pele e nos tendões e forma nódulos denominados xantomas eruptivos. Às vezes, surgem anéis brancos ou cinza opacos na margem da córnea. A presença de níveis de triglicerídeos muito elevados pode causar o aumento do fígado ou do baço, provocar sensação de formigamento ou queimação nas mãos e pés, dificuldade para respirar e confusão e pode também aumentar o risco de ter pancreatite. A pancreatite pode causar dor abdominal grave e ocasionalmente ser fatal.

Sintomas da dislipidemia
Xantomas no tendão calcâneo
Xantomas no tendão calcâneo
Os xantomas no tendão calcâneo representam um diagnóstico de hipercolesterolemia familiar.

Imagem cedida por cortesia do Dr. Michael H. Davidson

Xantomas no tendão
Xantomas no tendão
Os xantomas no tendão representam um diagnóstico de hipercolesterolemia familiar.

Imagem cedida por cortesia do Dr. Michael H. Davidson

Xantoma eruptivo
Xantoma eruptivo
As pessoas que têm grandes elevações de triglicerídeos podem apresentar xantomas eruptivos no tronco, costas, cotovelos... leia mais

© Springer Science+Business Media

Xantelasma na pálpebra
Xantelasma na pálpebra
Xantelasma consiste em placas branco-amareladas nas pálpebras e nos cantos do olho. Às vezes, os xantelasmas estão pres... leia mais

Imagem cedida por cortesia do Dr. Michael H. Davidson

Xantelasma (pálpebra)
Xantelasma (pálpebra)
Esse homem tem crescimentos cutâneos amarelados nas pálpebras superiores, o que pode ser um sinal de níveis de colester... leia mais

© Springer Science+Business Media

Diagnóstico da dislipidemia

  • Exames de sangue para medir os níveis de colesterol

Exames de sangue para medir os níveis de colesterol

Os níveis de colesterol total, colesterol LDL, colesterol HDL e triglicerídeos – perfil lipídico – são medidos em uma amostra de sangue. Visto que o consumo de alimentos ou bebidas pode provocar um aumento temporário dos níveis de triglicerídeos, a pessoa deve ficar em jejum por, no mínimo, 12 horas antes de a amostra de sangue ser coletada.

Quando os níveis de lipídios no sangue forem muito elevados, são realizados exames de sangue especiais para identificar o distúrbio específico subjacente. Distúrbios específicos incluem vários tipos de doenças hereditárias (dislipidemias hereditárias) que dão origem a diversas anormalidades lipídicas e apresentam riscos diferentes.

Você sabia que...

  • Margarinas feitas principalmente de óleo líquido (margarina em embalagens de apertar ou em tubos) e as que contêm estanóis ou esteróis vegetais, ao contrário das margarinas em bastão, são substitutos mais saudáveis para a manteiga para pessoas que precisam limitar seu consumo de manteiga.

Triagem para dislipidemia

O perfil lipídico em jejum analisa os níveis de colesterol total, triglicerídeos, colesterol LDL e colesterol HDL após a pessoa ter ficado em jejum durante 12 horas. Os médicos costumam realizar esse exame a cada cinco anos a partir dos 20 anos de idade como parte da avaliação para determinar se a pessoa corre o risco de ter doença arterial coronariana.

Além de medir os níveis de lipídios, o médico também realiza exames preventivos quanto à presença de outros fatores de risco para doença cardiovascular, como hipertensão arterial, diabetes ou histórico familiar de níveis altos de lipídios.

No caso de crianças e adolescentes, a realização de exames preventivos com perfil lipídico em jejum é recomendada para crianças entre dois e oito anos de idade se ela tiver fatores de risco, como uma pessoa na família com dislipidemia grave ou que tenha tido doença arterial coronariana quando ainda jovem. Em crianças sem fatores de risco, os exames preventivos com perfil lipídico sem jejum costumam ser feitos uma vez antes de a criança alcançar a puberdade (geralmente entre os nove e os onze anos de idade) e mais uma vez mais quando tiver com 17 a 21 anos de idade.

Tratamento da dislipidemia

  • Perder peso

  • Exercício

  • Reduzir gorduras saturadas na dieta

  • Frequentemente, medicamentos hipolipemiantes

Normalmente, o melhor tratamento para perder peso para pessoas com excesso de peso é deixar de fumar, se forem fumantes, reduzir a quantidade total de gorduras e colesterol na dieta, aumentar a atividade física e, caso necessário, tomar medicamentos hipolipemiantes.

A atividade física regular pode ajudar a diminuir o nível de triglicerídeos e a aumentar o nível de colesterol HDL. Um exemplo é andar em passo rápido durante, no mínimo, 30 minutos todos os dias.

O tratamento de crianças pode ser desafiador. A Academia Americana de Pediatria (American Academy of Pediatrics) e o Instituto Nacional do Coração, Pulmão e do Sangue (National Heart, Lung, and Blood Institute) recomendam o tratamento de algumas crianças com níveis de lipídios elevados. Fazer mudanças na dieta é recomendado. Medicamentos hipolipemiantes podem ser administrados a crianças com níveis de lipídios muito altos que não respondem às alterações da dieta, particularmente crianças com hipercolesterolemia familiar.

Dieta redutora de lipídios

Uma dieta com um baixo teor de gordura saturada e colesterol pode reduzir o nível de colesterol LDL. No entanto, as pessoas com níveis de triglicerídeos elevados também precisam evitar consumir quantidades grandes de açúcar (seja em alimentos ou bebidas), farinha refinada (por exemplo, a usada na maioria dos produtos comerciais assados) e alimentos ricos em amido (por exemplo, batata e arroz).

O tipo de gordura consumida também é importante (consulte Tipos de gordura). As gorduras podem ser saturadas, poli-insaturadas ou monoinsaturadas. As gorduras saturadas aumentam em maior grau os níveis de colesterol do que as outras formas de gordura. As gorduras saturadas não devem fornecer mais que 5% a 7% do total de calorias consumidas por dia. As gorduras poli-insaturadas (que incluem gorduras ômega 3 e ômega 6) podem ajudar a reduzir os níveis de triglicerídeos e de colesterol LDL no sangue. O teor de gordura da maioria dos alimentos está indicado no rótulo da embalagem.

Grandes quantidades de gorduras saturadas estão presentes nas carnes, na gema do ovo, nos laticínios integrais, em algumas nozes (tais como nozes de macadâmia) e no coco. Os óleos vegetais contêm quantidades menores de gordura saturada, mas apenas alguns óleos vegetais têm teor realmente baixo de gorduras saturadas.

A margarina, que é produzida a partir dos óleos vegetais poli-insaturados, normalmente é um substituto mais saudável da manteiga, a qual contém teor elevado de gordura saturada (cerca de 60%). No entanto, as margarinas em bastão (e alguns tipos de alimentos processados) contêm gorduras trans, que podem aumentar os níveis de colesterol LDL (ruim) e reduzir os níveis de colesterol HDL (bom). As margarinas feitas principalmente de óleo líquido (margarinas em embalagens de apertar ou em potes) contêm menos gordura saturada que a manteiga, não contêm colesterol e contêm menos gorduras trans que as margarinas em bastão. As margarinas (e outros produtos alimentícios) que contêm estanóis ou esteróis vegetais podem diminuir ligeiramente os níveis de colesterol total e de colesterol LDL.

Recomenda-se consumir muitas verduras, frutas e grãos integrais, que naturalmente têm um baixo teor de gordura e não contêm colesterol. Também são recomendados alimentos ricos em fibra solúvel, pois estes retêm as gorduras no intestino e ajudam a reduzir o nível de colesterol. Tais alimentos são farelo de aveia, farinha de aveia, feijão, ervilhas, farelo de arroz, centeio, frutas cítricas, morangos e polpa de maçã. O psílio, geralmente tomado para aliviar a constipação intestinal, também pode diminuir o nível de colesterol.

Você sabia que...

  • Comer farelo de aveia, farinha de aveia, feijão, ervilhas, farelo de arroz, centeio, frutas cítricas, morangos e polpa de maçã pode ajudar a reduzir o colesterol.

Tabela

Medicamentos hipolipemiantes

O tratamento com medicamentos hipolipemiantes depende não só dos níveis de lipídios, mas também da presença ou não de doença arterial coronariana, diabetes ou outros fatores de risco importantes para doença arterial coronariana. No caso de pessoas com doença arterial coronariana ou diabetes, o risco de ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral pode ser reduzido pelo uso de medicamentos hipolipemiantes denominados estatinas. O uso de medicamentos hipolipemiantes também pode beneficiar as pessoas com níveis de colesterol muito altos ou que apresentam outros fatores de alto risco para ter ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral.

Existem diferentes tipos de medicamentos hipolipemiantes:

  • Estatinas

  • Inibidores da absorção de colesterol

  • Aglutinantes de ácido biliar

  • Inibidores da PCSK9 (pró-proteína convertase subtilisina/kexina tipo 9)

  • Derivados do ácido fíbrico

  • Suplementos de gorduras ômega 3

  • Niacina

  • Ácido bempedoico

Cada um destes tipos reduz os lipídios por mecanismos diferentes. Assim, os diferentes tipos de medicamentos têm diferentes efeitos colaterais e podem afetar os níveis de lipídios de formas diferentes. Recomenda-se seguir uma dieta com poucas gorduras saturadas quando se está tomando medicamentos.

Os medicamentos hipolipemiantes fazem mais do que apenas reduzir o nível de lipídios – eles também podem prevenir a doença arterial coronariana. Além disso, as estatinas demonstraram que contribuem para a redução do risco de morte precoce.

É possível que pessoas com níveis muito elevados de triglicerídeos e que correm o risco de ter pancreatite precisem tanto de mudanças na dieta como de medicamentos redutores de triglicerídeos, geralmente fibrato ou ácidos graxos ômega 3 obtidos com receita.

Tabela

Procedimentos para reduzir o colesterol

Procedimentos médicos que reduzem os níveis de colesterol são reservados para pessoas com níveis muito elevados de colesterol LDL que não apresentam resposta à dieta ou ao uso de medicamentos hipolipemiantes. Essas pessoas incluem aquelas com hipercolesterolemia familiar. O procedimento que costuma ser realizado com mais frequência é a LDL‑aférese. A LDL‑aférese é um procedimento não cirúrgico pelo qual o sangue da pessoa é removido e o componente LDL é separado do resto do sangue por uma máquina especial. Depois disso, o sangue (sem o componente LDL) é devolvido à pessoa.

Tratamento das causas do colesterol elevado

Qualquer quadro clínico que causar ou for um fator de risco para o aumento dos níveis de colesterol também precisa ser tratado. Portanto, as pessoas com diabetes devem controlar cuidadosamente os níveis de glicose no sangue. A doença renal, a doença hepática e o hipotireoidismo também são tratados. Se um medicamento estiver causando o aumento nos níveis de colesterol, é possível que o médico receite uma dose mais baixa ou outro medicamento à pessoa.

Monitoramento do tratamento

Os médicos normalmente realizam exames de sangue dois a três meses depois do início do tratamento para determinar se os níveis de lipídios estão diminuindo. Depois de os níveis de lipídios terem diminuído o suficiente, o médico realiza exames de sangue uma ou duas vezes por ano. Atualmente, os médicos não utilizam mais alvos específicos para níveis de lipídios. Em vez disso, eles tentam alcançar uma determinada redução percentual nos níveis de lipídios, normalmente entre 30% e 50%.

Uma vez que alguns medicamentos hipolipemiantes podem, às vezes, causar problemas musculares e hepáticos, o médico normalmente realiza exames de sangue quando a pessoa inicia a terapia medicamentosa. Então, se a pessoa apresenta efeitos colaterais, os valores iniciais (basais) estão disponíveis para comparação.

Mais informações

  1. Healthy Children: Cholesterol Levels in Children and Adolescents: Um site para pais, patrocinado pela Academia Americana de Pediatria, que fornece informações sobre níveis saudáveis de colesterol para crianças e adolescentes, informações sobre triagem e dicas de dieta

  2. National Heart Lung and Blood Institute: Blood Cholesterol: Fornece informações sobre maneiras de manter níveis saudáveis de colesterol no sangue

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